Oaxaca de Juarez é decididamente aquele "pedaço" do México que queríamos (mesmo) encontrar. Um aglomerado habitacional de dimensões consideráveis abraçado por imponentes cadeias montanhosas cobertas de vegetação que lhe conferem uma aparência quase poética.
Chegámos às primeiras horas de um dia solarengo e num piscar de olhos damos connosco embeiçados pelo charme desta cidade que nos recebeu trajada com uma agradável mistura de tonalidades que como seria de esperar acabam por dar vida às ruas do centro histórico. A meia dúzia de quarteirões da zona baixa cruzamo-nos com bem arranjados edifícios de outras eras que se pudessem falar teriam certamente muitas histórias para contar, com restaurantes e hotéis que aparentemente não descuram o mínimo detalhe para que os visitantes encontrem o conforto necessário e com gente de sorriso fácil sempre disposta a dois dedos de conversa.
Também há as Igrejas. Muitas, monumentais, todas cuidadosamente arranjadas, reflexo inequívoco do fervor religioso do povo mexicano. Por ser a primeira que connosco se cruza, acabamos por gostar especialmente da Igreja de Santo Domingo de Guzman, respeitosa guardiã que mesmo com os seus quase 300 anos ainda se destaca como a principal construção presente na pitoresca praça que lhe serve de berço. A herança colonial é presença constante. Estórias e vivências do passado perpetuadas não só neste edifício religioso mas igualmente nas duas ou três fachadas de pedra que flanqueiam o longo trecho de calçada irregular que nos conduz a outras paragens.
As cores fortes, essas, não nos abandonam. Para onde quer que o nosso olhar se esgueire elas estão lá, prontas para nos arrebatar o peito. Rendemo-nos mais uma vez aos encantos de Oaxaca quando encontramos aquele que se viria a revelar o nosso "cantinho predileto". A norte do centro histórico perdemo-nos de amores por um pequeno quarteirão repleto de ruas tranquilas, onde a vida parece avançar com outro vagar. Flores nos beirais das janelas, um antigo aqueduto e inúmeros morais de arte urbana são só alguns dos motivos que nos fazem permanecer naquele local só pelo prazer de ali estar.
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Meio a contra-gosto despedimo-nos e ao fazermos o caminho de volta à zona baixa damos connosco a reviver bonitas memórias que nos transportam até ao casco viejo de Havana. Os ritmos latinos libertados pelas guitarras de um trio de músicos de improviso roubam a atenção de quem por ali vai passando. Uns metros mais adiante, estacionado sem qualquer brio, um saudoso e pouco estimado carocha é motivo para nova pausa.
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A certa altura o aumento considerável de passantes faz-nos querer que já não estaremos longe do Zócalo, a área mais central da cidade e que poderia muito bem ser considerada a engrenagem principal desta incrível máquina urbana.
Aqui o ambiente festivo ganha uma expressão que se alonga muito para lá daquilo que estamos habituados a ver. Num espaço de dimensões consideráveis o nosso olhar perde-se por entre uma mescla de estados de espírito, de motivações, de idades e de nacionalidades. Ricos e pobres, locais e estrangeiros, novos e velhos abdicam inconscientemente da sua identidade e acabam por ser absorvidos para as entranhas de um mundo quase surreal.
Foi também em Oaxaca de Juarez que nos deparámos com as melhores experiências gastronómicas desta viagem e o que era para ser uma breve passagem por um dos mercados da cidade rapidamente se transformou num ritual que haveríamos de repetir por diversas vezes durante a nossa estadia.
Oaxaca de Juarez será certamente um local que iremos guardar no baú das melhores memórias de viagem e incluí-la no nosso roteiro pelo México foi uma decisão mais que acertada. Um tiro certeiro que nos amarrou o coração.
INFORMAÇÕES ÚTEIS:
.COMO CHEGÁMOS A OAXACA DE JUAREZ
Chegar a Oaxaca de Juarez implicou uma viagem de seis horas de autocarro que teve como ponto de partida a cidade de Puebla. Contudo, percebemos que é perfeitamente possível visitar Oaxaca de Juarez vindo de outros pontos do país, uma vez que as ligações rodoviárias são frequentes e as empresas de transporte de passageiros da região propõem diversas ligações. Ainda que existam outras, a companhia ADO é a mais conhecida e aquela que parece controlar a maioria das rotas.
.ONDE DORMIMOS EM OAXACA DE JUAREZ
Optámos por permanecer em Oaxaca de Juarez por três dias e tendo em conta que queríamos não só explorar todo o centro histórico da cidade como também outros locais situados ao seu redor, fizemos questão de ficar alojados numa área central de forma a que as deslocações não implicassem grandes perdas de tempo. Depois de alguma pesquisa, descobrimos o Hotel Real Santo Domingo que acabou por satisfazer em pleno os nossos critérios de exigência uma vez que por uma tarifa bastante simpática nos permitiu ficar no coração da cidade. O quarto que nos foi atribuído era espaçoso e com as comodidades necessárias para que a nossa estadia fosse extremamente agradável. Para além do pátio interior, da cozinha comum e da simpatia de quem nos recebeu, destacamos o incrível terraço situado na área superior do edifício e no qual fizemos questão de tomar diariamente o pequeno almoço.
.O QUE VISITÁMOS AO REDOR DE OAXACA DE JUAREZ
.MONTE ALBÀN - A uma curta distância de Oaxaca de Juarez encontram-se as ruínas de Monte Albán, a antiga capital da civilização Zapoteca. Visitar este complexo arqueológico foi um dos objetivos que traçamos para a nossa estadia na cidade, não só pela proximidade mas sobretudo pela importância histórica que este local teve e ainda tem em toda a região envolvente. Situadas no topo de uma colina, aplanada propositadamente para a sua construção, as ruínas de Monte Albàn são hoje um valioso testemunho do modo de vida de um povo que dominou esta área do país até bem perto da chegada dos colonos espanhóis. Por toda a zona arqueológica ainda é possível vislumbrar pirâmides, templos, painéis de baixos relevos assim como uma extensa variedade de outras construções que outrora eram parte integrante da cidade que ali existiu.
.A CRÓNICA COMPLETA SOBRE A NOSSA VISITA ÀS RUÍNAS DE MONTE ALBÀN PODE SER LIDA AQUI.
.HIERVE EL AGUA - Literalmente perdido por entre as cadeias montanhosas que abraçam Oaxaca de Juarez encontra-se um dos mais incrível segredos presentes em toda esta vasta região e durante os dias que permanecemos na cidade fizemos questão de guardar um para a visita às famosas cascatas petrificadas de Hierve el Agua. Depois de uma curta viagem de bus entre Oaxaca e a pequena cidade de Mitla embarcámos na traseira de uma carrinha de caixa aberta que durante quase uma hora nos transportou por estradas de terra batida até ao tal local que nos tinha chamado a atenção após termos visto algumas imagens na internet. Quando pensávamos que nada poderia haver naquele fim de mundo, o nosso olhar é presenteado com uma mão cheia de pequenos tanques formados ao longo dos anos pelos resíduos de calcário da água que brota de uma nascente situada uns metros mais acima.
.A CRÓNICA COMPLETA SOBRE A NOSSA VISITA A HIERVE EL AGUA PODE SER LIDA AQUI.
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- Visitar Puebla - 10 razões para se apaixonar pela cidade
- Visitar Palenque - Guia completo para visitar a antiga cidade Maia
- San Cristobal de las Casas - Conhecer a capital cultural do estado de Chiapas
- Visitar a Cidade do México - Três dias para conhecer a capital mexicana
- Hierve el Agua - Como visitar de forma independente
- Visitar as ruínas de Monte Albàn desde Oaxaca
- Teotihuacan - Como organizar a visita de forma independente
- Cascatas Roberto Barrios - Uma agradável surpresa nas florestas de Palenque
- Da Cidade do México a Palenque - Roteiro completo para 15 dias
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- Viajar de carro pela Península de Yucatan - Roteiro para uma semana
- Izamal - Uma cidade vestida de amarelo
- Conhecer o melhor da cidade de Valladolid
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- Akumal - A praia das tartarugas
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