Passam poucos minutos das oito da manhã e o silêncio no hotel é total. Ainda não há movimentações. Como estamos num quarto com casa de banho partilhada, aproveitamos a calmaria matinal para um relaxante duche quente que se prolonga um pouco mais do que seria aconselhável.
Pouco depois estamos prontos para mais um dia e de casacos vestidos saímos à rua, percorrendo de forma aleatória as estreitas vielas ainda parcialmente tomadas por aquela neblina matinal que agora parece menos intensa.
Hoje temos como objectivo visitar as cascatas de Kuang si e é na rua principal que certamente encontraremos um tuk tuk partilhado disposto a levar-nos até lá.
De facto, somos abordados quase de imediato por um sujeito que nos propõe os seus serviços, ainda que o preço sugerido não nos agrade. Noutras circunstâncias teríamos perdido mais algum tempo a tentar chegar a um valor aceitável, mas rapidamente percebemos que nesta área iremos encontrar outras pessoas a propôr o mesmo serviço.
Um após outro vamo-nos cruzando com drivers que não estão dispostos a realizar o trajeto por menos de 30.000 kip por pessoa, valor que deve ser realmente o mínimo que iremos conseguir.
Tentamos mais uma vez e desta feita lançamos o valor de 25.000 kip. O homem hesita inicialmente mas logo depois mostra-se disposto a aceitar a nossa proposta, pedindo-nos somente um minuto para realizar um breve telefonema.
"-Estejam então aqui ás onze horas que tenho um grupo de pessoas, mas se vos perguntarem quanto pagaram, têm de dizer que foi 40.000 kip" - Diz-nos com um sorriso maroto.
"-Combinado!"
Aproveitamos aquelas quase duas horas de espera para dar uma volta pelo mercado diurno, repleto de bancas coloridas e onde acabamos por tomar o pequeno almoço. Umas sanduíches de frango e um saboroso café quente que tiveram o condão de aquecer os nossos corpos gelados.
À hora marcada e já com o sol a brilhar no céu agora azul, lá estávamos nós no local combinado. Ao ver-nos, e com um discreto movimento, o homem volta a relembra-nos que o preço oficial é de 40.000 kip, fazendo-nos de imediato sinal para entrar para a traseira daquela espécie de furgoneta.
Lá dentro já se encontram um japonês, dois sul coreanos e uma tailandesa que parece estar ligada à corrente de tão rápido que fala. Pessoal simpático e de conversa fácil.
Tudo pronto, está finalmente na altura de seguir viagem. Pelo caminho ainda fazemos uma curta pausa para recolher mais passageiros: duas brasileiras, mãe e filha, que queimavam os últimos cartuchos no Laos depois de uma viagem de trinta dias pelo Sudeste Asiático.
Agora sim, o grupo está completo. O tuk-tuk avança devagar e a certa altura até parece que o tempo passa mais depressa que os quilómetros percorridos. Quanto mais nos afastamos do ponto de partida, mais degradada se torna aquela estrada que nos dá a conhecer paisagens campestres das quais se destacam as terras de cultivo onde homens e mulheres desempenham com afinco a sua labora quotidiana.
Combinamos com o driver o horário de regresso e o ponto de encontro: Três da tarde - Estão todos de acordo.
Parece-me bem e assim teremos tempo suficiente para visitar todo o parque sem que se torne saturante.
A bilheteria é logo ali. Numa folha de papel afixada numa árvore pode ler-se: "Ticket- 20.000 kip Foreigner/5.000 kip Locals".
No Laos e à semelhança de outros países que temos visitado, os estrangeiros são sinônimo de dinheiro e como tal sentem na pele um certo aproveitamento no que diz respeito a taxas e outros quês suplementares.
Com os ingressos comprados entramos pelo enorme portão que guarda aquela espécie de mundo jurássico onde um trilho de terra húmida nos conduz por entre árvores que provavelmente já serão centenárias. Apesar do sol não conseguir atravessar o espesso tecto de folhas que se ergue sobre as nossas cabeças, o calor é agora mais forte e a humidade de talvez uns 90% faz com que transpiremos de forma mais intensa.
Os primeiros passos levam-nos até ao centro de protecção e recuperação de ursos, onde várias dezenas destes animais vivem uma segunda oportunidade depois de terem sido resgatados de situações de cativeiro negligente. Esta não será com certeza a vida perfeita, mas pelo menos aqui são bem tratados.
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Despedimo-nos dos ursos que a esta hora se deliciavam com pedaços de fruta dados momentos antes por um funcionário do parque.
Ao longe ouvimos o som da água que anuncia a proximidade com as famosas cascatas. À medida que avançamos o trilho vai ficando cada vez mais lamacento, obrigando-nos a caminhar com cuidado redobrado.
Por fim e por entre a densa vegetação temos o primeiro vislumbre das piscinas naturais de Kuang Si. O cenário é sem dúvida mais bonito do que imaginava.
Aligeiramos o passo para nos acercarmos o mais rápido possível daqueles tanques repletos de águas azul turquesa que contrastam na perfeição com o verde intenso da floresta envolvente.
Olho ao redor e é-me impossível não comparar este local com algumas secções do Parque dos Lagos Plitvice na Croácia que visitei anos antes. As semelhanças são por demais evidentes.
Uma após outra, as piscinas sucedem-se como carruagens de um comboio que trepa as encostas de uma montanha. Duas, três, outra e mais outra, umas maiores outras mais pequenas mas todas elas pintadas com o mesmo tom de azul.
Ao contrário do que seria expectável são poucos os que arriscam ir a banhos. Talvez ainda seja cedo e aproveito aquela calma temporária para fazer algumas fotos.
Despedimo-nos dos ursos que a esta hora se deliciavam com pedaços de fruta dados momentos antes por um funcionário do parque.
Ao longe ouvimos o som da água que anuncia a proximidade com as famosas cascatas. À medida que avançamos o trilho vai ficando cada vez mais lamacento, obrigando-nos a caminhar com cuidado redobrado.
Por fim e por entre a densa vegetação temos o primeiro vislumbre das piscinas naturais de Kuang Si. O cenário é sem dúvida mais bonito do que imaginava.
Aligeiramos o passo para nos acercarmos o mais rápido possível daqueles tanques repletos de águas azul turquesa que contrastam na perfeição com o verde intenso da floresta envolvente.
Olho ao redor e é-me impossível não comparar este local com algumas secções do Parque dos Lagos Plitvice na Croácia que visitei anos antes. As semelhanças são por demais evidentes.
Uma após outra, as piscinas sucedem-se como carruagens de um comboio que trepa as encostas de uma montanha. Duas, três, outra e mais outra, umas maiores outras mais pequenas mas todas elas pintadas com o mesmo tom de azul.
Ao contrário do que seria expectável são poucos os que arriscam ir a banhos. Talvez ainda seja cedo e aproveito aquela calma temporária para fazer algumas fotos.
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Vamos avançando sem grandes pressas e pouco a pouco começamos a escutar vozes de quem parece estar a divertir-se.
Mais uns metros e descobrimos o motivo de toda aquela agitação. Diante nós temos uma piscina visivelmente maior que as restantes e que é alimentada por uma incrível cascata onde meia dúzia de pessoas se banham, enquanto nas margens se agrupam algumas dezenas de outras.
A vontade de entrar na água é quase impossível de controlar. Num movimento instintivo dispo a t-shirt húmida, descalço as sandálias e sem grandes rodeios subo para um tronco de onde me lanço para o interior daquele tanque natural.
O choque é quase imediato! A água está fria, gelada e adormece por breves segundos o meu corpo que pouco depois, já recomposto do impacto inicial, nada em direção à cascata.
Após alguns momentos de reflexão a Paula ganha coragem suficiente para se juntar a mim. Mas é sol de pouca dura. A baixa temperatura da água faz com que me abandone ao fim de um par de minutos.
Apetece-me ficar ali e saborear aquele momento único, completamente envolto naquele raro pedaço de natureza em estado puro, tendo nesta altura por companhia somente dois ou três corajosos que tal como eu se recusavam a abandonar aquele local fantástico.
Inevitavelmente o corpo cedeu e da mesma forma intempestiva que entrei na água senti agora a necessidade de sair rapidamente e enxugar a pele arrepiada. Sentei-me ao sol com o objectivo de repor a temperatura corporal, aproveitando para dar umas dentadas numa das sandes que trouxemos na mochila.
Já só temos pouco mais de uma hora até atingirmos a meta de tempo combinada com o driver. Voltámos a calçar as havaianas e abandonamos aquela área do parque que se encontra cada vez mais preenchida de gente. Só a piscina natural onde há pouco me banhei é que continua praticamente deserta.
Pé ante pé e sempre com cuidado para não escorregar, vamos seguindo o trilho que corre paralelo ás piscinas. Ao longo do caminho,cruzamo-nos com famílias locais que ocupam algumas mesas de madeira com picnic's improvisados regados com a inevitável BeerLao. A humidade é cada vez maior e os nossos corpos que à pouco tremiam de frio, transpiram agora de tal forma que ensopam as t-shirts que trazemos vestidas. Dispo a minha e caminho em tronco nu, mesmo sabendo que serei presa fácil para os mosquitos que nos vão acompanhando.
Ao fim de vinte minutos de marcha somos surpreendidos com aquela que será muito provavelmente a paisagem mais incrível desta nossa viagem pelo Laos. À nossa frente temos diversas cascatas gigantescas que se erguem a várias centenas de metros de altura e que debitam milhares de litros de água que alimentam de forma sucessiva as piscinas que compõem o parque.
Comprámos uma cerveja de um litro e ali ficámos sentados a admirar aquele quadro de proporções épicas, sempre com os olhos no relógio para não deixarmos passar a hora de regresso à base.
Mais uns metros e descobrimos o motivo de toda aquela agitação. Diante nós temos uma piscina visivelmente maior que as restantes e que é alimentada por uma incrível cascata onde meia dúzia de pessoas se banham, enquanto nas margens se agrupam algumas dezenas de outras.
A vontade de entrar na água é quase impossível de controlar. Num movimento instintivo dispo a t-shirt húmida, descalço as sandálias e sem grandes rodeios subo para um tronco de onde me lanço para o interior daquele tanque natural.
O choque é quase imediato! A água está fria, gelada e adormece por breves segundos o meu corpo que pouco depois, já recomposto do impacto inicial, nada em direção à cascata.
Após alguns momentos de reflexão a Paula ganha coragem suficiente para se juntar a mim. Mas é sol de pouca dura. A baixa temperatura da água faz com que me abandone ao fim de um par de minutos.
Apetece-me ficar ali e saborear aquele momento único, completamente envolto naquele raro pedaço de natureza em estado puro, tendo nesta altura por companhia somente dois ou três corajosos que tal como eu se recusavam a abandonar aquele local fantástico.
Já só temos pouco mais de uma hora até atingirmos a meta de tempo combinada com o driver. Voltámos a calçar as havaianas e abandonamos aquela área do parque que se encontra cada vez mais preenchida de gente. Só a piscina natural onde há pouco me banhei é que continua praticamente deserta.
Pé ante pé e sempre com cuidado para não escorregar, vamos seguindo o trilho que corre paralelo ás piscinas. Ao longo do caminho,cruzamo-nos com famílias locais que ocupam algumas mesas de madeira com picnic's improvisados regados com a inevitável BeerLao. A humidade é cada vez maior e os nossos corpos que à pouco tremiam de frio, transpiram agora de tal forma que ensopam as t-shirts que trazemos vestidas. Dispo a minha e caminho em tronco nu, mesmo sabendo que serei presa fácil para os mosquitos que nos vão acompanhando.
Ao fim de vinte minutos de marcha somos surpreendidos com aquela que será muito provavelmente a paisagem mais incrível desta nossa viagem pelo Laos. À nossa frente temos diversas cascatas gigantescas que se erguem a várias centenas de metros de altura e que debitam milhares de litros de água que alimentam de forma sucessiva as piscinas que compõem o parque.
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