segunda-feira, 13 de julho de 2015

VISITAR A ILHA DO PICO - AÇORES

O que visitar nos Açores, Roteiro completo para visitar a Ilha do Pico, Açores

O MELHOR DA ILHA DO PICO EM TRÊS DIAS:

.DIA 1

As primeiras horas deste dia foram tudo menos tranquila, uma vez que naquela manhã, na altura que deveríamos deixar S.Miguel, o mau tempo que se fazia sentir parecia não permitir a nossa chegada em segurança à Ilha do Pico. Segundo nos foi transmitido pelo pessoal de terra do aeroporto de Ponta Delgada, o nosso voo iria sair com algum atraso e muito provavelmente seguiria para a cidade da Horta na ilha do Faial. 
Obviamente criou-se logo ali muita confusão, que foi sanada em poucos minutos por alguns funcionários que com a devida paciência tentaram explicar aos passageiros de que do Faial seguiríamos de barco para o Pico, com os gastos do transbordo a serem assumidos pela companhia "Sata".

Com todo este imbróglio a nossa viagem para a ilha do Pico acabou por se transformar numa longa aventura de quase cinco horas quando não deveria ter levado mais de sessenta minutos. Obviamente o atraso teve o condão de condicionar os planos que havíamos traçado para o primeiro dia.


Já passava das três da tarde quando o ferry que nos transportou desde a cidade da Horta atracou no porto da cidade da Madalena.
Desembarcámos debaixo de um céu carregado de nuvens escuras e num instante estávamos ao volante do carro que havíamos reservado previamente na Auto Ramalhense, a agência que melhores tarifas nos apresentou.
Devido ao atraso, o dia de hoje estava praticamente perdido e pouco ou nada conseguiríamos aproveitar. Ainda assim decidimos que não iríamos ficar parados e dadas as circunstâncias a melhor opção para este final de tarde foi dar-mos um "saltinho" à Gruta das Torres.    


Por ser 
o mais longo tubo de lava existente na ilha e em todo o território Português, este era um dos locais que mais curiosidade nos despertava e mesmo sabendo de ante mão que seria complicado conseguirmos uma vaga de ultima hora no "tour" de hoje, resolvemos arriscar.
Chegámos, e ao ver a indicação "tour full" confirmámos as nossas desconfianças, dando o entusiasmo rapidamente lugar ao desalento. Mesmo assim não baixámos os braços e numa derradeira tentativa dirigimo-nos à receção onde, com alguma boa vontade do funcionário ali presente, conseguimos que nos encaixassem na próxima visita. Pagámos os devidos ingressos e quase de imediato fomos conduzidos para uma sala onde à semelhança do que se tinha passado dias antes na gruta do carvão, vimos um curto filme informativo sobre a origem deste e outros tubos de lava existentes no arquipélago. 
Pouco depois e já equipados com capacetes e lanternas chegou a tão aguardada hora de descermos ao interior da terra. O acesso é feito através de um enorme buraco causado pelo abatimento de uma das secções que compõem a gruta.



Já no interior somos literalmente engolidos pela imponência e grandeza do local. A visita é realmente especial visto que ao contrário da gruta do carvão (São Miguel), aqui a iluminação do espaço é somente fornecida pelos feixes de luz libertados pelas lanternas que trazemos connosco.




Apesar do dia não ter começado da melhor maneira, nesta altura todos os pequenos problemas que tivemos já estavam esquecidos. As primeiras horas na ilha do Pico não podiam ter sido melhores.
Depois destes incríveis momentos seguimos na direção de S.Roque do Pico, local onde ficava situado o alojamento que havíamos reservado para a nossa curta estadia.
Neste dia optámos por dormir bem cedo na esperança de que a manhã seguinte nos trouxesse o tão desejado bom tempo, de forma a que conseguíssemos realizar o sonho de subir ao ponto mais alto de Portugal.



.DIA 2

Acordámos de madrugada e ainda com pouca claridade saltámos da cama, corremos para a janela do nosso quarto de onde esperávamos conseguir avistar o Pico. 
As nuvem escuras teimavam em cobrir a totalidade da montanha e quase de imediato percebemos que sob aquelas condições não seria de todo possível realizar a tão desejada ascensão. Assim sendo, reorganizámos os nossos objetivos e traçamos um plano alternativo.


Depois de um reconfortante pequeno almoço, marcámos no mapa o trajeto desejado e, ao volante do nosso Fiat panda, partimos à descoberta da segunda maior ilha do arquipélago.
Nas calmas rumámos até ao centro de S.Roque do Pico onde contávamos visitar o Museu da Industria Baleeira. Pelo caminho cruzámo-nos com um dos muitos moinhos típicos ali presentes que nos obrigou a fazer uma curta pausa.


Chegados a S.Roque seguimos directamente para a zona do porto onde está situado o Museu da Industria Baleeira que por ser domingo tinha entrada gratuita.
Este museu, extremamente bem organizado, 
nasceu no local que noutros tempos existiu uma fábrica onde eram produzidos óleos, fertilizantes, adubos e diversos outros produtos provenientes da gordura extraída dos cachalotes. 
O espaço é, segundo percebemos, um tributo aos antigos baleeiros.


Atualmente encontram-se aqui expostas diversas máquinas que faziam parte da fábrica assim como outros objectos usados pelos pescadores. Numa das secções do museu é igualmente possível ver uma valiosa coleção de fotografias que relembram a época áurea da pesca à baleia.
Felizmente o bom senso tomou conta das pessoas e hoje em dia percebeu-se que estes gigantes do mar são muito mais rentáveis vivos, uma vez que desta forma o lucro obtido com as atividades turísticas é consideravelmente superior.




De São Roque seguimos pela estrada que acompanha o litoral norte da ilha até à pequena localidade de Lajido, situada não muito longe do aeroporto e na qual ainda existem diversas casas típicas, algumas delas abertas ao público.



Foi neste local situado a dois passos do mar que pela primeira vez nos cruzámos com as típicas paisagens vinícolas que caracterizam a ilha.
Graças ao solo rico em nutrientes e ao clima propício, a cultura de vinha teve início no século XV e ainda hoje podem ser vistas um pouco por toda a ilha estas plantações protegidas por muros de pedra vulcânica. 


Seguindo pela mesma estrada e somente alguns minutos depois, fomos novamente obrigados a fazer mais uma pausa. A vila de Cachorro é um dos pontos de paragem obrigatória para quem passa por estas bandas.


Além das habitações típicas nela presentes, destacamos também uma pequena loja que vende licores locais, onde aproveitámos para degustar alguns. Ainda neste pequeno povoado, não deixámos passar a oportunidade de caminhar ao longo dos vários passadiços situados à beira mar e que nos levam até bem perto do tal rochedo em forma de cão que deu o nome à localidade.


Voltamos ao carro e meia dúzia de quilómetros bastaram para alcançarmos a cidade da Madalena, onde tínhamos chegado no dia anterior (quando viemos do Faial) e onde hoje optámos por almoçar.
Com a barriga aconchegada demos um pequeno passeio pela cidade antes de prosseguirmos com o nosso trajecto que nos conduziu à vila da Criação Velha que é segundo percebemos a maior área de produção de vinho da Ilha do Pico.



A extensão das vinhas neste local é realmente assombrosa. São vários quilómetros ocupados por pequenos quintais erguidos com pedra vulcânica de cor negra que contrasta com a terra avermelhada e com o verde das plantações. Este é sem dúvida um dos mais bonitos cartões postais da ilha.


Numa altura em que o calor já se fazia sentir com alguma intensidade, deixámos o carro na pequena vila e caminhámos tranquilamente pelo meio das vinhas. Atravessámos toda a área e sensivelmente a meio cruzámo-nos com mais um bonito e colorido moinho de vento.



Quando alcançámos a costa deparámo-nos com uma paisagem surreal, uma vez que o chão que temos por sob os nossos pés foi outrora ocupado por rios de lava incandescentes. Esta é uma das áreas em que se percebe claramente a origem vulcânica da ilha.
Bem à nossa frente ergue-se a ilha do Faial.




Regressámos ao carro, abandonámos a estrada que segue ao longo do litoral e seguimos por um caminho secundário que acabou por se revelar um dos mais bonitos que percorremos.
Foi a partir deste momento que entrámos num mundo à parte. Um mundo de paisagens pintadas de tons verde, onde a natureza desempenha o papel principal e onde nós por sorte somos os únicos figurantes.



Desde que entrámos nesta estrada tivemos sempre a companhia da grande montanha que se manteve ao nosso lado ao longo de vários quilómetros. Pouco a pouco o Pico foi perdendo a vergonha e quando se sentiu à vontade com a nossa presença, libertou-se do manto de nuvens que o havia mantido escondido durante uma boa parte do dia.
Conseguimos então ter o primeiro vislumbre daquele monstro de pedra que se erguia, imponente, diante dos nossos olhos. Num impulso, tivemos vontade de sair do carro e correr através daqueles campos cobertos de verde, de forma a que o pudéssemos ver mais de perto.
Na impossibilidade de o fazer, detivemos-nos ali, à beira da estrada, e por longos minutos contemplámos em silêncio aquela obra prima criada pela natureza.



Estava na altura de seguir viagem. Continuámos pelo mesmo caminho onde a certa altura fomos temporariamente impedidos de avançar devido a um inesperado engarrafamento de vacas leiteiras. Esgueirámo-nos por uma estrada de terra batida que segundo o mapa nos conduziria ao último destino do dia.


Se momentos antes o sol tinha dado ar da sua graça, agora que chegávamos à Lagoa do Capitão, o nevoeiro 
como que por magia, havia tomado conta da paisagem envolvente. Não sei como será visitar este local com outras condições meteorológicas, mas a verdade é que aquele ambiente de certa forma misterioso acabou por realçar a sua beleza.




Este foi o sitio ideal para terminar o dia e à semelhança do que havia acontecido numa boa parte dos locais que hoje visitámos, também aqui estivemos sempre sozinhos.
Ao segundo dia (ainda que nem tudo tenha corrido como previsto) podemos afirmar que a Ilha do Pico tinha conseguido suplantar todas as nossas expectativas. 



.DIA 3

O despertar foi em tudo idêntico ao do dia anterior. Para variar, o São Pedro resolveu dificultar-nos a vida, mantendo sobre nós um enorme lençol de nuvens cinzentas. Hoje teríamos a nossa última oportunidade de subir à grande montanha, mas com estas condições seria difícil.
Na véspera tínhamos conseguido o número de telefone da casa da montanha (local onde se inicia a ascensão) e antes de sairmos do alojamento achámos que seria melhor ligar para lá de forma a termos informações mais precisas sobre a situação atual. A resposta do simpático senhor que atendeu não podia ter sido mais clara.

-"as condições estão péssimas, está frio e vão com certeza apanhar chuva durante a ascensão."
... e continuou: -"o trilho está aberto e se quiserem podem vir mas sinceramente não aconselho, vão com certeza chegar ao topo todos encharcados...se conseguirem lá chegar!"
Depois desta injeção de energias negativas, rendemo-nos às evidências e decidimos que seria melhor esquecer a ideia de subir à grande montanha.


Uma vez que tínhamos o carro alugado até ao final do dia, decidimos que ainda nessa tarde iríamos seguir viagem para o Faial, aproveitando as horas que nos restavam para conhecer mais um pouco da ilha do Pico. 
Carrega-se o carro com as nossa bagagens, toma-se o pequeno almoço e pouco depois das nove da manhã lançámo-nos à estrada. Deixámos S.Roque e mais uma vez percorremos o caminho que havíamos feito no dia anterior, mas desta vez seguindo na direção de Piedade.


Este percurso é sem dúvida um dos mais fantásticos da ilha. São vários quilómetros de estrada que nos conduzem por caminhos que parecem ter sido tirados de um filme da saga "Parque Jurássico". À nossa volta a paisagem alterna entre planícies e pequenos cones vulcânicos que se encontram cobertos de um incrível manto de vegetação.


Esta estrada é conhecida por passar por uma série de bonitas lagoas que, obviamente, não deixámos de visitar.


A primeira que se cruzou no nosso caminho foi a Lagoa do Landroal da qual optámos por não nos aproximar, uma vez que os terrenos envolventes serviam de pasto a um simpático rebanho de vacas.


Sem grandes dificuldades chegámos primeiro à Lagoa Seca e depois à Lagoa do Caiado, esta última ligeiramente maior que as anteriores, mas a beleza essa, idêntica a qualquer uma delas.



Continuámos pela mesma estrada, sempre maravilhados com o cenário que nos rodeava, parando aqui e ali para tirar fotos. Passámos pela Lagoa dos Grotões e a certa altura chegámos a uma bifurcação, aí virámos à direita e alguns quilómetros depois chegámos à Lagoa do Paul.



Após a breve passagem pela Lagoa do Paul fizemos o caminho no sentido inverso até que chegámos ao local onde momentos antes havíamos feito o desvio, seguindo agora na direção desejada. Avançávamos devagar até porque a estrada não convidava a grandes velocidades, podendo desta forma absorver o máximo daquela paisagem fantástica.
A certa altura chegámos a mais uma bonita lagoa. Depois de uma breve pesquisa percebemos que tínhamos diante nós a Lagoa Rosada, que apesar de ter um caminho que nos permitia chegar mais perto, preferimos contempla-la do alto, de onde tínhamos uma vista mais abrangente. 


Foi já perto da hora do almoço que chegámos à Lagoa do Peixinho que nesta altura e depois de já termos visto tantas, acabou por ser mais do mesmo. Para falar verdade já prestávamos mais atenção ás paisagens do que propriamente ás lagoas.




Logo a seguir, e uma vez que o trajeto se havia prolongado para além do expectável, acabámos por alterar os planos, e em vez de seguirmos na direção da cidade de Piedade (que se situa no extremo este da ilha) resolvemos seguir para sul e rumar directamente ao encontro das Lajes do Pico.
Embora os ponteiros do relógio avançassem mais rápido do que o desejado, ainda tivemos tempo para dar uma volta por esta cidade, que em tempos foi um dos principais polos industriais da caça ao cachalote. Exemplo disso é o bem organizado Museu dos Baleeiros que fizemos questão de visitar.




O acesso ao museu é gratuito ao domingo e pelo que vimos, vale realmente a pena ir conhecer este local que à semelhança daquele onde estivéramos no dia anterior (S.Roque) se encontra extremamente bem concebido. O espólio existente é composto por objectos típicos, fotografias e informações sobre a caça ao cachalote, que durante anos foi a principal atividade das gentes da ilha.



Com a visita ao museu terminada, voltámos ao volante do nosso carro e iniciámos o trajecto que nos iria levar ao porto da Madalena. Seguimos pela estrada que percorre a costa sul e ainda parámos numa mão cheia de locais que achámos interessantes. Destacamos as povoações de SilveiraPonta RasaS.JoãoS.MateusS.Caetano e Candelária.




Quando chegámos ao porto da Madalena já lá estava, como combinado, a funcionária da Auto Ramalhese para recolher o carro.
Com a viatura despachada, pegámos nas mochilas e sem demoras dirigímo-nos ás bilheteiras para comprar o bilhete do ferry para a Horta.
Despedimo-nos da ilha do Pico com o sentimento de que tinha faltado algo para que tudo tivesse sido perfeito. 
O que faltou?
Faltou a subida à grande montanha, que até agora, no momento que lhe dizemos adeus se mantém escondida para lá de uma espessa camada de nuvens...
"Maldita sejas! Podes ter a certeza que iremos voltar e da próxima não escapas..."



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3 comentários:

  1. Amei as fotos, ainda não tive tempo para ler tudo, mas bate certo, o que li, com o que o meu filho me contou (esteve no Pico 10, 11, 12, 13 de Julho!Obrigada pela partilha e pelo bom gosto.
    P.S. Estive em P. Delgada de 4/7 a 9/7. adorei tudo)Maria Clara

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  2. Muito bom.............. Xico Fininho. ahahahah e não sou um Robot...........rssssssssss

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