domingo, 26 de abril de 2015

FUSHIMI INARI TAISHA E FLORESTA DE BAMBU (JAPÃO)


Já me encontrava no Japão há seis dias e cheguei àquela altura da viagem em que o tempo passa mais depressa do que desejamos. Com tantos locais que queria ainda visitar, olhava para os dias que me restavam e ficava com a sensação de que muito dificilmente conseguiria alcançar os objectivos que havia traçado.

Hoje iria conhecer algumas zonas situadas nas imediações de Kyoto, tendo como primeiro destino o Santuário Fushimi Inari-Taisha também conhecido por santuário dos dez mil toriis.

Apanhei então o comboio regional entre Kyoto e a estação de Inari, utilizando mais uma vez 
o Japan Rail Pass.
À chegada dei imediatamente de caras com um enorme Torii que assinala a entrada do santuário que, contra as minhas expectativas, se encontrava praticamente despido de pessoas. Talvez chegar cedo tenha sido uma boa ideia.



Comecei por visitar a área mais central do complexo que é ocupada por alguns pequenos pavilhões e altares, onde alguns fieis realizavam a sua oração matinal.
Depois de ter explorado este primeiro nível dirigi-me para o santuário principal, situado uns metros mais acima e onde se inicia uma espécie de peregrinação até ao topo da montanha.
O caminho até ao ponto mais elevado é de aproximadamente quatro quilómetros, sendo depois necessário realizar o trajecto no sentido oposto.

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Assim que dei início à caminhada cruzei-me logo nos primeiro metros com os famosos toriis que dispostos de forma sucessiva estão presentes ao longo de praticamente todo o trajeto. 
Como a subida é toda feita pelo meio da floresta o ambiente é bastante fresco (o que acabou por ajudar), além disso não se ouve nada para além das folhas das árvores que se manifestam ao sabor da leve brisa que se faz sentir.



A beleza do local é inquestionável, muito por culpa do intenso tom laranja dos toriis que contrasta e sobressai no meio de toda aquela imensidão verdejante. Por muito que me esforçasse nunca consegui andar mais de cinco minutos sem ter de parar para fotografar aquele cenário totalmente distinto de tudo o que já havia alguma vez visto. 

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Durante a subida conheci um casal de japoneses que todos os meses aqui vinham em peregrinação, confessando-me que um dos toriis ali existentes havia sido uma oferenda sua, e com o orgulho que esse ato significava para ambos, fizeram questão de mo mostrar.
Foi então que percebi que todos estes portais alaranjados são oferendas e em cada um deles estão gravados os nomes individuais ou da família, assim como a promessa requerida. 



Durante um bom período da ascensão, mantive-me junto deste simpático casal que tinha estado em Portugal em 1998 por altura da Expo, e no mês que passou no nosso país havia igualmente andado por Lisboa, Sintra, Cascais, Algarve e Madeira.
Foram eles que me explicaram que o santuário de Fushimi Inari-Taisha é de grande importância para a gentes locais e que apesar de ser conhecido como santuário dos Dez Mil Toriis a verdade é que atualmente os pórticos existentes superam em muito esse número. 
Fomos caminhando todos juntos até que chegámos a meio do trajecto onde encontrámos uma zona de repouso composta por meia dúzia de bancos de pedra e um pequeno miradouro de onde temos uma vista brutal sobre a cidade.


Já perto do ponto mais alto da montanha aproveitámos para descansar um pouco, comi uma sandwish e fomos mantendo a conversa que se estendeu a temas como política, religião e do desastre nuclear de Fukushima.
Decidimos então que estava na hora de continuar, eu como não tencionava subir mais, fiz o caminho de regresso à base e eles, no seu ritual mensal, continuaram na direção oposta.
Gostei muito deste local, mas gostei acima de tudo dos momentos que passei com este casal.
Quando cheguei ao ponto onde ainda há pouco havia iniciado a ascensão, a surpresa tomou conta de mim. Se há quase três horas atrás este espaço estava praticamente vazio, agora parecia ter sido invadido por várias centenas de pessoas, na sua maior parte turistas. Rapidamente percebi que a decisão de chegar cedo foi sem dúvida recompensadora.

Foi já perto da hora de almoço que apanhei o comboio de volta a Kyoto onde aproveitei para reconfortar o estômago com uns deliciosos snacks que comprei numa loja de conveniência.

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Sem tempo a perder, deixei mais uma vez Kyoto, voltei a apanhar o comboio (JR Line), mas desta vez em direção a Arashiyama. Esta pequena cidade fica situada a uma curta distância de Kyoto e a viagem acabou por ser rápida.
Depois de sair da estação cheguei facilmente à 
Floresta de Bambu. Além de existir uma pequena banca de turismo no exterior da gare onde simpaticamente me deram as indicações que solicitei, também me deram um mapa que acabei por nunca utilizar. Como a maior parte das pessoas que aqui se deslocam têm como objectivo visitar a famosa floresta, bastou-me seguir atrás dos mais informados.


Num esfregar de olhos encontrava-me envolvido naquela imensidão de canas de bambu. Segundo percebi a extensão do parque é relativamente grande, mas os visitantes só têm acesso a uma pequena fração, na qual podem caminhar através de um trilho que percorre essa mesma área.


Não posso dizer que tenha ficado desiludido mas sinceramente fiquei com a ideia de que a chamada floresta de bambu é acima de tudo um daqueles locais para turista ver, e esses mesmos turistas, tal como eu, continuam a vir até aqui com a ilusão de que irão encontrar algo mais imponente.   
Pelo menos o acesso é gratuito. Valha-nos isso!

Nas imediações existem outros pontos de interesse que acabaram por, de certa forma, complementar a minha passagem por Arashiyama.
Depois de um breve passeio pela cidade, fui sem saber como, dar a um miradouro onde me sentei a contemplar a bonita vista que dali se alcançava. Lá um baixo um rio corria por entre as montanhas cobertas de vegetação e o silêncio, esse, trazia paz àquele local. 


Depois daquele momento de contemplação desci encosta abaixo em direção às águas do rio no qual repousavam alguns barcos que nos meses de verão devem, com toda a certeza, carregar turistas ao longo do vale.
Ainda que a uma distância considerável já consigo avistar a Ponte Togetsu-kyō que liga ambas as margens, funcionando ao mesmo tempo como uma espécie de represa.



Caminhei pela margem sul até que voltei a chegar à zona central da cidade e como ainda tinha algum tempo livre resolvi aproveitá-lo para visitar outro dos locais que o meu guia descrevia como imperdível.
O Templo Tenryuji é considerado o mais importante do distrito de Arashiyama e é um dos muitos locais no Japão listados como património mundial da Unesco. O complexo data dos meados do século XIV, mas dos edifícios originais praticamente nada resta, uma vez que ao longo dos tempos foram sendo destruídos por esta ou aquela razão.

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O complexo que hoje visito e onde estão incluídos o Main Hall (Hojo), o Drawing Hall (Shoin) e o Temple Kitchen (Kuri), é segundo percebi, relativamente recente. Para além destes edifícios, a grande atração deste local parece ser o lindíssimo jardim que percorri a passo de caracol. Como seria de esperar toda esta beleza tem um preço e acabei por desembolsar 500 JPY para aceder ao complexo de templos de Arashiyama e aos seus jardins. Se inicialmente pensei que talvez tivesse sido enganado, depois da visita percebi que o valor pago acabou por valer a pena. 


Mais um dia que chegava ao fim. Este país revelava-se aos poucos um dos mais fantásticos que visitei nos últimos tempos.

****Os preços e horários apresentados são referentes ao período da nossa passagem (Março de 2015) e obviamente estão sujeitos a alterações.

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