terça-feira, 15 de novembro de 2022

RUÍNAS DE BUTRINT - UMA VIAGEM AO PASSADO NAS FLORESTAS DO SUL DA ALBÂNIA

Visitar as ruínas de Butrint Roteiro Albânia

Ainda que para muitos visitantes as dezenas de estruturas mal amanhadas de Butrint aparentem ser meras pedras sobrepostas por entre o silêncio das florestas do sul da Albânia, a verdade é que estamos perante um dos mais valiosos testemunhos históricos existentes na região sul do país. 
Queríamos visitá-los, entendê-los, saber mais sobre o seu passado e, como seria de esperar, a nossa presença em Sarandë e Ksamil acabou por se revelar a oportunidade perfeita para que este desejo se realizasse. Naquele que viria a ser o nosso último dia nesta zona do território situada a dois passos da fronteira com a Grécia, acordámos numa altura em que o sol mal havia espreitado no horizonte e depois de um simples pequeno almoço seguimos na direção da reserva arqueológica que acolhe as tais ruínas que tanta curiosidade nos despertavam.
Bastou uma boleia para que alcançássemos o local pretendido que por culpa da hora vespertina ainda pouca movimentação registava nos emaranhados caminhos de terra batida que o compõem.

Durante os meses de Junho, Julho e Agosto a densidade populacional desta área do país atinge níveis de quase sufoco e há que manter entretidos os milhares de veraneantes que escolhem as zonas balneares situadas uns quilómetros a Norte. Sem outros motivos de distração as ruínas de Butrint são inevitavelmente um local de grandes romarias, sendo talvez por isso consideradas o ponto turístico mais visitado da Albânia. 


Uma vez que chegámos cedo conseguimos ter o espaço quase só para nós, percorrendo-o de forma tranquila, tentando interpretar o que resta de cada uma daquelas construções erguidas por povos, que em períodos distintos, escolheram estas terras para se estabelecerem. Bem orientados pelo mapa fornecido no momento em que adquirimos os ingressos avançamos por entre o denso arvoredo, primeiro ao logo do caminho que segue paralelo ao mar e depois nas áreas mais interiores, nas quais a presença de vestígios arqueológicos é visivelmente mais regular. 
Após de um par de horas por entre uma bem composta lista de memórias tão longínquas e plenamente satisfeitos com a experiência vivida, demos por concluída a nossa visita ao parque nacional de Butrint, seguindo primeiro até Sarandë e logo depois em direção a Tirana


RESUMO DA NOSSA VISITA AO PARQUE NACIONAL DE BUTRINT

Assim que acedemos à zona arqueológica cruzamo-nos quase de imediato com a Torre Veneziana. Esta bem conservada estrutura erguida entre os séculos XIII e XIV testemunha a passagem dos venezianos por esta região do território. A torre assim como uma pequena área fortificada da qual hoje pouco resta faziam parte de uma linha defensiva criada por este povo, resistindo ás consecutivas investidas das tropas inimigas. Anos mais tarde o complexo acabou inevitavelmente por cair nas mãos dos Otomanos.

Visitar as ruínas de Butrint Roteiro Albânia

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Ao invés de seguir as indicações do mapa optámos por caminhar no sentido contrário ao circuito sugerido, seguindo pelo trilho que avança paralelo ao mar. A partir deste ponto penetramos numa zona densamente arborizada na qual ainda é possível vislumbrar as secções da antiga muralha que em certos pontos parece sustentar as águas de uma espécie de albufeira que no passado foi seguramente um dos principais pontos de acesso à península de Butrint. Detemo-nos ali durante breves momentos e o olhar acaba por se soltar para a margem oposta onde descortinamos uma mão cheia de outras construções do passado que poderiam eventualmente ser visitadas se apanhássemos a primitiva embarcação que de forma regular atravessa o canal. Optamos por não o fazer e seguimos com o plano inicial. 

Visitar as ruínas de Butrint Roteiro Albânia

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Uns metros mais adiante alcançamos outro conjunto de ruínas. Desta feita e segundo as indicações ali existentes, constatamos que estamos perante o que resta do que outrora foi um bem composto Palácio Romano que a certa altura deixou de ter utilidade devido à súbita subida do nível das águas. Nos séculos que se seguiram pensa-se que o espaço foi ocupado de forma intermitente por alguns edifícios habitacionais de maior ou menor importância social. 


O caminho leva-nos agora, e mais uma vez, através da densa floresta que pouco depois nos revela um novo conjunto de construções que se julga fazerem parte de um complexo de origem romana e no qual se incluem uma área de Banhos e um Ginásio. No muro de pedra que delimita esta zona é também possível ver diversas Inscrições gravadas pelos povos gregos que ocuparam a região num período posterior. 

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Bastam-nos meia dúzia de passos para estarmos frente a frente com mais um vestígio do incrível património histórico ainda presente nesta pequena parcela de território situado no sul da Albânia. As múltiplas colunas de pedra que compunham o Batistério surgem então por entre o arvoredo e rapidamente damos connosco a tentar imaginar como seria a aparência original daquele local assim como os rituais religiosos nele realizados. 
Para além dos bem conservados muros e das colunas de pedra ainda existentes, destaque também para o painel de mosaicos coloridos que cobre a totalidade do chão que atualmente (de forma a ajudar na sua preservação) se encontra escondido por uma generosa camada de areia. 

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Antes de alcançarmos aquela que dizem ser uma das mais impressionantes construções de Butrint, o trilho de terra batida leva-nos de regresso à zona ribeirinha e a meia dúzia de pequenas estruturas que nos fazem atrasar o passo. Apesar da ausência de informação fazemos questão de explorar o espaço e quando constatamos que nada escapou à nossa atenção prosseguimos até à imponente Basílica, situada a uma curta distância. Atravessamos um dos vários arcos que suportam as paredes de pedra que a compõem e já no interior daquele antigo espaço religioso damo-nos conta que para além do altar e das paredes de aspeto robusto pouco mais sobreviveu ao passar dos séculos.

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Sabemos que a zona arqueológica ainda tem muito para nos mostrar, contudo, aproveitamos as sombras e o bonito enquadramento deste local para dar algum descanso ás pernas. 

A calma que testemunhámos na fase inicial do passeio tem pouco a pouco vindo a dissipar-se com o aparecimento de cada vez mais grupos de turistas, e nós, cientes de que hoje ainda temos um longa viagem até Tirana, não desaproveitamos o avanço ganho com a nossa chegada vespertina. 
Os metros que se seguem são realizados na companhia das muralhas que segundo o mapa anunciam a nossa chegada à principal fortaleza da península. Passamos pela Porta do Leão que por registar algum movimento de visitantes nos faz sentir tentados a avançar sem lhe darmos a devida atenção. Não cedemos ao impulso e atravessamos a pequena moldura de pedra que acaba por nos desvendar uma escadaria que data da época da ocupação Bizantina. 

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A certa altura damos connosco naquele que deverá ser o ponto mais elevado da zona arqueológica e o local onde ainda hoje se ergue um imponente Castelo que certamente muitas batalhas terá testemunhado. Hoje tudo é bem diferente e os únicos invasores que aqui chegam acabam por se resumir a várias dezenas de grupos de pacíficos turistas que meio à pressa sacam um par de fotografias que testemunhem mais uma valiosa conquista para as redes sociais. Quanto a nós, ainda que com os minutos contados, queremos saber mais detalhes sobre os conflitos, as vivências e as histórias escritas neste enredo de outras eras e não abandonamos o local sem uma didática passagem pelo museu ali instalado. 

Visitar as ruínas de Butrint Roteiro Albânia

Entramos agora na recta final da visita mas ainda nos resta acrescentar à nossa lista aquele que deverá ser o mais bem conservado monumento da zona arqueológica de Butrint. Voltamos então a descer para terrenos situados em níveis inferiores e em menos de cinco minutos já nos passeamos por entre as bancadas do antigo Teatro que, apesar de já ter perdido a sua utilidade inicial, ainda se sente capaz de espantar todos os que ali chegam. O estado de conservação de toda a estrutura é deveras notável e à semelhança de outros locais que visitámos durante as últimas duas horas, também aqui somos tentados a soltar-nos numa viagem imaginaria que nos transporta a um longínquo passado no qual as pessoas nele existentes se sentaram vezes sem conta naqueles degraus alinhados em semi-circulo. Até nós acabamos por nos instalar por breves momentos sobre aqueles acentos de pedra e enquanto observamos o constante vai e vem dos grupos de turistas aproveitamos também para escutar as explicações mais ou menos detalhadas dos guias que os acompanham. 

Visitar as ruínas de Butrint Roteiro Albânia

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INFORMAÇÕES ÚTEIS:

.COMO CHEGAR A BUTRINT DESDE SARANDË OU KSAMIL
Durante a nossa viagem pela Albânia apercebemo-nos que o sistema de transportes públicos funciona de forma relativamente aceitável, com ligações regulares entre as principais cidade do país. Em Sarandë o registo não é diferente e se o visitante tem como objetivo chegar ás áreas de Ksamil e Butrint poderá facilmente fazê-lo apanhando um dos autocarros que circulam entre estes locais de forma frequente e com uma tarifa bastante em conta. No nosso caso (e à semelhança do que fizemos por diversas vezes nesta viagem) optámos por realizar o trajeto tanto para Ksamil como para Butrint à boleia, poupando (neste caso) algum dinheiro que viria a ser bastante útil na compra dos ingressos para a zona arqueológica.

.ONDE GOSTÁMOS DE DORMIR EM SARANDË
Sendo esta uma das principais estâncias balneares do país e com a elevada procura que esta zona sofre durante os meses de verão, os preços praticados são relativamente mais elevados que aqueles que nos foram apresentados nas outras regiões da Albânia que visitámos. Ainda assim tentámos que a nossa estadia em Sarandë não afetasse demasiado o orçamento traçado para esta viagem e depois de alguma pesquisa encontrámos o Sunny Apartament Sarandë que serviu na perfeição cada uma das nossas exigências. Por se tratar de um apartamento equipado com cozinha, permitiu-nos realizar as nossas próprias refeições, economizando assim algum dinheiro.


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