Não existirão em todo o mundo muitos locais que se assemelhem a Meteora. Esta Região situada a cerca de 350 km's a norte de Atenas, revela-nos através das suas paisagens únicas o quão criativo pode ser o poder artístico da natureza. Antes de lhe apresentarmos este que é um dos mais incríveis locais presentes em território grego, lançamos-lhe o desafio de imaginar um cenário composto por dezenas de formações geológicas naturais que rasgam o solo e de uma forma quase inexplicável se erguem em direção aos céus. Se a essa imagem acrescentar meia dúzia de mosteiros construídos no ponto mais elevado de alguns desses pináculos rochosos e nos quais ainda residem pequenas comunidades de monges e freiras, irá certamente perceber o porquê de termos feito tanta questão de visitar este local.
Optámos por deixar Atenas logo no primeiro comboio do dia. Ao chegarmos à estação ferroviária deparamo-nos com o movimento típico de um dia de semana em que as pessoas de olhar sonolento parecem circular em modo piloto automático, sempre de olhos postos nos ecrãs do seus telemóveis. Quanto a nós, meio perdidos, confirmamos com um funcionário ali presente se a composição para Meteora sai à hora prevista.
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Antes de embarcar, bebe-se um café que nos ajuda a acordar, compra-se uma garrafa de água e numa pequena banca ambulante abastecemo-nos com uma mão cheia de snacks que provavelmente não irão chegar ao final da viagem que temos pela frente.
À hora marcada o comboio arranca. De olhos postos na janela vemos a malha urbana que compõe a capital da Grécia dar lentamente lugar a campos agrícolas cobertos de extensos tapetes verdejantes, a imponentes cadeias montanhosas e a pequenos aglomerados rurais que de certa forma nos fazem lembrar algumas zonas de Portugal.
A carruagem onde seguimos está longe de ir cheia, facto que permite que mudemos de lugar uma e outra vez de forma a conseguir as melhores vistas. Já o tempo parece avançar sem grandes pressas, quase à mesma velocidade das paisagens que desfilam para lá da janela.
A certa altura percebemos que algo se passa e ainda que a mensagem anunciada no sistema sonoro não seja perceptível, damo-nos conta que estamos prestes a alcançar a derradeira paragem desta viagem. Quase de forma instintiva o nosso olhar volta a focar-se no que desfila para lá da janela em busca das míticas formações rochosas que nos fizeram vir até a esta região do país. De súbito, após uma derradeira curva, surge diante nós o tal cenário que um dia nos cativou e que agora servirá de pano de fundo aos passeios que queremos realizar.
A cidade de Kalambaka é a principal porta de entrada da região de Meteora e o local que escolhemos para servir de base durante a nossa visita. Confiantes nas opiniões recolhidas, reservámos um quarto numa pequena guest-house situada a uma curta distância da estação.
Agora sim, livres da bagagem e montados numa scooter, estamos prontos para explorar este pedaço de território de aparência grotesca que assim ao vivo e a cores se revela ainda mais impressionante. De olhos postos na imensidão que nos rodeia faltam-nos não só as palavras para descrever o que vemos, como também respostas que satisfaçam todas as nossas questões.
Que fenómeno terá sido responsável pela criação destas formações rochosas que pouco ou nada se enquadram na paisagem envolvente? Tentamos arranjar mil e uma explicações que de forma lógica façam algum sentido, mas tudo se torna ainda mais confuso quando por entre o denso arvoredo vislumbramos um dos vários mosteiro que heroicamente se equilibra no topo de um pináculo a várias dezenas de metros de altura.
Queríamos obviamente sentir a magia de Meteora e nem por um segundo hesitámos em subir a longa escadaria que conduz os visitantes até às portas do Mosteiro. Centenas de degraus agarrados à vertente rochosa substituem hoje os cestos de metal erguidos por um sistema pouco fiável, que em tempos era a única forma de realizar a ascensão.
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Para além de serem obras de engenharia únicas, os mosteiros são também o porto de abrigo de diversas comunidades religiosas que desde a antiguidade elegeram esta região para se refugiarem e abstraírem do mundo exterior. Atualmente ainda há pequenos grupos de monges e freiras que ocupam estes locais, vivendo numa espécie de clausura parcial, quebrada somente nos momentos em que os mosteiros se encontram encerrados ao público.
No interior destes modestos complexos monásticos, gostámos especialmente de visitar as capelas onde uma infinidade de frescos bem preservados cobrem a maioria das paredes e tetos.
Ao final da tarde, sentados na orla da montanha, fazíamos questão de nos despedir do sol enquanto este se escondia para lá do horizonte. Sem surpresas, Meteora mostra-nos mais uma vez a sua beleza, agora completamente vestida de ouro.
INFORMAÇÕES ÚTEIS:
.COMO CHEGAR
Partindo do princípio de que tem como ponto de partida a cidade de Atenas, as opções para realizar este trajeto são várias e, segundo percebemos, de fácil execução.
- COMBOIO: Este foi o meio de transporte que escolhemos para chegar a Meteora desde a capital da Grécia. Optámos pelo comboio pois percebemos ser a opção que melhor se enquadrava nas nossa pretensões, uma vez que o primeiro serviço do dia é direto e acontece logo pela manhã, permitindo-nos chegar ao nosso destino ainda antes da hora de almoço. Existem outros horários mas todos eles implicam uma ou duas mudanças. No trajeto de regresso a Atenas optámos também pela composição que realiza o serviço direto, mas neste caso com saída ao final da tarde.
- BUS: Ainda que as tarifas praticadas sejam idênticas ao serviço ferroviário, o autocarro pareceu-nos menos confortável e com o inconveniente de terminar o serviço na cidade vizinha de Trikala. A partir daí ainda será necessário apanhar um táxi ou outro autocarro até ao destino final.
- CARRO: Durante a organização na nossa viagem a Meteora, chegámos a considerar alugar um carro, mas as tarifas das empresas de rent a car e a longa viagem (perto de 5 horas) fizeram com que rapidamente puséssemos de lado esta ideia. Ainda assim, e se pretender prolongar a sua estadia para conhecer outros locais situados na região norte do país, esta poderá ser uma opção a ter em conta.
- TOUR ORGANIZADO: Esta será certamente a opção mais dispendiosa o que não significa que possa ser a que melhor experiência lhe proporcionará, uma vez que uma boa parte dos operadores turísticos propõem visitas a Meteora com saída de Atenas às primeiras horas da manhã, regressando no final do mesmo dia ao ponto de partida. Na nossa opinião poderá eventualmente optar por este serviço se o seu tempo for limitado mas prepare-se para um dia longo e cansativo.
.COMO SE DESLOCAR
Poderá fazê-lo a pé, de carro, de mota ou inserido num tour. Uma vez chegado a Mateora não lhe faltarão opções para se deslocar e aproveitar o máximo da sua passagem pela região. No nosso caso, e como nos sentimos à vontade sobre duas rodas, optámos por alugar uma scooter que para além de ser o meio de transporte motorizado mais económico, também se revelou suficiente para conhecer todos os locais presentes no nosso roteiro.
.ONDE DORMIR
Ainda que Meteora não seja o expoente máximo do turismo na Grécia, muitos são os visitantes que não hesitam em incluir esta região no seu roteiro e como tal, as opções de alojamento, são relativamente abundantes quer em Kalambaka quer em Kastraki. A nossa escolha recaiu sobre uma pequena GUEST HOUSE situada a uma curta distância da estação ferroviária e que apesar de modesta se revelou extremamente limpa e confortável. Poderá não ser um local perfeito mas serviu na perfeição os nossos padrões de exigência.
.VISITAR OS MOSTEIROS
São seis os Mosteiros abertos ao público, todos eles acessíveis a pessoas que não apresentem grandes problemas de mobilidade.
É importante não só lembrar que os horários de visita podem variar tendo em conta a época do ano como também o facto de cada mosteiro encerrar num dia especifico da semana.
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