Dublin dificilmente encantará no primeiro encontro. A capital da Irlanda apresenta-se em tons cinzentos e sem monumentos imponentes que se destaquem num qualquer retrato para as redes sociais. Contudo nem tudo é mau e sem que nada lhe seja exigido a cidade vai-se revelando muito mais atrativa que a camada superficial que salta de imediato à vista, e depois, quando aprofundamos o nosso conhecimento, acaba mesmo por nos mostrar que afinal até é merecedora da nossa aprovação.
Achamos então que o importante é chegar sem ideias pré-concebidas e aos poucos irá deparar-se com as cores que julgava não existirem e com os monumentos que apesar de pouco vistosos lhe contarão detalhes de um passado tão rico quanto emocionante.
E é talvez essa a sua maior riqueza. Dublin é dona de uma história milenar, que ao longo dos séculos testemunhou diversos episódios conturbados que acabaram por ter um impacto direto no seu povo que, apesar de simpático, parece não ter predisposição para se alongar muito numa qualquer conversa de ocasião.
Ainda assim o orgulho nas suas raízes é por demais evidente e apesar da sua longínqua fundação pelos povos Vikings, Dublin é hoje uma metrópole moderna, de olhos postos no futuro e que cumpre com distinção os objetivos impostos por uma Europa em permanente atualização.
Para além do caráter herdado dos seus antepassados nórdicos, a capital da Irlanda mantém também ainda bem vivos os ritmos Celtas tão característicos desta região e que todas as noites animam o ambiente de muitos dos pub's presentes na mítica área de Temple Bar.
O QUE VISITAR EM DUBLIN
AS NOSSAS SUGESTÕES:
.DIA 1
Partindo do princípio que irá optar pelo autocarro para realizar o trajeto entre o aeroporto e o centro da capital da Irlanda, esta sugestão de roteiro por Dublin tem início na principal e mais movimentada artéria da cidade. A O'Connell Street acolhe ao longo dos seus mais de 600 metros algumas das mais conceituadas lojas de marcas de moda mundiais. Mas como não foi certamente para fazer compras que veio até Dublin, sugerimos então que lance o seu olhar para a gigantesca estrutura pontiaguda que se ergue na parte central desta avenida. Este imponente monumento é apelidado de The Spire e encontra-se a dois passos do GPO, o edifício que acolhe o posto de correios que em 1916 foi o principal local dos violentos protestos do povo irlandês contra o domínio britânico.
Siga para sul e quando alcançar o Rio Liffey não atravesse a Ponte de Pedra que tem diante si. Mantenha-se na margem esquerda e sem pressas caminhe sobre o passadiço de madeira que o conduzirá até à mais conhecida ponte desta área. A Ha Penny Bridge é o local ideal para atravessar o rio e chegar à margem oposta onde se situa o famoso bairro de Temple Bar, local onde poderá fazer uma pausa e (caso queira) beber uma cerveja num dos muitos pub's ali existentes. Ainda que por agora o ambiente animado que caracteriza esta zona esteja longe do seu auge, não deixe de percorrer as ruas empedradas que ao final da tarde se irão encher de pessoas em busca de alguma diversão.
O passeio leva-nos agora até ao Castelo de Dublin, mas antes, sugerimos-lhe que não deixe de passar e entrar no bonito edifício que acolhe o Town Hall.
Para aceder ao complexo do castelo transponha uma das entradas que ladeiam o Bedford Hall e que o conduzirão a um enorme pátio abraçado por um conjunto de edifícios que ao longo dos anos testemunharam alguns dos acontecimentos históricos mais importantes da cidade e do país. Ainda que o acesso seja limitado, é possível percorrer algumas áreas do complexo de onde se destacam os aposentos reais, o salão de baile e por fim a Royal Chapel que só por si merece a visita.
Na parte traseira do castelo existe um bonito espaço verde criado no que em tempos foi uma zona de pântanos onde se estabeleceu uma comunidade de Viking's que segundo os registos haveria de estar na origem do primeiro aglomerado habitacional da cidade que hoje conhecemos. Este local tem o nome de Dubh Linn Garden.
Caso pretenda enriquecer um pouco mais a sua passagem por Dublin poderá visitar a Chester Beatty Library situada à esquerda da entrada principal do jardim.
O próximo ponto de interesse deste nosso roteiro encontra-se a pouco mais de cinco minutos de marcha. Dos vários templos religiosos presentes na cidade, a Christ Church Cathedral (Catedral da Santíssima Trindade) não deverá de forma alguma ficar de fora da lista de quem pretende conhecer o melhor que Dublin tem para oferecer a quem a visita. Para além do interior, destacamos não só o jardim que envolve o complexo mas também a bonita passagem superior que o liga à Igreja de S. Miguel. Segundo percebemos, esta última é atualmente ocupada por uma exposição interativa à qual foi dado o nome de Dublina.
Neste primeiro dia de visita optámos por não nos afastar muito da zona mais central da cidade. Se é amante de arquitetura e procura um excelente exemplo de estilo Vitoriano, então não deverá (mesmo) deixar de passar pela área que rodeia o George's Street Arcade. Dê uma volta inteira ao quarteirão e caso o seu estômago já exija algum aconchego, então este é definitivamente um ótimo local para almoçar.
Depois de reconfortar (ou não) o estômago, sugerimos que caminhe na direção da Saint Andrew's Church, que apesar de estar um pouco negligenciada não deixa de se destacar por entre a paisagem citadina de Dublin. Se tal como nós também encontrar a Igreja encerrada, não dê a sua viagem por perdida e aproveite a sua presença no local para fazer meia dúzia de fotografias da Estátua de Molly Malone, uma figura carismática que ganhou alguma notoriedade na história da cidade.
A jornada já vai longa e por esta altura as suas pernas já poderão eventualmente exigir algum descanso. Aproveite então o final deste primeiro dia em Dublin para conhecer um dos muitos espaços verdes da cidade e, sem grandes pressas, passeie-se por entre os muitos campos relvados que compõem o Merrion Square Park.
Dê uma volta inteira ao espaço e talvez se depare com a icónica Estátua de Oscar Wild.
Antes de se despedir desta área não deixe de percorrer algumas das ruas que abraçam o jardim, pois acredite que este é o melhor local para apreciar as famosas Casas Georgianas com as suas portas coloridas.
Com o chegar da noite, e dependendo do seu estado de espírito, poderá (ou não) querer acrescentar alguma diversão a este dia que por si só já terá motivos de sobra para mais tarde recordar.
Se fizer questão de enriquecer um pouco mais a sua estadia na capital da Irlanda, sugerimos que regresse ao bairro de Temple Bar de forma a sentir o verdadeiro ambiente boémio dos pub's irlandeses. Acredite que opções não faltam...
.DIA 2
Ainda que a noite anterior se tenha prolongado até altas horas, hoje não convém ficar a dormir para além do aceitável se pretende tirar o máximo partido do pouco tempo que tem disponível.
O primeiro local que sugerimos visitar neste segundo dia em Dublim fica situado um pouco distante da zona mais central, e para que não exija demasiado da suas pernas logo pela manhã, o melhor mesmo é apanhar o Bus 13 ou 40 que o levará sem grandes aventuras desde a O'Connell Street até bem perto do Kilmainham Gaol Museum.
Esta antiga prisão, usada durante mais de um século, é atualmente um dos principais museus da cidade, dando a conhecer ao visitante diversos detalhes quase macabros das atrocidades ali praticadas.
Depois da visita abandone a prisão e faça nova pausa um pouco mais adiante. O local escolhido para dar continuidade ao nosso passeio por Dublin é o Museu Irlandês de Arte Moderna que pela beleza dos seus jardins merece que lhe dedique pelo menos alguns momentos de atenção. O acesso ao interior do museu ficará obviamente ao seu critério.
Quinze minutos é o tempo que precisará para que alcance o imponente complexo industrial de um dos mais marcantes produtos irlandeses. É para lá dos grandes muros de tijolo que abraçam o quarteirão que se encontra o local de produção da conhecida cerveja Guinness.
Ao que apurámos, a experiência na Guinness Storehouse é interessante uma vez que o visitante tem a oportunidade de conhecer um pouco do processo que dá origem a esta famosa bebida, e no final, como não poderia deixar de ser, ainda tem direito a degustar uma cerveja bem fresquinha no incrível bar panorâmico situado no último piso do edifício principal.
Por muito que quiséssemos realizar a visita resolvemos não avançar, uma vez que achámos o preço (22 euros) um pouco inflacionado para os nossos padrões.
No momento que chegar à Saint Patrick's Cathedral já andará muito perto da área e de alguns locais que visitou no dia anterior. Ao avistar a incrível imponência do monumento poderá sentir-se tentado a entrar de imediato para ver o que se esconde para lá das paredes gastas pelo tempo, contudo aguarde um pouco e aproveite o ambiente tranquilo que se vive no bem arranjado jardim que rodeia o templo.
Satisfaça então a sua curiosidade e penetre num dos mais bonitos monumentos da cidade. Os detalhes, os vitrais, as estátuas, e cada uma das pedras tumulares ali existentes são verdadeiros testemunhos dos mais de 800 anos de história desta obra que segundo percebemos é o maior templo religioso do país.
Uma visita a Dublin nunca ficaria completa sem uma passagem pela mítica Trinity College. A principal universidade da capital irlandesa parece gozar de um enorme prestígio internacional, não só pela qualidade do ensino ali praticado mas também pelo facto de na sua biblioteca estar guardado um dos mais valiosos tesouro da literatura medieval. O famoso Book of Kells é na realidade um manuscrito ilustrado, que contém quatro evangelhos do Novo Testamento e que foi criado por monges Celtas no decorrer do século IX.
Dois dias passaram a correr. Confessamos que antes de chegarmos tinhamos ideias bastante contidas sobre o que iríamos encontrar, contudo, e sem grande esforço, acabámos por perceber que afinal a capital da Irlanda até tem suficientes pontos de interesse que com toda a certeza justificariam uma estadia mais demorada. Depois desta agradável surpresas sabemos que iremos regressar e quem sabe se da próxima vez não alargamos a nossa visita a outras zonas do país?
Por agora, e enquanto não nos lançamos numa aventura pelas estradas da Irlanda, esperamos que este roteiro seja suficiente para despertar em si o desejo de ficar a conhecer o melhor que Dublin tem para oferecer.
INFORMAÇÕES ÚTEIS:
.DO AEROPORTO PARA O CENTRO DA CIDADE
O Aeroporto Internacional de Dublin situa-se a cerca de 10 Km's do centro da cidade e apesar de não estar generosamente servido de soluções de transporte, percebemos que ainda assim o viajante recém chegado tem ao seu dispor opções suficientes para alcançar o seu destino sem grandes dificuldades.
- AUTOCARRO PÚBLICO: Este foi o meio de transporte que escolhemos para nos deslocarmos entre o Aeroporto e a cidade de Dublin. As carreiras 16 e 41 partem de forma frequente do Terminal 1 entre as 6:00 e as 23:00 e realizam o trajeto até à O'Connell Street em cerca de 45 minutos. A tarifa para este serviço é de 3,30 euros e é paga diretamente ao motorista (não esquecer de levar o montante exato).
- AIRLINK SHUTTLE BUS: Este serviço, apelidado de AirLink, é relativamente mais rápido que a opção anterior e tem um custo de 7 euros ida ou 11 euros ida/volta. As carreiras mais populares são 747 e 757 e o ingresso pode ser adquirido on-line ou no aeroporto.
- AIRCOACH BUS: O Aircoach 700 funciona 24/7 e tem uma tarifa base de 8 euros ida ou 14 ida/volta. Dependendo do seu destino final o valor poderá ser superior.
- TÁXI: Se não é adepto de transportes públicos, poderá então optar por realizar o trajeto desde o aeroporto até à porta do hotel que escolheu para a sua estadia em Dublin. O conforto e a rapidez deste serviço tem obviamente um custo. Segundo apurámos, a tarifa media para uma viagem entre os dois pontos nunca será inferior a 25 euros.
.ONDE DORMIR
A capital da Irlanda tem uma larga oferta de alojamento, ainda que nos tenhamos apercebido que dificilmente encontrará um local para pernoitar com uma tarifa abaixo dos 40 euros. Nas nossas viagens optamos, na maioria dos casos, por ficar alojados numa zona central, facilitando dessa forma as deslocações entre o local que escolhemos para dormir e os principais pontos de interesse. Em Dublin não foi exceção e tentando conciliar a localização com conforto e acima de tudo não esticando demasiado o nosso budget, escolhemos o Jacobs Inn Hostel, situado a menos de 10 minutos de marcha da movimentada O'Connell Street. Por uma noite, pagámos 48 euros por um quarto dublo com casa de banho.
.QUAL A MELHOR ALTURA PARA VISITAR
Se não quiser correr o risco da sua visita ser condicionada pelos caprichos da meteorologia, então os meses de verão são definitivamente o melhor período para conhecer a capital da Irlanda. Nessa altura existe menor probabilidade de chuva e ainda que as temperatura não subam a níveis muito elevados o bom tempo é quase sempre garantido.
Setembro e início de Outubro podem igualmente ser opções a considerar embora já haja maior risco de precipitação.
No nosso caso visitámos Dublin no mês de Outubro e apesar das previsões serem pouco animadoras, acabámos por ter alguma sorte com o tempo.
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