O que outrora já foi um destino turístico de referência no norte de África é hoje uma espécie de soldado moribundo numa guerra que não provocou. As feridas deixadas pela revolução assim como os atentados terroristas contra alguns alvos ligados ao turismo, acabaram por fazer com que a Tunísia se transformasse num local a evitar e muitos daqueles que a viam como uma atraente oportunidade de viagem a preços acessíveis não hesitaram em focar as suas atenções noutros países onde o risco de conflito é teoricamente menor.
Para além da economia do país que tinha no turismo uma fatia significativa das suas receitas, as consequências desta quebra de confiança por parte do visitante estrangeiro são hoje bem visíveis nas estâncias balneares do litoral que devido à fraca ocupação perderam o brilho de outros tempos e alguns dos grandes complexos hoteleiros da região entraram numa espiral negativa que inevitavelmente culminou com o seu encerramento.
O período negro que pairou sobre o país já lá vai e nos últimos anos o governo tunisino tem apostado em mensagens de estabilidade e em campanhas de charme que pouco a pouco vão convencendo o mundo de que a Tunísia é atualmente uma opção segura para quem procura uns dias de descanso na praia, no deserto ou na cidade.
A retoma turística está em marcha e foi tendo em conta um possível aumento da procura sobre este destino que decidimos aproveitar as férias do carnaval para satisfazer uma curiosidade que há diversos anos nos acompanhava.
Queríamos muito conhecer a Tunísia mas o tempo que dispúnhamos era escasso para todas as nossas pretensões. Ao traçar o roteiro pretendido, percebemos de imediato que dez dias não seriam suficientes para conhecer todo o país, razão pela qual optámos por nos focar na região norte, que não sendo a mais bonita é seguramente a que maior diversidade histórica e paisagística apresenta.
De todos os locais que tivemos a oportunidade de visitar durante a curta passagem pelo país, elegemos uma espécie de top 8 que na nossa opinião merecem ser incluídos no roteiro de todos aqueles que tal como nós querem conhecer o melhor que a Tunísia tem para oferecer.
.TUNIS
Tunis foi a primeira paragem na nossa viagem pelo norte da Tunísia. A capital do país é uma cidade moderna, com avenidas largas que a cada final de tarde se enchem de transeuntes. Edifícios como o Teatro Municipal ou a imponente Catedral de S.Vicente de Paulo mostram-nos que a presença francesa ainda parece fazer parte do quotidiano de quem por ali vive. A Bab el Bhar (Porta de França) assinala a fronteira entre a cidade nova e a Medina. Aqui, uma outra atmosfera toma conta de todos os que penetram neste confuso emaranhado de ruas e ruelas nas quais somos convidados a testemunhar o lado mais genuíno das gentes locais. Tal como acontece na maioria das Medinas, são os Souks com o seu ambiente exótico que dão vida à zona antiga da cidade e para nós que somos turistas, é-nos impossível que os nossos sentidos não sejam atordoados pela permanente mistura de cheiros e sabores ali presentes. Comprar uma qualquer lembrança que assinale a passagem pela capital, visitar a Grande Mesquita ou beber um café enquanto assistimos ao pôr-do-sol são só alguns exemplos de experiências obrigatórias para quem se lança à descoberta da área mais carismática da capital.
No final, e antes de rumarmos a outras paragens, não deixámos passar a oportunidade de visitar o incrível Museu do Bardo, que no seu interior guarda inúmeros testemunhos dos tempos em que os romanos ocuparam esta zona do globo.
.CARTAGO
O Terminal Ferroviário Tunis Marine é o ponto de partida para visitar os dois locais que se seguem nesta lista. É sobre carris que vemos a capital ficar para trás, e pouco depois, já com as águas azul turquesa do mar mediterrâneo a servir de pano de fundo, damos início a esta viagem ao passado. Cartago foi ocupada por Fenícios e Romanos e ainda que atualmente pouco reste da antiga cidade, a importância histórica deste local fez com que não hesitássemos em incluí-lo no nosso roteiro. São vários quilómetros de vestígios arqueológicos nos quais e com uma boa dose de imaginação, é possível ter uma vaga ideia de como foi em tempos uma das mais disputadas cidades do norte de África.
.SIDI BOU SAID
Sidi Bou Said situa-se numa das encostas da Baía de Tunes e segundo percebemos é um dos destinos de eleição dos habitantes da capital.
As casas brancas com as suas portas e janelas pintadas de azul são sem dúvida alguma a principal imagem de marca deste pequeno e pitoresco povoado empoleirado sobre as águas do Mar Mediterrâneo. Apesar de extremamente turístico, este é definitivamente um local que merece ser explorado, e nós, sabendo da sua beleza, aproveitámos aquele final de tarde para percorrermos as ruas e ruelas desta autêntica pérola que nos conquistou desde o primeiro instante.
.DOUGGA
Nos dias que correm estamos habituados a ouvir falar de histórias do império Romano sem que na maior parte dos casos tenhamos a consciência da sua verdadeira dimensão. Estamos em África, e para muitos, não faria o menor sentido de que a mais de mil quilómetros de Roma fosse possível encontrar vestígios em tão bom estado de conservação. Ao contrário do que testemunhámos aquando da nossa passagem por Cartago, em Dougga foi-nos fácil ter uma ideia de como seria o aspeto desta antiga cidade romana. O Capitólio, o Fórum, as Termas, o Arco do Triunfo, a Cisterna ou o Anfiteatro são só alguns dos edifícios que nos fizeram viajar até uma era em que esta região nada tinha a ver com a realidade atual.
.SOUSSE
Apesar de Sousse ser uma das mais conhecidas áreas balneares da Tunísia, não foi essa a principal razão que nos levou até lá. Esta cidade situada nas margens do Mar Mediterrâneo foi o local que escolhemos para permanecer durante três dias, aproveitando a sua ótima localização para visitar alguns locais que achámos interessantes. Ainda assim, e uma vez na cidade, fizemos questão de conhecer a labiríntica Medina e os edifícios históricos nela presentes. Ao final do dia aproveitámos para passear calmamente ao longo da marginal.
.KAIROUAN
Kairouan foi um dos locais que visitámos a partir de Sousse. Segundo ficámos a saber, esta é uma das cidades mais sagradas dos mundo Islâmico que no interior das muralhas que protegem a zona antiga guarda uma série de motivos de interesse que desde o primeiro momento fizeram com que a incluíssemos no nosso roteiro. A Grande Mesquita, a Zaouia de Sidi Sahab, o Museu Islâmico, a Zaouia de Sidi Abed el Ghariani ou a Casa do Governador foram só alguns dos locais que visitámos.
.EL JEM
El Jem foi outro local que visitámos enquanto permanecemos em Sousse e onde tivemos a oportunidade de estar frente a frente com um dos mais bem conservados testemunhos da presença do povo romano no norte de África. É nesta pequena cidade que se encontra o incrível Anfiteatro Romano que segundo os registos é atualmente a segunda maior construção deste tipo existente em todo o mundo. O gigantesco circo romano resistiu de forma heróica ao passar dos séculos, impressionando ainda hoje da mesma forma que o fez há cerca de dois mil anos atrás. A nossa passagem por el Jem acabou por ser complementada com a visita ao bem organizado Museu Arqueológico.
.HAMMAMET
Num país onde uma das principais razões da chegada de visitantes são as estâncias balneares situadas no litoral, não fazia sentido que na nossa passagem pela Tunísia não guardássemos um par de dias para relaxar à beira mar. Hammamet foi o local escolhido para abrandar o ritmo e desfrutar das temperaturas amenas que durante praticamente todo o ano se fazem sentir numa boa parte do território.
Apesar da permanente presença do sol acabámos por não ir a banhos, aproveitando o tempo disponível para passear à beira mar e pelas bem arranjadas ruas da Medina.
INFORMAÇÕES ÚTEIS:
.PRECISÁMOS DE VISTO?
Não. Aliás, qualquer cidadão português que visite a Tunísia por um período inferior a 90 dias não terá necessidade de solicitar qualquer tipo de autorização prévia, bastando somente a apresentação do passaporte aquando da chegada ao país.
.COMO NOS DESLOCÁMOS
A Tunísia tem um sistema de transportes relativamente organizado e que funciona de forma aceitável. Durante a nossa passagem pelo país optámos por tirar partido das tarifas bastante reduzidas e todas as deslocações foram realizadas de comboio, autocarro, louage, táxi e em alguns casos à boleia.
.QUAL A MELHOR ALTURA PARA VISITAR
Pela sua localização geográfica a Tunísia é um país com temperaturas amenas durante praticamente todo o ano. Um destino variado que pode ser visitado em qualquer altura ainda que para aqueles que procuram uns dias de praia seja aconselhável viajar entre os meses de maio e outubro. Se o objetivo for realizar um roteiro semelhante ao nosso, acrescentando uma experiência no deserto, o período que se estende entre março e maio e setembro e outubro é o mais indicado.
.ONDE GOSTÁMOS DE DORMIR
Uma vez que o nosso roteiro previa passagem por diversas cidades, acabámos por pernoitar em diferentes zonas do país. Quem nos conhece sabe que não somos muito exigentes com o alojamento e as escolhas feitas satisfizeram na maioria dos casos os nossos padrões e necessidades. De todos os locais em que pernoitámos durante esta viagem gostámos especialmente daquele que nos serviu de base aquando da nossa passagem pela capital. O Hostel Dar Ya situa-se no coração da Medina de Tunis, revelando-se desta forma um excelente ponto de partida para conhecer esta que é a mais carismática zona da cidade. Para além da simpatia com que fomos recebidos, a experiência que tivemos no Riad Dar Ya acabou por ser enriquecida pelo bonito quarto que nos foi atribuído assim como pelo bem composto pequeno almoço servido a cada manhã.
.A CRÓNICA COMPLETA SOBRE A NOSSA ESTADIA NO HOSTEL DAR YA PODE SER LIDA AQUI.
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