Diário das Viagens: VISITAR LISBOA - ROTEIRO COMPLETO PARA QUATRO DIAS

Apesar de sermos alfacinhas de nascimento e de grande parte da nossa juventude ter sido passada numa das cidades dormitório situadas ao redor da capital, confessamos que enquanto vivemos na região, Lisboa nunca exerceu sobre nós uma qualquer forma de fascínio que justificasse uma maior proximidade. Talvez essa falta de empatia seja justificada pela tendência que temos em não valorizarmos devidamente aquilo que damos por garantido, olhando sempre com mais apetite para o que está para lá do nosso alcance. E de facto, Lisboa estava mesmo ali, à distância de uma curta viagem de comboio. Podíamos visitá-la a qualquer momento, sem que isso implicasse grande esforço.

Contudo as circunstâncias acabaram por se alterar e numa altura em que a vida nos conduziu a outras latitudes, encaramos sempre com agrado um possível regresso ao ponto de partida.

PORQUE (DEVE MESMO) VISITAR LISBOA

Lisboa é bonita, luminosa e com uma personalidade que cativa todos aqueles que a visitam. Para além destes fatores há também a comida, as pessoas, a história e o enquadramento paisagístico.

Não é então por acaso que nos últimos anos a capital de Portugal se destacou no panorama turístico além fronteiras, sendo alvo de diversas distinções internacionais que acabaram por confirmar que Lisboa compete agora diretamente com os principais destinos do velho continente.

De forma merecida a cidade adquiriu um estatuto de eleição que ainda assim nunca a desvirtuou, mantendo-se orgulhosamente fiel não só aos seus princípios como à tão genuína alma bairrista.

QUANDO VISITAR LISBOA

Poucas serão as cidades europeias que se podem gabar de ter um clima idêntico ao de Lisboa. Qualquer que seja a altura do ano a capital de Portugal brinda quem a visita com temperaturas quase sempre agradáveis, ainda que nos meses de verão os termómetros possam, em algumas ocasiões, subir até valores acima da média. No inverno não excluímos a possível ocorrência de períodos de chuva, mas na nossa opinião esse não será definitivamente um factor que condicione os planos de quem chega para fazer turismo.

Lisboa é assim uma espécie de destino ideal que pode e deve ser visitado durante todo o ano.

O QUE VISITAR EM LISBOA - AS NOSSAS SUGESTÕES:

Não é fácil elaborar um roteiro completo para visitar Lisboa sem que o mesmo não se revele de certa forma injusto para com alguns locais que, assim à primeira vista, possam parecer irrelevantes. Tudo na capital portuguesa tem a sua importância, seja ela histórica, cultural, gastronómica ou simplesmente estética. A nossa sugestão é que não resuma a sua visita aos principais monumentos até porque, quem sabe, se numa mal encarada travessa não se deparará com o lado mais genuíno do bairrismo lisboeta. Ainda que as suas pernas reclamem do cansaço, não hesite em subir mais uma colina, pois será certamente aí que se situa o miradouro mais incrível da cidade.

Tenha então em conta que este roteiro é acima de tudo uma lista de sugestões que julgamos ser úteis para organizar a sua visita e o importante é que mantenha uma atitude flexível, deixando que o instinto e a curiosidade tomem conta dos seus passos.

Acredite que só assim conseguirá sentir o melhor que Lisboa tem para lhe oferecer.

.DIA 1

DA BAIXA POMBALINA AOS MAIS BONITOS MIRADOUROS DE LISBOA

Inicie cedo o seu primeiro dia na capital de Portugal e testemunhe a forma como a cidade desperta para mais uma jornada que se anuncia movimentada. A Praça D.Pedro IV à qual todos chamam Praça do Rossio, é na nossa opinião o local ideal para dar início ao nosso passeio. Sente-se por momentos num dos bancos de pedra situados na área mais central deste grandioso espaço público e assista ao corrupio de pessoas que se apressam para tentar chegar a horas ao emprego. Aproveite a sua passagem pelo coração da baixa pombalina para contemplar não só as duas bonitas fontes ali existentes como também a Estátua de D.Pedro IV. Baixe o olhar e sob os seus pés irá encontrar um dos mais incríveis exemplos da típica calçada portuguesa que hoje, tal como no passado, ainda se enquadra na perfeição com toda a paisagem urbana envolvente.

Caminhe até ao extremo norte da praça e aprecie o impressionante edifício que acolhe o Teatro D.Maria II e também os detalhes presentes na fachada da Estação Ferroviária do Rossio, situada uns metros mais adiante.

Praça do Rossio - Teatro de D.Maria II

Praça do Rossio

Estação Ferroviária do Rossio

Siga agora até à movimentada Praça da Figueira que hoje não tem certamente o encanto de outros tempos mas terá o condão de lhe adoçar o palato. Sugerimos então que entre na Confeitaria Nacional e se delicie com o melhor que a doçaria portuguesa tem para oferecer. Acredite que a decisão mais difícil desta manhã será mesmo escolher (entre tantos) qual o bolo que acompanha o seu café.

Praça da Figueira

Com o estômago reconfortado, regresse à Praça D.Pedro IV para desta feita aceder a uma das mais carismáticas artérias da capital. Se pretende eventualmente fazer algumas compras durante a sua passagem por Lisboa, então a Rua Augusta é o local onde encontrará as lojas de algumas das mais conhecidas marcas internacionais. Se o objetivo for somente passear não dê a sua viagem por perdida e entretenha o olhar com a arquitetura das construções centenárias que lhe farão companhia até chegar perto do imponente Arco da Rua Augusta. Suba até ao ponto mais elevado deste monumento erguido aquando da requalificação que a baixa de Lisboa sofreu após o terramoto de 1755 para que consiga ter uma das mais belas vistas sobre esta área da cidade.

Arco da Rua Augusta

O Terreiro do Paço como hoje o conhecemos surgiu igualmente depois do terramoto de 1755 e para além de ser uma das mais bonitas praças da Europa é também uma das principais imagens de marca da capital. Se o seu orçamento o permitir sente-se e beba algo na esplanada do mítico Martinho da Arcada, considerado o mais antigo café da cidade.

Praça do Comércio/Terreiro do Paço

As águas do Rio Tejo estão logo ali, à distância de um pequeno passo. Caminhe então até ao Cais das Colunas e enquanto testemunha o constante vai e vem dos modernos catamarans que fazem a ligação com a margem sul, imagine como seria este local nos séculos XVIII e XIX quando era considerado o ponto de entrada mais nobre da cidade de Lisboa.

Durante os próximos passos deste passeio pela capital, o Rio Tejo será uma companhia quase constante e ainda que por momentos se possa esconder para lá da malha urbana, irá com toda a certeza reaparecer pouco depois numa perspectiva ainda mais incrível. Por agora percorra os escassos metros que o/a separam do renovado Terminal Marítimo do Terreiro do Paço e ainda que não tenha de apanhar o barco para a margem oposta, entre, aprecie a arquitetura e se o tempo estiver de feição, sente-se num dos cadeirões de ferro ali existentes e veja o quão bela a luz de Lisboa pode ser.

Cais das Colunas

Terminal Marítimo do Terreiro do Paço

Abandone o terminal marítimo, atravesse a estrada e num piscar de olhos chegará ao Campo das Cebolas, local onde para além de um agradável espaço verde também se deparará com uma das construções históricas mais sui generis da cidade. A Casa dos Bicos, assim chamada devido ao aspeto da sua fachada, acolhe (no piso térreo) um importante núcleo arqueológico assim como a fundação José Saramago situada nos andares superiores.

Antes de prosseguir o passeio para outras paragens, percorra os poucos metros que o/a separam da Igreja da Nossa Senhora da Conceição Velha e mesmo que não consiga visitar o interior não se preocupe, pois o maior ponto de interesse deste pequeno santuário católico situado na Rua da Alfândega é a magnífica fachada de estilo Manuelino.

Casa dos Bicos

A zona ribeirinha fica (por agora) para trás e as subidas, as descidas, as escadarias e as ladeiras que se seguem vão definitivamente pôr as suas pernas à prova. Aceda ao bairro da Sé através do Arco das Portas do Mar e percorra as labirínticas ruas desta zona que a certa altura o/a levarão até à Igreja de Santa Maria Maior, vulgarmente apelidada de Sé Catedral de Lisboa. Ainda que a visita imponha a compra de um ingresso, achamos que o dinheiro investido justifica a beleza e a importância histórica do local.

Se gosta de Monumentos religiosos sugerimos que visite também a Igreja de Santo António situada a meia dúzia de metros mais abaixo.

Igreja de Santa Maria Maior/Sé Catedral de Lisboa

Este roteiro leva-o/a agora até um dos bairros mais carismáticos de Lisboa. Alfama dispensa apresentações, como tal deixe que seja o seu instinto a traçar o caminho e sem receios percorra as ruas de Alfama como se já fizesse parte deste mundo quase paralelo. Cumprimente quem por si passa, sinta o cheirinho bom da comida que alguém prepara para o almoço, oiça o som dos acordes de guitarra portuguesa que escapam de uma qualquer telefonia ou ajude uma velhota a transportar os sacos das comprar até casa. O bairrismo lisboeta é tudo isto e muito mais.

Quase sem se aperceber já estará frente a frente com a Igreja de São Miguel. Se precisar de descansar as pernas faça-o à sombra das laranjeiras presentes na parte de trás do monumento. Se ainda tem fôlego para aguentar mais uns lances de escadas, siga até ao Miradouro de Santa Luzia onde embalado/a pelos sons de algum artista de rua poderá então fazer uma pausa enquanto desfruta das incríveis vistas sobre esta zona da cidade.

Escadinhas de S.Miguel - Alfama

Miradouro de Santa Luzia

O Miradouro das Portas do Sol situa-se a uma curta distância. Siga até lá e mais uma vez aproveite para alimentar o olhar com a magnífica vista que dali se consegue ter. Diante si, sobre o imenso mar de telhados alaranjados, já se avistam dois dos monumentos que ainda irá visitar no dia de hoje.

Antes de abandonar o local preste homenagem à Estátua de São Vicente que se ergue junto ao quiosque ali presente. Sabia que este é o verdadeiro Santo padroeiro de Lisboa?

Miradouro das Portas do Sol

É pela Rua de São Tomé que deverá seguir para dar continuidade ao seu passeio. Passará primeiro pelo Mural em Homenagem a Amália realizado em calçada portuguesa pelo artista Vhils e logo depois pelo Jardim das Pichas Murchas.

Suba a longa Calçada da Graça e lá bem no alto encontrará a Igreja e o Miradouro da Graça a partir do qual conseguirá ter uma vista panorâmica sobre uma boa parte da baixa da cidade, do Castelo de São Jorge e da Ponte 25 de Abril.

Mural Amália

Miradouro da Graça

Segue-se o Miradouro da Senhora do Monte situado a pouco mais de dez minutos de marcha e a partir do qual (mais uma vez) irá sentir que tem literalmente a cidade de Lisboa a seus pés.

.QUER CONHECER OS MAIS BONITOS MIRADOUROS DE LISBOA? VEJA AQUI A NOSSA SUGESTÃO DE ROTEIRO.

Miradouro da Senhora do Monte

Volte a descer em direção ao Largo da Graça e se não fizer questão de almoçar num local muito sofisticado, sugerimos que faça a sua refeição num dos restaurantes/cervejarias ali existentes. No nosso caso optámos pela Pastelaria A Cabreira onde aconchegámos o estômago com um típico prego no pão acompanhado de uma imperial bem fresquinha.

Inicie a tarde com a visita à Igreja e ao Mosteiro de São Vicente de Fora, este último é, na nossa opinião, um dos locais mais bonitos que terá a oportunidade de conhecer durante a sua passagem pela capital. Para além da imponência arquitetónica, o Mosteiro tem também um importante peso na história da cidade e do país, uma vez que guarda no seu interior os túmulos de quase todos os elementos da dinastia de Bragança assim como o Panteão Patriarcal, local onde estão sepultados os patriarcas de Lisboa desde D.Carlos da Cunha até D.José Policarpo.

Não deixe (mesmo) de passear pelos claustros, de entrar e de se deslumbrar com a decoração da Sacristia, de percorrer com o olhar a maior coleção de azulejos barrocos de Portugal e de subir até ao terraço para conseguir uma incrível vista de 360° sobre a cidade de Lisboa.

O mosteiro merece que lhe dedique toda a sua atenção, por isso não tenha pressa. Guarde pelo menos um par de horas para a visita.

.LEIA AQUI A CRÓNICA COMPLETA SOBRE A NOSSA VISITA AO MOSTEIRO DE SÃO VICENTE DE FORA

Mosteiro de São Vicente de Fora

O dia já vai longo e com tantos locais já visitados até aqui, poderá pensar que nada mais o/a irá surpreender nesta sua passagem por Lisboa. Podemos-lhe desde já garantir que ainda mal começámos e muito mais ainda está para vir.

O Panteão Nacional é outro dos monumentos que não pode de forma alguma ficar de fora do seu roteiro e agora, numa altura em que o caminho é sempre a descer, não deverá precisar de mais de dez minutos para lá chegar.

Depois de transpor a porta de madeira de proporções acima da média, irá com toda a certeza sentir-se pequeno/a perante tamanha grandiosidade, especialmente no momento em que olhar para cima e vir a enorme cúpula que se ergue na área central. Este é um espaço sagrado, como tal percorra-o em silêncio. Para além de apreciar a beleza da decoração envolvente, preste igualmente homenagem a diversas personalidades portuguesas sepultadas um pouco por todo o piso térreo do monumento. Almeida Garrett, Humberto Delgado, Teófilo Braga, Eusébio ou Amália Rodrigues são só alguns dos nomes marcantes ali presentes.

Antes de dar por concluída a visita não deixe de subir até aos pisos superiores de onde irá ter a oportunidade de ver o interior do monumento de uma outra perspetiva. Se achar que ainda não está satisfeito/a e pretender ter uma das mais brutais panorâmicas sobre a cidade, exija só mais um pouco ás suas pernas e suba a longa escadaria de pedra até ao final. Uma vez no terraço, irá perceber que afinal o esforço é quase sempre recompensado com algo de bom.

Panteão Nacional

Antes de regressar à zona baixa ainda terá tempo para contemplar a cidade a partir do Miradouro de Santo Estêvão e mesmo que a paisagem não lhe pareça tão impressionante como algumas que consigo se cruzaram no o dia de hoje, a verdade é que com o sol já no seu trajeto descendente irá ter o privilégio de testemunhar o momento em que Lisboa se cobre lentamente de tons alaranjados.

Quando achar que está na altura abandone o local, percorra pela última vez as ruas e ruelas do bairro de Alfama e no final, se tiver interesse, despeça-se desta área com uma visita ao Museu do Fado.

Miradouro de Santo Estêvão

O seu primeiro dia em Lisboa aproxima-se rapidamente do fim. Caminhe ao longo da Avenida Infante D.Henrique, passe pelo antigo e mal tratado Chafariz del Rei e termine esta longa jornada sentado/a nas imediações do Cais das Colunas onde poderá assistir a um pôr-do-sol que certamente ficará guardado para sempre na sua memória.

.DIA 2

O CASTELO, OS BAIRROS TÍPICOS E AS RUÍNAS MAIS EMBLEMÁTICAS DA CIDADE

Hoje o dia inicia-se num dos espaços públicos mais multiculturais da cidade de Lisboa. A Praça Martim Moniz, assim como toda a zona envolvente, é o local onde ao longo dos últimos anos se foram estabelecendo diversas comunidades estrangeiras que acabaram por se expandir de tal forma que muitos dos estabelecimentos comerciais ali existentes nos transportam para destinos tão longínquos como a África, China, Índia ou Bangladesh.

Elétrico Carris - Martim Moniz

Para aceder ao carismático Bairro da Mouraria bastará somente entrar numa das ruas laterais e tal como na véspera deixe-se levar pela sua vontade de exploração. Percorra toda esta área sem receios e se a certa altura pretender que a sua experiência seja ainda mais genuína entre e beba uma bica numa qualquer tasca que se cruze no seu caminho. As Escadinhas de São Cristóvão com os seus famosos graffitis, são ponto de passagem obrigatório para quem se passeia pelas ruas labirínticas da Mouraria.

Escadinhas de São Cristovão

O caminho é sempre a subir e o empedrado que cobre grande parte das ruas da zona velha da cidade insiste em não facilitar a deslocação daqueles que optaram por um qualquer tipo de calçado menos confortável. Contudo e caso faça parte deste lote de pessoas, não desespere pois o Castelo de São Jorge é já ali ao virar da esquina e acredite que o esforço vai seguramente valer a pena. Os derradeiros metros serão já realizados de mãos dadas com a imponente muralha e logo depois de transpor o Arco do Castelo, poderá então adquirir o ingresso para aceder a esta antiga fortaleza que testemunhou alguns dos mais importantes acontecimentos históricos da cidade de Lisboa.

Miradouros, muralhas, ruínas de outras épocas e torres fortificadas são só alguns dos pontos de interesse presentes no interior do complexo.

Castelo de São Jorge

Diz o ditado português que a descer todos os Santos ajudam e irá perceber isso no trajeto que o/a levará desde o castelo de São Jorge até à baixa da cidade. Aí, e se aprecia monumentos religiosos, visite primeiro a Igreja de Santa Maria Madalena e depois a Igreja de São Nicolau, dois bonitos exemplos da reabilitação que Lisboa sofreu após o terramoto de 1755. O passeio continua e os seus passos levam-no/a agora até à Rua do Ouro e ao histórico Elevador de Santa Justa que num piscar de olhos o/a transportará até às imediações do Largo do Carmo.

Igreja de Santa Maria Madalena

Para além do chafariz presente no centro desta bonita praça, foque igualmente a sua atenção nas ruínas do antigo Convento do Carmo que mantêm a mesma aparência desde que Lisboa foi praticamente destruída pelo terramoto de 1755. Sugerimos (mesmo) que visite este monumento único, onde as pedras que heroicamente resistiram ao violento abalo são a prova mais evidente de que a imperfeição pode na realidade ser perfeita. Aceda ao interior do complexo e de imediato terá diante si uma visão quase surreal que parece desafiar as leis da gravidade. Alinhadas em paralelo verá diversas colunas de mármore encabeçadas por uma mão cheia de arcos que de uma forma inexplicável se mantêm suspensos sobre o céu azul que por agora faz as vezes de telhado. Depois deste impacto inicial percorra todo o espaço, e guiado/a pelo panfleto que lhe foi fornecido à entrada, vá desvendando alguns segredos escondidos nas paredes do monumento. No final faça uma visita ao primeiro Museu Arqueológico do país.

Museu do Convento do Carmo

Não levará mais de um par de minutos para chegar à Rua Garrett. Passe pelos Armazéns do Chiado e caminhe na direção oposta até à Basílica de Nossa Senhora dos Mártires que apesar da sua aparência austera merece que lhe faça uma curta visita. Uns metros mais adiante sente-se na esplanada do café A Brasileira que hoje ainda mantém bem presente o charme e elegância da Lisboa de outros tempos.

Café A Brasileira

Basílica de Nossa Senhora dos Mártires

Seguem-se mais dois monumentos religiosos. A Igreja de Nossa Senhora da Encarnação e a Igreja de Nossa Senhora do Loreto dos Italianos passam muitas vezes despercebidas a quem se passeia pelo Chiado mas acredite que o/a vão impressionar pela beleza da decoração interior.

Ao chegar à Praça Luís de Camões o seu olhar irá inevitavelmente fixar-se na estátua do antigo poeta português que se ergue no centro, mas na nossa opinião o maior e mais belo ponto de interesse deste movimentado espaço está no enorme "tapete" de calçada portuguesa que se alonga sobre os pés de todos aqueles que por ali passam.

Igreja de Nossa Senhora do Loreto dos Italianos

Igreja de Nossa Senhora da Encarnação

Praça Luís de Camões

Ainda que não se aperceba, está neste momento numa das zonas altas da cidade e o próximo objetivo é chegar bem perto das águas do Rio Tejo que hoje têm andado um pouco longe dos caminhos que temos percorrido.

Dirija-se então até à Rua da Bica de Duarte Belo e caso pretenda dar algum descanso ás suas pernas desça esta que é considerada uma das mais bonitas ruas da capital a bordo do Elevador da Bica, que de forma constante realiza o trajeto entre este ponto e a Rua de São Paulo.

Rua da Bica de Duarte Belo

Se achar que já está na altura de petiscar algo, faça um pequeno desvio e vá até ao Time Out Market Lisboa e aconchegue o estômago com as mais recentes tendências da gastronomia portuguesa num dos locais mais trendy da capital. Depois desta breve viagem a uma Lisboa que se tenta adaptar aos novos tempos, sugerimos que se mantenha no mesmo registo e faça mais uma pausa na colorida Rua Nova do Carvalho e perceberá o porquê de toda a gente lhe chamar Pink Street.

Rua Nova do Carvalho - Pink Street

O dia já vai longo. Aproveite os últimos raios de sol enquanto se passeia na bem cuidada Doca da Ribeira das Naus, uma área que foi recentemente requalificada e que pelo seu enquadramento paisagístico é o sítio ideal para abrandar o ritmo e recuperar algumas das energias gastas durante estes dois dias.

Poderá eventualmente pensar em dar por terminado o passeio neste agradável local mas a verdade é que ainda temos mais uma mão cheia de sugestões que irão enriquecer ainda mais a sua passagem pela cidade.

Passe então pela Praça do Município onde para além do edifício da Câmara Municipal de Lisboa irá também ter a oportunidade de apreciar outro bonito exemplo da típica calçada portuguesa.

Praça do Município

Mais uns metros e chegará à Praça do Comércio que sem surpresas lhe lançará novo convite para acrescentar alguns retratos ao seu já bem composto álbum fotográfico. Continue pela Rua da Prata e em menos de nada estará de regresso à movimentada Praça do Rossio que agora terá um aspeto bem mais composto que aquele que testemunhou na véspera. Com O Teatro D.Maria II à sua frente, mantenha-se à direita e assim que entrar no Largo de São Domingos convidamo-lo/a a fazer um brinde com uma Ginginha, naquele que é um dos mais antigos estabelecimentos comerciais da cidade.

Ginginha - Largo de São Domingos

Aproveite a proximidade e antes de prosseguir faça uma visita à Igreja de São Domingos que no seu interior ainda tem bem presentes os vestígios do incêndio que ali ocorreu no ano de 1959.

É na Rua das Portas de Santo Antão que irá encontrar um dos segredos mais bem guardados da capital. A Casa do Alentejo é a indicação que tem de procurar e ainda que à primeira vista o local lhe pareça banal, acredite que no momento em que atravessar aquela pequena porta de madeira iniciará uma agradável viagem que o/a levará até ao exotismo das regiões da Andaluzia ou do Norte de África.

Casa do Alentejo

Deixe para trás esta espécie de oásis de tranquilidade e volte às bem preenchidas ruas da capital. Com o devido cuidado atravesse a Praça dos Restauradores, dirija-se para a Calçada da Glória e prepare-se então para conhecer uma das zonas mais animadas de Lisboa. Pode chegar ao Bairro Alto a pé ou utilizando o Elevador da Glória que para além de se revelar uma agradável experiência também poupará as suas pernas a mais uma desgastante caminhada.

Praça dos Restauradores

Calçada da Glória

Antes de se lançar à procura de um local para jantar, e se ainda for a tempo, vá até ao Miradouro de São Pedro de Alcântara e assista ao momento em que a cidade se ilumina com milhares de pontos de luz.

A noite cai e agora sim, está pronto/a para forrar o estômago com uma deliciosa refeição. Sem pressas percorra as ruas cheias de vida do Bairro Alto em busca do restaurante que mais lhe convém.

E depois? Depois deixe que seja Lisboa a comandar as próximas horas...

Vai ver que ela não o/a irá desapontar!

Miradouro de São Pedro de Alcântara

.DIA 3

BELÉM E O IMPORTANTE PASSADO HISTÓRICO LIGADO AOS DESCOBRIMENTOS

A zona de Belém e todos os monumentos históricos nela presentes são por si só motivo suficiente para que lhe dediquemos pelo menos um dia deste roteiro pela cidade de Lisboa.

Se o alojamento que escolheu se situar na baixa da cidade desloque-se até à Estação do Cais do Sodré e apanhe o comboio até Belém, local onde passará uma boa parte do dia.

Já em Belém e a uma curta distância da gare ferroviária, encontrará aquela que será provavelmente uma das construções mais arrojadas da cidade e que nasceu para acolher o MAAT (Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia). Mesmo que opte por não entrar não deixe de passear pela área envolvente, apreciando não só a sua aparência futurista como também a forma sóbria como se enquadra na paisagem ribeirinha.

Sempre à beira rio caminhe a curta distância que o/a separa da Estação Fluvial de Belém e aí, através da ponte pedonal, cruze a linha férrea e chegue em segurança ao histórico Museu Nacional dos Coches. A valiosa coleção de coches e berlindas que outrora se encontravam exposta no antigo Picadeiro Real foi recentemente transferida para este espaço construído propositadamente para o efeito e que permite ao visitante uma maior proximidade e entendimento de cada uma das peças expostas.

.LEIA AQUI A CRÓNICA COMPLETA SOBRE A NOSSA VISITA AO MUSEU NACIONAL DOS COCHES

Museu Nacional dos Coches

Atravesse o Jardim Afonso de Albuquerque, passe em frente do Palácio Nacional de Belém e antes de prosseguir com o passeio faça uma pausa nos Pastéis de Belém para se deliciar com um dos mais valiosos tesouros da doçaria portuguesa.

Se gosta de destinos e ambientes exóticos então não deixe de visitar o Jardim Botânico Tropical onde encontrará diversos exemplares de plantas e árvores das mais diversas regiões do planeta.

De entre todos os monumentos presentes nesta área, o Mosteiro dos Jerónimos é indiscutivelmente a obra que mais se destaca e por consequência um dos locais mais procurados pelos visitantes.

Mesmo que a longa fila possa eventualmente fazê-lo/a mudar de ideias, mantenha-se firme aos planos traçados e com um pouco de paciência conseguirá concretizar o seu objectivo.

Ainda que a Igreja do Mosteiro e toda a arquitetura nela presente justifique só por si a longa espera, a verdade é que o complexo guarda no seu interior outros locais que merecem ser descobertos. Para além dos túmulos de Vasco da Gama, Luís de Camões, Infante D. Henrique ou Fernando Pessoa, não deixe também de visitar o imponente claustro que segundo alguns entendidos na matéria é um dos mais belos do mundo.

Jardim Afonso de Albuquerque - Mosteiro dos Jerónimos

Mosteiro dos Jerónimos

O Museu Nacional de Arqueologia e o centenário Museu da Marinha, instalados numa área exterior do Mosteiro, são igualmente opções a ter em conta se quiser aprofundar um pouco mais o seu conhecimento pela história e pelo passado da cidade e do país.

Quer tenha seguido ou não a nossa sugestão anterior, o passeio continua agora com uma agradável passagem pelo Jardim da Praça do Império onde o grande ponto de interesse é sem dúvida a monumental fonte situada no centro deste bem cuidado espaço verde. Compre um gelado num dos vendedores ambulantes ali presentes e sente-se num dos bancos de pedra de onde já avistará o monumento que iremos visitar de seguida.

Depois desta pausa, atravesse a linha férrea usado a passagem subterrânea e assim que voltar ao nível do solo estará literalmente aos pés de outro dos grandes monumentos presentes nesta zona da cidade e que nos recorda o passado do país ligado às viagens marítimas.

Sobre um gigantesco painel de calçada portuguesa ergue-se o não menos impressionante Padrão dos Descobrimentos que homenageia não só a expansão ultramarina dos navegadores portugueses, como também o Infante D.Henrique, considerado o grande impulsionador das descobertas. Se pretender ter as melhores vistas sobre Belém e toda a área envolvente, suba então ao ponto mais alto do monumento e deslumbre-se com o que os seus olhos vão testemunhar.

Padrão dos Descobrimentos

Padrão dos Descobrimentos - Torre de Belém

Talvez por esta altura o seu estômago já reclame algum aconchego. Se for o caso sugerimos que almoce na Cervejaria Portugália, uma das cadeias de restauração mais antigas do país e que se notabilizou por confecionar o famoso bife com molho de manteiga e mostarda, acompanhado de batata frita e ovo. Uma delicia...

A tarde inicia-se com uma breve caminhada até à Torre de Belém. Esta fortaleza que outrora serviu de ponto de defesa, é atualmente uma das imagens de marca da capital e por consequência bastante procurada pelos turistas que pretendem conhecer o melhor que Lisboa tem para oferecer. Ainda assim, e depois de já a termos visitado por diversas vezes, achamos que a sua aparência exterior é incomparavelmente mais atrativa que o conteúdo que se esconde para lá das paredes de pedra. A visita fica obviamente ao seu critério mas se decidir ficar só a apreciar a paisagem, faça-o sentado/o nos degraus que ali beijam as águas do Rio Tejo.

Torre de Belém

Siga agora até ao Monumento aos Combatentes do Ultramar que presta homenagem a todos aqueles que perderam a vida numa guerra sem qualquer sentido e que poderia muito bem ter sido evitada.

Monumento aos Combatentes do Ultramar

Se esta manhã, aquando da sua chegada a Belém, se impressionou com a aparência arrojada do Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, o seu olhar irá com toda a certeza voltar a brilhar quando chegar aos terrenos ocupados pela Fundação Champalimaud. Se gosta de fotografia este é um ótimo local para testar as suas apetências, uma vez que poderá jogar com as diferentes perspectivas e enquadramentos que o local proporciona.

Regresse ao Jardim Afonso de Albuquerque e de seguida suba a Calçada da Ajuda até alcançar o Palácio Nacional da Ajuda que durante a segunda metade do século XIX foi a residência oficial da família real portuguesa. A visita a este local repleto de memórias irá revelar-se uma autêntica viagem ao passado, uma vez que as suas salas ainda se mantêm adornadas com o mobiliário e os objetos usados aquando da ocupação real. Irá certamente gostar da Sala do Despacho, da Sala da Música, do Quarto do Rei, da Sala Rosa, do Quarto da Rainha e da Sala de Jantar.

Palácio Nacional da Ajuda

.A CRÓNICA COMPLETA SOBRE A NOSSA VISITA AO PALÁCIO NACIONAL DA AJUDA PODE SER LIDA AQUI.

A sua passagem pelo Palácio Nacional da Ajuda marca o final de mais um dia neste nosso roteiro pela cidade de Lisboa. Realize então o caminho de volta à Estação Ferroviária de Belém, apanhe o comboio e, se ainda tiver energias, fique-se pela zona das Docas de Santo Amaro, onde poderá jantar e prolongar a animação num dos muitos bares e discotecas ali existentes.

.DIA 4

VISITE A VILA DE SINTRA E FAÇA UMA VIAGEM A UM MUNDO DE FANTASIA

Sintra é terra de sonhos e se durante a sua passagem pela região de Lisboa tiver um dia extra, não perca a oportunidade de conhecer esta pequena vila situada a uma curta distância da capital. Para chegar, e caso não tenha uma viatura ao seu dispor, precisará então de apanhar o comboio na Estação do Rossio.

A viagem tem uma duração de cerca de uma hora e apesar da paisagem urbana que consigo se cruzará não ser muito apelativa, mantenha as expectativas pois Sintra irá com toda a certeza compensá-lo/a de forma generosa.

Para evitar as enchentes sugerimos que suba de imediato ao Palácio da Pena, que logo a partir das 9:30 já regista um número considerável de visitantes. Comece a visita pelo interior e tente que nenhum detalhe escape à sua atenção. Uma após outra vá percorrendo as várias salas e salões nobres decorados de forma exuberante e nas quais ainda é possível ver diversas peças de mobiliário da época. No final e já no exterior, caminhe ao redor desta espécie de cenário de conto de fadas e tirando partido do contraste entre os tons vermelhos e amarelos que cobrem as paredes do complexo, registe o momento com uma mão cheia de fotografias.

Palácio da Pena

O Castelo dos Mouros situado no topo de um dos picos da Serra de Sintra é outro dos locais que não pode de forma alguma ficar de fora do roteiro de quem quer conhecer esta zona. Se no passado esta antiga fortaleza foi um importante ponto de defesa, hoje o local tira mais uma vez partido da localização estratégica para atrair visitantes que percorrem as suas muralhas em busca das melhores vistas não só para o Palácio da Pena como também sobre a vila.

Castelo dos Mouros

Por entre a densa vegetação que cobre as encostas da Serra encontrará mais um valioso tesouro. A misteriosa Quinta da Regaleira será com toda a certeza um dos locais que mais gostará de visitar durante a sua passagem por Sintra. Não tenha pressa pois o complexo é enorme e acredite que não lhe faltarão locais para explorar. Destacamos os Jardins, os lagos, as grutas, o palacete e claro, o mítico poço ao qual poderá aceder através de uma escadaria em espirar que o conduzirá até ao seu ponto mais profundo.

Quinta de Regaleira

Sintra parece fazer questão de o/a continuar a surpreender e assim que chegar ao Palácio de Monserrate irá mais uma para vez ser transportado/a para uma espécie de mundo encantado que tem como peça central um exuberante edifício de arquitetura mourisca. Todo o bom gosto presente na decoração deste espaço parece ter sido alargado aos jardins circundantes, adornados com inúmeros exemplares botânicos trazidos um pouco de todo o mundo.

Palácio de Monserrate

Já no centro da pitoresca vila, aproveite para visitar o Palácio Nacional de Sintra que a partir do século XV foi o local escolhido pela realeza portuguesa para se refugiar do calor que se fazia sentir em Lisboa durante os meses de verão.

Se a aparência exterior chama a atenção devido ao par de chaminés de proporções fora do comum, as peças históricas e as salas que encontrará no interior dar-lhe-ão a oportunidade de aprimorar ainda mais o seu conhecimento sobre o passado da desta região.

Palácio Nacional de Sintra

Volte às ruas de Sintra, dê um curto passeio por entre o bem cuidado casario que abraça o centro histórico e antes de se despedir, faça uma pausa na famosa pastelaria A Piriquita onde com toda a certeza não vai resistir a comer um dos mais tradicionais doces da região.

Pastelaria A Piriquita

Muitos outros locais mereciam certamente fazer parte deste roteiro mas na nossa opinião todos os que nele estão presentes serão mais que suficientes para justificar uma visita à capital de Portugal. Esperamos que as nossas sugestões ajudem na organização da sua viagem a esta que é considerada uma das mais bonitas

cidades do mundo.

ALGUNS LOCAIS QUE PODERÁ VISITAR EM LISBOA E ARREDORES:
Visitar o Palácio dos Marqueses de Fronteira
Visitar o Museu Nacional dos Coches
Visitar o Palácio Nacional da Ajuda
Um dia para conhecer os mais bonitos miradouros de Lisboa
Visitar as Misteriosas Cascatas de Sintra
Visitar o Mosteiro de São Vicente de Fora

OUTRAS CIDADES QUE VAI GOSTAR DE VISITAR EM PORTUGAL:
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quarta-feira, 4 de agosto de 2021

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