Foi uma longa espera. Passaram quase dez anos desde que ali estivemos inseridos num tour (pouco) organizado que de forma cómica nos permitiu visitar a antiga capital dos Nabateus durante não mais que um par de horas. Uma estória mal resolvida que agora temos oportunidade de reparar.
Porém, hoje estamos por nossa conta e certamente tudo será diferente. Temos um dia inteiro para explorar aquela que é agora uma das sete maravilha do mundo moderno.
O sol ainda agora acordou a já caminhamos por entre as paredes rosadas do Siq, o enorme desfiladeiro que nos faz entrar na cidade e que no passado tantas vezes viu passar caravanas comerciais. Ainda é cedo e a luz do dia vai lentamente criando sombras de mil formas em todas aquelas escarpas rochosas que parecem elevar-se até ao céu e por onde ecoam vozes de pessoas que nunca chegamos a ver. Onde andarão?
De súbito, logo depois de uma curva o desfiladeiro estreita e acabamos engolidos pela beleza arquitetónica da construção mais famosa de Petra. Sem aviso prévio o incrível Tesouro surge diante nós, olhando de cima para baixo todos os que ali chegam.
É um momento único, vivido só com a presença de meia dúzia de beduínos que em conjunto com os seus camelos aguardam a chegada de visitantes que por agora se resumem a dois Portugueses que num golpe de sorte ali conseguem chegar antes de todos os outros.
É uma oportunidade rara, um convite irrecusável para fotografar esta obra prima tatuada naquele corpo rochoso.
Contudo há que continuar, pois Petra é muito mais que o Tesouro. Petra é uma cidade imensa, onde existirão com certeza outras obras primas.
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Abandonamos o local pela única saída possível e que nos conduz à Rua das Fachadas, onde por entre elaboradas construções e uma espessa nuvem de pó se vão improvisando várias bancas de venda.
O caminho é feito de forma lenta, e agora, sem surpresas e quase uma hora depois de aqui termos chegado, passa por nós o primeiro grande grupo de visitantes...seguido de outro e mais outro!
Sem pressas e ao nosso ritmo, vamos avançando até ao Teatro, esforçando-nos para que nenhum detalhe escape ao nosso olhar. Homens de lenço na cabeça e montados em camelos, cavalos e até burros, cruzam-se connosco, tentando a cada nova passagem vender os seus serviços de transporte.
Numa altura em que a baixa da cidade vai sendo invadida por centenas de pessoas, vislumbramos num nível mais elevado, os vários Túmulos Reais que assinalam o exato local onde em 2009 culminou a nossa ténue passagem por Petra.
A partir deste ponto tudo será novidade.
Os primeiros passos neste novo mundo são dados ao longo da Rua Colunada onde travamos conhecimento como um fiel amigo de quatro patas, que depois de lhe saciarmos a sede faz questão de nos acompanhar nos momentos que se seguem. Todos juntos subimos a escadaria do Grande Templo, onde para além de uma mão cheia de colunas que sucumbiram às agruras do tempo pouco mais resta.
Alguns metros mais à frente, depois de uma espécie de portal, ergue-se outro edifício marcante (Qasr al-Bint), este em melhor estado de conservação e no qual ainda se podem ver deliciosos detalhes gravados nas paredes exteriores.
Sentamo-nos por ali, e enquanto damos uma vista de olhos no mapa que nos vai orientando, o nosso companheiro desaparece por entre aquele aglomerado de blocos de mil formas que provavelmente nunca mais tomarão o seu lugar de origem.
Abandonamos o local pela única saída possível e que nos conduz à Rua das Fachadas, onde por entre elaboradas construções e uma espessa nuvem de pó se vão improvisando várias bancas de venda.
O caminho é feito de forma lenta, e agora, sem surpresas e quase uma hora depois de aqui termos chegado, passa por nós o primeiro grande grupo de visitantes...seguido de outro e mais outro!
Sem pressas e ao nosso ritmo, vamos avançando até ao Teatro, esforçando-nos para que nenhum detalhe escape ao nosso olhar. Homens de lenço na cabeça e montados em camelos, cavalos e até burros, cruzam-se connosco, tentando a cada nova passagem vender os seus serviços de transporte.
Numa altura em que a baixa da cidade vai sendo invadida por centenas de pessoas, vislumbramos num nível mais elevado, os vários Túmulos Reais que assinalam o exato local onde em 2009 culminou a nossa ténue passagem por Petra.
A partir deste ponto tudo será novidade.
Os primeiros passos neste novo mundo são dados ao longo da Rua Colunada onde travamos conhecimento como um fiel amigo de quatro patas, que depois de lhe saciarmos a sede faz questão de nos acompanhar nos momentos que se seguem. Todos juntos subimos a escadaria do Grande Templo, onde para além de uma mão cheia de colunas que sucumbiram às agruras do tempo pouco mais resta.
Alguns metros mais à frente, depois de uma espécie de portal, ergue-se outro edifício marcante (Qasr al-Bint), este em melhor estado de conservação e no qual ainda se podem ver deliciosos detalhes gravados nas paredes exteriores.
Sentamo-nos por ali, e enquanto damos uma vista de olhos no mapa que nos vai orientando, o nosso companheiro desaparece por entre aquele aglomerado de blocos de mil formas que provavelmente nunca mais tomarão o seu lugar de origem.
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Somos de novo só dois.
Perto de um restaurante ainda fechado, uma ponte cruza o leito de um rio que sem a presença do valioso liquido acabou por morrer de sede. Lá em baixo as águas que noutros tempos ali passaram são hoje substituídas por pedras e seixos despidos de vida.
Uma placa de metal situada num ponto estratégico confirma-nos que estamos no caminho certo, enviando quem por ali passa para o interior de um desfiladeiro onde o solo arenoso nos faz abrandar o ritmo.
Já se avista a primeira de muitas fileiras de degraus que iremos encontrar e que nos levarão até ao Mosteiro. Dizem que são para lá de oitocentos mas não tenciono conta-los. Prefiro ocupar a hora que se segue com coisas que valham a pena relembrar quando regressar a casa. Hoje é para mim um dia especial e é imperativo vivê-lo de forma única. Quero apreciar aquelas paisagens agrestes, escondidas dos visitantes que se ficam pela baixa, de falar com os vendedores que encontro pelo caminho ou simplesmente sentir o sol a queimar-me o rosto enquanto me sento para repor o fôlego.
Os derradeiros metros são feitos a descer. Os degraus esculpidos na rocha extinguem-se num grande terreiro onde os nossos olhares procuram de forma quase dramática o tal Mosteiro que tantas gotas de suor nos fez derramar.
Lá está ele...parcelamento encravado na montanha rosada.
Desta vez não somos os primeiros. Ainda assim, o movimento é reduzido o quanto baste para que o possamos mirar de forma tranquila, sem ruídos desagradáveis nem presenças exageradas.
O monumento, assim como tudo o que o envolve não defrauda expectativas. É uma espécie de Tesouro em ponto grande mas menos elaborado.
A longa subida faz as nossas pernas ansiar por uns momentos de descanso. Com o principal objetivo do dia cumprido, arranja-se um local com vista privilegiada e improvisa-se um segundo pequeno almoço acompanhado por um chá comprado no restaurante ali existente.
Somos de novo só dois.
Perto de um restaurante ainda fechado, uma ponte cruza o leito de um rio que sem a presença do valioso liquido acabou por morrer de sede. Lá em baixo as águas que noutros tempos ali passaram são hoje substituídas por pedras e seixos despidos de vida.
Uma placa de metal situada num ponto estratégico confirma-nos que estamos no caminho certo, enviando quem por ali passa para o interior de um desfiladeiro onde o solo arenoso nos faz abrandar o ritmo.
Já se avista a primeira de muitas fileiras de degraus que iremos encontrar e que nos levarão até ao Mosteiro. Dizem que são para lá de oitocentos mas não tenciono conta-los. Prefiro ocupar a hora que se segue com coisas que valham a pena relembrar quando regressar a casa. Hoje é para mim um dia especial e é imperativo vivê-lo de forma única. Quero apreciar aquelas paisagens agrestes, escondidas dos visitantes que se ficam pela baixa, de falar com os vendedores que encontro pelo caminho ou simplesmente sentir o sol a queimar-me o rosto enquanto me sento para repor o fôlego.
Os derradeiros metros são feitos a descer. Os degraus esculpidos na rocha extinguem-se num grande terreiro onde os nossos olhares procuram de forma quase dramática o tal Mosteiro que tantas gotas de suor nos fez derramar.
Lá está ele...parcelamento encravado na montanha rosada.
Desta vez não somos os primeiros. Ainda assim, o movimento é reduzido o quanto baste para que o possamos mirar de forma tranquila, sem ruídos desagradáveis nem presenças exageradas.
O monumento, assim como tudo o que o envolve não defrauda expectativas. É uma espécie de Tesouro em ponto grande mas menos elaborado.
A longa subida faz as nossas pernas ansiar por uns momentos de descanso. Com o principal objetivo do dia cumprido, arranja-se um local com vista privilegiada e improvisa-se um segundo pequeno almoço acompanhado por um chá comprado no restaurante ali existente.
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Faz-se tempo de voltar para trás. Apesar do calor, a descida anuncia-se mais fácil. Percorrem-se os mesmos caminhos mas as paisagens que vimos ainda há pouco são-nos agora apresentadas de uma outra perspetiva.
Na baixa da cidade o cenário alterou-se por completo. A área foi invadida por centenas de pessoas que sem cerimónias vão usando como seus, todos aqueles buracos esculpidos com precisão e que no passado serviram certamente de abrigo a uma ou mais famílias de Nabateus.
Numa sombra mata-se a sede e definem-se estratégias. A forte presença de visitantes faz com que a visita aos Túmulos Reais seja mais uma vez adiada, levando-nos para já a optar pela subida até ao miradouro a partir do qual são anunciadas vistas deslumbrantes sobre o Tesouro.
O Trilho Al-Khubtha revela-nos mais uma maratona de degraus encavalitados por entre falésias, nas quais vão pendendo pequenos arbustos, que de forma quase heroica ali se agarram à vida.
Depois de várias curvas que acabam por não nos revelar nada de novo, chegamos finalmente a um ponto onde Petra nos presenteia com mais um momento delicioso.
Na orla da montanha testam-se medos e vivem-se emoções ao mesmo tempo que a vista se liberta para tocar o ponto mais distante daquela infindável paisagem.
O segundo objetivo do dia está prestes a ser atingido e ao que tudo indica será realizado com distinção. Depois de uns quarenta e cinco minutos a exercitar as pernas, acabam-se os degraus e palmilhamos agora por caminhos de terra, pontuada por pequenas moitas espinhosas que servem de repasto a um punhado de cabras.
Um pouco mais adiante, uma bandeira com as cores da nação parece assinalar a fronteira entre a montanha e o profundo fosso de onde brota uma sinfonia de mil vozes que nos diz que estamos prestes a alcançar o local desejado. Mais uns metros, e no fundo daquele abismo surge a tão aguardada visão do Tesouro, que assim, visto desta perspetiva tem o condão de deixar boquiabertos todos aqueles que tal como nós se lançam à conquista de lugares menos óbvios.
Não resistimos e enquanto assistimos àquele espetáculo, brinda-se à felicidade com mais umas chávenas de chá.
Perdemos a conta ás voltas que os ponteiros do relógio dão. Uma...talvez duas horas depois, voltamos para trás, e desta feita dedicamos finalmente algum tempo aos Túmulos Reais, que agora com o sol a ameaçar roçar o horizonte, se mostram num tom ainda mais rosado.
Os turistas foram partindo e com a calma desejada, visitamos cada um daqueles edifícios, que alinhados numa espécie de pedestal, vigiam qual sentinelas, tudo o que por ali acontece
As fachadas esventradas pelas por anos de erosão dão acesso a pequenas grutas que infelizmente não foram capazes de perpetuar o descanso dos que ali foram sepultados.
O dia aproxima-se do fim e as sombras voltam a cobrir lentamente aquele reino imaginário que se arrasta numa história de mais de mil anos, mas que ainda assim se reinventa a cada novo amanhecer. A antiga capital dos Nabateus está hoje tão linda como há dez anos atrás, e ao que parece sempre disposta a não nos deixar indiferentes aos seus encantos.
Petra diz-nos adeus pintada de ouro...
Faz-se tempo de voltar para trás. Apesar do calor, a descida anuncia-se mais fácil. Percorrem-se os mesmos caminhos mas as paisagens que vimos ainda há pouco são-nos agora apresentadas de uma outra perspetiva.
Na baixa da cidade o cenário alterou-se por completo. A área foi invadida por centenas de pessoas que sem cerimónias vão usando como seus, todos aqueles buracos esculpidos com precisão e que no passado serviram certamente de abrigo a uma ou mais famílias de Nabateus.
Numa sombra mata-se a sede e definem-se estratégias. A forte presença de visitantes faz com que a visita aos Túmulos Reais seja mais uma vez adiada, levando-nos para já a optar pela subida até ao miradouro a partir do qual são anunciadas vistas deslumbrantes sobre o Tesouro.
O Trilho Al-Khubtha revela-nos mais uma maratona de degraus encavalitados por entre falésias, nas quais vão pendendo pequenos arbustos, que de forma quase heroica ali se agarram à vida.
Depois de várias curvas que acabam por não nos revelar nada de novo, chegamos finalmente a um ponto onde Petra nos presenteia com mais um momento delicioso.
Na orla da montanha testam-se medos e vivem-se emoções ao mesmo tempo que a vista se liberta para tocar o ponto mais distante daquela infindável paisagem.
Um pouco mais adiante, uma bandeira com as cores da nação parece assinalar a fronteira entre a montanha e o profundo fosso de onde brota uma sinfonia de mil vozes que nos diz que estamos prestes a alcançar o local desejado. Mais uns metros, e no fundo daquele abismo surge a tão aguardada visão do Tesouro, que assim, visto desta perspetiva tem o condão de deixar boquiabertos todos aqueles que tal como nós se lançam à conquista de lugares menos óbvios.
Não resistimos e enquanto assistimos àquele espetáculo, brinda-se à felicidade com mais umas chávenas de chá.
Perdemos a conta ás voltas que os ponteiros do relógio dão. Uma...talvez duas horas depois, voltamos para trás, e desta feita dedicamos finalmente algum tempo aos Túmulos Reais, que agora com o sol a ameaçar roçar o horizonte, se mostram num tom ainda mais rosado.
Os turistas foram partindo e com a calma desejada, visitamos cada um daqueles edifícios, que alinhados numa espécie de pedestal, vigiam qual sentinelas, tudo o que por ali acontece
As fachadas esventradas pelas por anos de erosão dão acesso a pequenas grutas que infelizmente não foram capazes de perpetuar o descanso dos que ali foram sepultados.
O dia aproxima-se do fim e as sombras voltam a cobrir lentamente aquele reino imaginário que se arrasta numa história de mais de mil anos, mas que ainda assim se reinventa a cada novo amanhecer. A antiga capital dos Nabateus está hoje tão linda como há dez anos atrás, e ao que parece sempre disposta a não nos deixar indiferentes aos seus encantos.
Petra diz-nos adeus pintada de ouro...
INFORMAÇÕES ÚTEIS:
- COMO CHEGAR?
- Petra situa-se a cerca de 120 quilómetros de Aqaba e a 230 quilo&metros de Amã.
- É possível chegar à antiga capital dos Nabateus de: carro, autocarro, táxi ou recorrendo a um tour organizado por uma qualquer agência local.
- QUANTO CUSTA VISITAR PETRA?
- Os ingressos para visitar Petra podem ser adquiridos à chegada ao Centro de Visitantes ou on line através do site oficial.
- Para quem adquiriu o Jordan Pass pode aceder ao espaço de forma gratuita, por 1, 2 ou 3 dias, dependendo da formula selecionada.
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Grata por tão boa reportagem. Estive aí integrada num grupo no mês de Junho de 2009, na hora de maior calor e com uma visita como a que vocês fizeram há 10 anos. Ficou a memoria dum lugar mágico e do esforço que foi fazer o percurso com tanto calor... Mas valeu a pena.
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