O pequeno almoço que contávamos tomar antes de iniciarmos a visita terá de ficar para mais tarde uma vez que por agora os supermercados ou as lojas que nos poderiam eventualmente fornecer a primeira refeição do dia permanecem de portas encerradas.
Na Plaza de Santa Teresa de Jesus as esplanadas que habitualmente povoam o espaço ainda se encontram recolhidas, dando-nos assim uma melhor precessão da beleza, não só da Iglesia de San Pedro mas também da imponente muralha medieval situada na zona oposta. Já com um café na mão, atravessamos a praça tentando não importunar os pombos que num corrupio constante vão depenicando o chão. A uma distância que nos permite uma apreciação mais abrangente, detemo-nos por breves instantes diante a grandiosa Puerta del Alcazar que, por agora, optamos não transpor.
À medida que ganha altura, o sol acaba por romper a densa camada de nuvens que pela manhã cobria grande parte do céu e enquanto percorremos o Passeo del Rastro conseguimos finalmente aquecer o corpo maltratado pelas baixas temperaturas matinais. De mãos dadas com a muralha avançamos de olhos postos nas montanhas que se erguem ao longe e nas quais já é possível ver alguns picos cobertos de neve, anunciado o inverno que por estas latitudes costuma ser rigoroso.
A caminhada até à Puerta de San Isidro fez-se bem e é nesse ponto que acedemos ao interior da grande fortaleza, seguindo sem grandes pressas pelas ruas empedradas do casco antigo que agora já vão mostrando algum movimento. Numa pequena venda compra-se uma baguete e meia dúzia de fatias do típico Jamon que logo ali são convertidas no tão desejado pequeno almoço.
Caminhamos para ocidente e nos metros que se seguem acabamos por não encontrar grandes motivos de interesse que justifiquem uma paragem mais demorada.
Chegamos então à Puerta de la Adaja que nos dá mais uma vez acesso ao exterior da muralha. Os nossos passos levam-nos agora até à Ponte Romana de onde acabamos por conseguir ter bonitas perspectivas de uma boa parte desta zona da muralha. Fazemos uma mão cheia de fotografias sobre esta antiga estrutura que cruza o Rio Adaja e depois, sempre a subir, seguimos até um dos mais incríveis miradouros da cidade.
Apesar de termos lido que as vistas a partir do Mirador Los Cuatro Postes eram fantásticas, nunca imaginámos que se iria transformar num dos locais que mais gostámos de visitar durante a nossa passagem por Ávila.
.LEIA TAMBÉM: VISITAR MADRID - O MELHOR CAPITAL ESPANHOLA EM 2 DIAS
Regressámos à Puerta de la Adaja pois este é um dos pontos de acesso à zona superior da muralha. Se até aqui havíamos circulado aos pés dos enormes muros de pedra da antiga fortaleza, estava agora na altura de caminhar sobre esta incrível construção medieval, percorrendo um dos trechos abertos ao público. Pouco a pouco íamos tendo uma visão mais detalhada das diversas áreas da cidade, dando-nos desta forma a oportunidade de estabelecermos pontos de referência que mais tarde nos ajudariam certamente a orientar por entre o denso casario. A cada passo dado surgiam no nosso campo de visão as Igrejas, os palácios, as ruas e ruelas assinaladas no nosso mapa.
As vistas ao longo do trajeto são verdadeiramente deslumbrantes e no final, antes de voltarmos ao nível do solo, ainda fomos presenteados com a imponência da Catedral de Ávila que nos deixou cheios de vontade de seguir diretamente para o maior templo religioso da cidade.
Não contrariámos os nossos desejos por muito mais tempo e após uma agradável viagem ao passado da cidade proporcionada pelas exposições presentes no Museu de Àvila, fomos então conhecer o interior da Catedral de Ávila que obviamente não desiludiu. Para além da sua importância histórica o monumento destaca-se por ter sido a primeira obra deste tipo a ser executada em território espanhol usando o estilo Gótico. Gostámos especialmente das grandiosas colunas que sustentam a nave central, dos vitrais que nos dias de sol enchem o espaço de pontos coloridos, dos detalhes do coro e do transcoro e do magnífico retábulo que adorna o altar principal.
.LEIA TAMBÉM: VISITAR SEGÓVIA - ROTEIRO COMPLETO
No exterior do templo traçámos um itinerário simples mas que pelos nossos cálculos nos iria manter ocupados até bem perto no final da tarde. Assim sendo e já de olhos postos no próximo ponto de interesse, avançámos em ritmo de passeio pela Calle Reyes Católicos. Pelo caminho faz-se uma pausa e compra-se uma pequena caixa das afamadas Yemas de Ávila que acabam por nos adoçar o palato enquanto apreciamos a bonita arquitetura da sempre movimentada Plaza Mercado Chico.
Percorremos este espaço tipicamente castelhano sobre as suas arcadas, parando por diversas vezes para contemplar os bonito edifícios que o compõem. Para além do ambiente descontraído proporcionado pelas várias esplanadas ali presentes, destacamos também a bem arranjada fachada do Ayuntamiento e a Iglesia de San Juan Bautista à qual acedemos por breves instantes.
Seguimos para sul e à medida que nos afastamos da praça os nossos passos voltam a ser envolvidos pela calma quase inexplicável que testemunhámos às primeiras horas da manhã. Depois de passarmos sem grande demora pela Plaza del Rastro, pela Plaza Corral de las Campanas e pela Plaza Pedro Davila fazemos questão de explorar algumas ruas mais interiores onde a vida parece correr completamente indiferente ao incessante corrupio presente a pouco mais de uma centena de metros. Nos parapeitos de algumas janelas ainda permanecem os vasos adornados com vistosas flores que teimam em resistir ás baixas temperaturas, salpicando de cor o caminho que vamos percorrendo.
.LEIA TAMBÉM: VISITAR TOLEDO - ROTEIRO COMPLETO
Quando alcançamos a Plaza de la Santa deparamo-nos com um espaço de dimensões relativamente modestas, dominado pela Igreja de Santa Teresa de Jesus com a sua fachada de estilo barroco.
Antes de entrarmos no templo cruzamo-nos inevitavelmente com a estátua da santa que sentada num bloco de betão parece dar as boas vindas a quem por ali se passeia. Transpomos então um dos portais de pedra que de imediato nos dá acesso ao interior da Igreja que pela sua decoração pouco elaborada não nos cativa de imediato. Sabemos ainda assim que há por ali um local que atrai muitos fiéis e seguindo os passos de um grupo de visitantes conseguimos aceder à divisão onde nasceu Santa Teresa, hoje convertida numa pequena capela.
Ávila é também terra de palácios e por entre aqueles que se atravessaram no nosso caminho, acabámos por só conhecer o Palácio Polentinos, que atualmente acolhe o Museu Militar. A visita é rápida, até porque não passamos do pátio central.
Sempre atentos aos pormenores arquitetónicos continuamos sem hesitações pelos labirínticos caminhos da cidade, agora mais animados pelos jovens que regressam a casa depois de um dia de estudos. A certa altura o nosso olhar é atraído para uma construção de aparência familiar que sobre o casario rasga o intenso azul do céu. Reconhecemos de imediato o bonito Campanário que adorna a muralha nas imediações da Puerta del Carmen. Este era um dos locais que havíamos identificado para fotografar de uma outra perspetiva e bastaram-nos meia dúzia de minutos para estarmos de regresso ao exterior da fortificação, sobre o enorme manto relvado que aconchega praticamente toda a vertente orientada para norte.
Podíamos muito bem ter continuado o passeio para lá dos muros medievais mas confessamos que sentíamos necessidade de ter um contato mais próximo com as ruas de Ávila, ainda que isso implicasse um virar de costas ao incrível cenário que por momentos foi exclusivamente nosso.
Não nos desviámos então da missão de conhecer os restantes locais assinalados no nosso mapa e um pouco a contra-gosto deixámos para trás aquele enorme tapete de relva, regressando ao empedrado que cobre a generalidade dos caminhos do centro histórico.
Quando chegámos à Capilla de Mosén Rubi deparámo-nos com os portões de ferro que dão acesso ao espaço encerrados. Perguntámos a quem por ali passava o porquê daquela situação e se eventualmente nos sabiam informar se o templo abriria mais tarde, mas estranhamente ninguém parecia ter respostas que esclarecessem as nossas dúvidas. Ficámos realmente com pena de não conseguirmos visitar este local, até porque o trazíamos referenciado como um dos pontos de paragem obrigatória para quem está de passagem pela cidade.
Com o sol já na reta final do seu trajeto descendente as ruas mais estreitas são rapidamente engolidas pelas sombras, um sinal que deveremos aligeirar o passo em direção aquele que definimos como derradeiro destino desta nossa curta estadia em Ávila.
A viagem é curta e pouco antes das quatro da tarde já aguardamos sentados nos degraus da Basílica de San Vicente, que segundo as informações recolhidas abrirá portas não tarda nada. Sem atrasos e ao ritmo das badaladas dos sinos do campanário somos convidados a entrar no mais antigo espaço religioso da cidade que no seu interior guarda algumas pequenas mas bonitas capelas e o espetacular Cenotáfio, uma imponente peça funerária dedicada a São Vicente e às suas duas irmãs.
Sabíamos de antemão que a Basílica seria o local onde encerraríamos a nossa visita à cidade e mantivemo-nos agarrados a este último suspiro, explorando em detalhe cada um dos espaços que compõem o importante templo.
Inevitavelmente fazem-se horas de seguir viagem. A caminho do terminal rodoviário ainda passamos pela Plaza de Santa Teresa de Jesus onde nos abastecemos com meia dúzia de montaditos que nos aconchegarão o estômago enquanto aguardamos pelo autocarro para Segóvia.
INFORMAÇÕES ÚTEIS:
.COMO CHEGAR A ÁVILA
Ainda que isso implique uma viagem relativamente longa, é perfeitamente possível chegar a Ávila de carro tendo como ponto de partida um qualquer local de Portugal. Quanto a nós, e tendo em conta que habitamos na Bélgica, a solução arranjada para alcançar esta bonita cidade foi voar para Madrid, apanhando depois um autocarro que em cerca de uma hora realizou o trajeto entre os dois locais.
.QUAL A MELHOR ALTURA PARA VISITAR ÁVILA
Ávila é uma cidade que se pode visitar em qualquer época do ano apesar de ser preferível planear a sua visita na altura da Primavera ou no Outono. Durante esses períodos não só as temperaturas são mais agradáveis como também existirá uma menor probabilidade de precipitação.
No verão, em especial durante os meses de Julho e Agosto o forte calor que se faz sentir nesta região poderá eventualmente condicionar as visitas. No inverno para além do maior risco de ocorrência de chuva, as baixas temperaturas são presença praticamente garantida, exigindo assim um ou mais agasalhos extra.
Seja como for nenhum destes fatores deverá ser impeditivo para que possa ter uma excelente estadia na cidade de Ávila.
.VALE A PENA ADQUIRIR O ÁVILA CARD?
Se para além de percorrer as bonitas ruas das cidade, o visitante pretender conhecer e visitar os principais monumentos e toda a sua história do passado, então a compra do Ávila Card deverá ser uma opção a ter em conta. O cartão pode ser adquirido no centro de receção de visitantes e tem uma validade de 48 horas.
.Mais informações sobre preços, condições e vantagens do Ávila Card podem ser consultadas AQUI.
-VISITÁMOS A CIDADE DE ÁVILA COM O APOIO DO TURISMO DE ÁVILA
- OUTROS ARTIGOS SOBRE ESPANHA:
- Barcelona - Roteiro para dois dias
- Sevilha - Guia Prático
- Caminito del Rey
- Granada - Guia Prático
- Córdoba - Guia Prático
- Torcal de Antequera
- Roteiro para 12 dias de carro na Andaluzia
- Visitar Madrid - O melhor da capital espanhola em 2 dias
- Segóvia - O que visitar num dia
- Toledo - Roteiro completo para um dia
Sem comentários:
Enviar um comentário