Chegámos bem cedo a Regoufe e na pequena aldeia já se nota alguma movimentação. Por aqui a vida é dura e não há lugar a preguiças. Nos meses de verão há que madrugar e aproveitar para realizar as tarefas mais exigentes enquanto o sol não fere o corpo.
É perto da capela que se inicia o trilho que vamos realizar. Nesta primeira fase o caminho é sempre a descer e à medida que avançamos por entre as casas de pedra, cruzamo-nos com um grupo de senhoras que de enxada ao ombro seguem na direção dos campos prontos a serem amanhados. Se fosse à meia dúzia de anos atrás seria estranho ver turistas por estes lados, mas hoje a presença de visitante é normal e quase ninguém liga à nossa passagem. Cumprimentam-nos, sorriem e seguem o seu caminho.
Já perto do limite da aldeia os nossos passos são atrasados por um súbito congestionamento matinal que entope as ruas estreitas daquela metrópole rural. Num ritual diário, centenas de cabras deixam os seus currais e guiadas pelo experiente pastor trepam a encosta rochosa em busca de pasto.
Nós também lá vamos mas ao nosso ritmo, uma vez que a inclinação e o piso irregular não permitem grandes pressas. À medida que ganhamos altitude o pequeno povoado vai ficando cada vez mais distante e são agora as montanhas cobertas de uma espessa camada verde que dominam a paisagem.
As árvores são poucas e é o mato que preenche e vai dando cor ás encostas daqueles montes que num ondulado sucessivo parecem prolongar-se até a um tal lugar onde o céu se agarra à terra.
Depois de mais uns momentos de contemplação, seguimos pelo caminho de pedras soltas que em pouco mais de duas horas nos fará chegar à aldeia mágica. À falta de outros caminhantes, vamos tendo nas primeira centenas de metros, a companhia das muitas turbinas eólicas que rodopiam ao sabor da brisa que atenua os efeitos do calor que já se faz sentir. Estas ventoinhas gigantescas serão com certeza os derradeiros vestígios de civilização que iremos ver até alcançarmos o nosso objectivo.
O trilho vai estreitando e pouco a pouco revela-se o quão difícil seriam as condições de acessibilidade para quem ali morava e o porquê do abandono. São quatro quilómetros de solo irregular onde só a pé se consegue avançar.
Finamente Drave surge no nosso campo de visão, encravada numa das encostas da montanha. Apesar da proximidade aparente ainda teremos de caminhar talvez uma meia hora... e o calor insiste em não dar tréguas!
"Drave, a aldeia mágica. Percorra a aldeia a pé e descubra os seus mistérios e encantos."
Estas são as palavras gravadas numa pequena placa de madeira colocada a poucos metros da aldeia e que para nós assinalam o alcançar do primeiro objectivo do dia.
Já passaram perto de dez anos desde que o último habitante partiu e apesar dos visíveis traços de abandono, o quase esquecido aglomerado de casas vai resistindo ano após ano ás intempéries. Hoje, depois da partida das gentes são os pássaros que se apropriaram e tomam conta do casario. Ainda assim, aqui e ali cruzamo-nos com edifícios em melhor estado que segundo percebemos servem de abrigo a grupos de escuteiros que ali chegam de vez em quando.
Percorremos cada canto da aldeia e tal como estava escrito na placa de madeira, fizemos questão de descobrir cada um dos seus segredos.
No fim, descemos até aos pés da aldeia e enganamos o calor com um refrescante mergulho nas águas frescas da ribeira que escorrega no fundo do vale e alimenta de verde a área ao seu redor.
- DADOS A TER EM CONTA:
- Percurso pedestre linear, com início e fim na capela de Regoufe.
- A Distância total do percurso (PR14) é de aproximadamente 4,5 Km's + 4,5 Km's regresso.
- Duração média é de 2 horas para cada lado.
- Esta caminhada tem um nível de dificuldade fácil.
- Em alguns trechos o piso é bastante irregular, razão pela qual é aconselhável o uso de calçado de caminhada.
- Nos meses de verão é imperativo o uso de chapéu e protector solar.
- Levar água especialmente nos dias de calor.
- O percurso é realizável durante todo o ano, contudo o calor dos meses de verão e o piso escorregadio dos meses de inverno são factores a ter em conta na planificação do passeio.
- É importante seguir sempre pelo trilho sinalizado.
- Respeitar e não danificar a fauna e flora existentes.
- Não fazer lume.
- Não deitar lixo para o chão.
- Este como qualquer outro percurso pedestre deve ser sempre realizado com a companhia de alguém.
- OUTRAS CAMINHADAS QUE PODEM SER REALIZADAS EM PORTUGAL:
- Passadiços do Alvor
- Passadiço do Alamal
- Trilho das Cascatas - Vila de Rei
- Rota do Minério da Mina de S.Domingos
- Caminhada entre o Pico Ruivo e o Pico do Areeiro (Madeira)
- Levada do Caldeirão Verde (Madeira)
- Passadiços de Esmoriz
O percurso não é circular
ResponderEliminarOlá Sandro. Obrigado pelo reparo. Já corrigimos.
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