Acordo cedo e é-me impossível não pensar que em pouco mais de vinte e quatro horas já estaremos a caminho de casa. Lá fora oiço os sons de uma cidade que também parece ter despertado cedo.
Sinto-me desconfortável. Estou ansioso por me libertar deste quarto abafado para que possa voltar a sentir o ambiente das ruas que nos receberam ontem à noite quando chegámos vindos de Vang Vieng.
A Paula ainda dorme. Quero aproveitar estes momentos de calma matinal e sem outras opções, sento-me num terraço comum enquanto dou uma vista de olhos rápida pelo guia Lonely Planet onde assinalo meia dúzia de locais que me parecem interessantes.
Depois do pequeno almoço comprado num supermercado, estamos finalmente prontos para mais uma jornada que se anuncia diferente do tudo o que vivemos nos últimos dias.
Ainda que nunca aqui tenhamos estado, a confusão que se vive nas ruas de Vientiane, recordam-nos tempos passados e transportam-nos com um misto de nostalgia e felicidade para cidades como Bangkok ou Hanoi. É esta Ásia que nos fascina e pela qual nos apaixonámos deste o momento que a conhecemos.
A manhã está agradável e os primeiros passos levam-nos em direção ao mais antigo e um dos mais importantes santuários Budistas da cidade.
O Wat Si Saket é uma espécie de memória viva de uma cidade que já não existe, quando as carroças circulavam pelas ruas hoje entupidas de carros e motas.
Neste bonito templo respira-se tranquilidade e o misticismo característico deste tipo de locais é-nos transmitido pelas milhares de estátuas de Buda que se encontram espalhadas ao redor do edifício principal, que apesar de um pouco negligenciado impressiona pelos detalhes esculpidos nas portas e fachada principal.
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Voltámos por breves momentos ao rebuliço das ruas da capital e a próxima paragem acontece no Haw Pha Kaew, situado do outro lado da estrada. Um bonito templo, entre tantos outros que existem em Vientiane e tal como havíamos feito no Wat Si Saket também aqui precisámos de pagar 5000 kip para aceder ao espaço onde temos a companhia de um enorme grupo de alemães mais barulhentos que uma turma de adolescentes numa qualquer visita de estudo.
Apesar do espaço ser pequeno, tentamos afastar-nos um pouco em busca de alguma calma e em vez de acedermos de imediato ao edifício principal, optamos por dar uma volta de reconhecimento pelos bem cuidados jardins.
Agora sim, já sem os turistas mal comportados o silêncio voltou. Deixamos os chinelos no meio de outros tantos que por ali se amontoam e acedemos ao santuário, agora ocupado por meia dúzia de devotos que realizam as suas orações.
De regressamos à rua e ao contacto com o quotidiano das gentes do Laos, passamos pelo imponente Palácio Presidencial, diante do qual alguns militares trajados a rigor se mantêm imóveis debaixo daquele sol abrasador. Tal como suspeitávamos, não podemos aceder ao interior do espaço e continuamos o nosso passeio agora para oriente onde aqui e ali nos cruzamos com testemunhos da presença francesa de outros tempos, que embora em estado de visível abandono, vão resistindo ao passar dos anos.
Fomos andando nas calmas, sempre seguindo as indicações de um mapa que já viu melhores dias mas que ainda assim nos vai guiando por algumas ruas secundárias que parecem ter sido esquecidas pelo trânsito. Dois miúdos brincam de forma descontraída enquanto a mãe vai alinhando as frutas que vende na sua banca improvisada.
-"quanto custa o ananás?"
-"5.000 kip"
-"ok, levamos um"
Mais à frente cruzamo-nos com uma casa de câmbio onde aproveitamos para trocar algum dinheiro para os últimos gastos desta viagem. Vinte euros serão certamente suficientes.
O local que agora procuramos é já não deve ser longe. Pautai, é desta forma que é conhecido o arco do triunfo que se ergue imponente no meio de uma movimentada rotunda, numa das zonas mais nobres da cidade. Embora nunca tenha sido terminado é um monumento cheio de significado para as gentes do Laos, uma vez que foi erguido em honra de todos os que lutaram pela independência do país.
Passamos por entre as suas arcadas decoradas com bonitos detalhes e sob as quais se encontram várias pessoas (na sua maior parte turistas) que aguardam a sua vez para aceder ao topo de onde se terá com certeza uma vista fantástica sobre a principal avenida da capital.
Quanto a nós, a ascensão terá de ficar para uma futura visita. Preferimos ficar ali mesmo, no belíssimo jardim, e relaxar à sombra de uma qualquer palmeira enquanto enganamos o estômago com o ananás comparado ainda à pouco.
Voltámos por breves momentos ao rebuliço das ruas da capital e a próxima paragem acontece no Haw Pha Kaew, situado do outro lado da estrada. Um bonito templo, entre tantos outros que existem em Vientiane e tal como havíamos feito no Wat Si Saket também aqui precisámos de pagar 5000 kip para aceder ao espaço onde temos a companhia de um enorme grupo de alemães mais barulhentos que uma turma de adolescentes numa qualquer visita de estudo.
Apesar do espaço ser pequeno, tentamos afastar-nos um pouco em busca de alguma calma e em vez de acedermos de imediato ao edifício principal, optamos por dar uma volta de reconhecimento pelos bem cuidados jardins.
Agora sim, já sem os turistas mal comportados o silêncio voltou. Deixamos os chinelos no meio de outros tantos que por ali se amontoam e acedemos ao santuário, agora ocupado por meia dúzia de devotos que realizam as suas orações.
De regressamos à rua e ao contacto com o quotidiano das gentes do Laos, passamos pelo imponente Palácio Presidencial, diante do qual alguns militares trajados a rigor se mantêm imóveis debaixo daquele sol abrasador. Tal como suspeitávamos, não podemos aceder ao interior do espaço e continuamos o nosso passeio agora para oriente onde aqui e ali nos cruzamos com testemunhos da presença francesa de outros tempos, que embora em estado de visível abandono, vão resistindo ao passar dos anos.
Fomos andando nas calmas, sempre seguindo as indicações de um mapa que já viu melhores dias mas que ainda assim nos vai guiando por algumas ruas secundárias que parecem ter sido esquecidas pelo trânsito. Dois miúdos brincam de forma descontraída enquanto a mãe vai alinhando as frutas que vende na sua banca improvisada.
-"quanto custa o ananás?"
-"5.000 kip"
-"ok, levamos um"
Mais à frente cruzamo-nos com uma casa de câmbio onde aproveitamos para trocar algum dinheiro para os últimos gastos desta viagem. Vinte euros serão certamente suficientes.
O local que agora procuramos é já não deve ser longe. Pautai, é desta forma que é conhecido o arco do triunfo que se ergue imponente no meio de uma movimentada rotunda, numa das zonas mais nobres da cidade. Embora nunca tenha sido terminado é um monumento cheio de significado para as gentes do Laos, uma vez que foi erguido em honra de todos os que lutaram pela independência do país.
Passamos por entre as suas arcadas decoradas com bonitos detalhes e sob as quais se encontram várias pessoas (na sua maior parte turistas) que aguardam a sua vez para aceder ao topo de onde se terá com certeza uma vista fantástica sobre a principal avenida da capital.
Quanto a nós, a ascensão terá de ficar para uma futura visita. Preferimos ficar ali mesmo, no belíssimo jardim, e relaxar à sombra de uma qualquer palmeira enquanto enganamos o estômago com o ananás comparado ainda à pouco.
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Depois de uns momentos de descanso espera-nos mais uma longa caminhada. Para lá do arco, aquela larga avenida prolonga-se para norte e é nessa direção que seguimos.
Sem hesitações nem falhas, viramos à direita no local correcto e avançamos agora na rua que segundo o mapa nos levará ao Pha That Luang, outro do grandes wat's da capital.
Passamos por mercearias, cafés, oficinas e lojas que ocupam os pisos terrenos daqueles edifícios coloniais que já viram melhores dias.
Ao longe já se avista a grande Stupa dourada que brilha como um farol e que agora nos serve de ponto de referência. Contornamos o muro e acedemos por uma pequena porta ao interior do complexo onde, além do vistoso santuário budista, alberga também um bonito palácio e um Buda reclinado que com um sorriso enigmático parece estar a dar as boas vindas a quem ali chega.
Andamos por ali talvez uma hora, tempo mais que suficiente para visitar todos os espaços religiosos do complexo que apesar da sua inegável beleza não tem o condão de nos conquistar. Pareceu-nos de certa forma artificial... demasiado maquilhado.
O tempo avança mais rápido que as motas e carros que por nós passam a alta velocidade.
Numa altura em que os ponteiros do relógio se aproximam das três da tarde, o estômago volta a lembrar-nos que está na hora de comer algo mais consistente que a fruta e as bolachas que sem grande resultado vão atenuando a fome.
Pelo caminho vamos tirando a pinta aos poucos restaurantes com que nos cruzamos mas acabamos sempre por seguir viagem na esperança de que o seguinte nos apresente preços mais apelativos. Além disso, quando esta manhã passámos pela zona de Talat Sao, ficámos com a sensação de ter visto algumas bancas de comida de rua.
Não só tínhamos razão como adorámos o ambiente e acabámos por aconchegar o estômago com uns deliciosos nacos de carne grelhada acompanhados de umas cervejas bem frescas. Era mesmo isto que estávamos a precisar.
Aproveitamos a passagem por este local para confirmar se o bus para o Buda Park (que visitaremos no dia seguinte) sai realmente daquela zona. Confirma-se a informação que temos. É o número 14 e parte de forma regular.
Por agora o dia corre como previsto e já só nos falta visitar um local daqueles que assinalámos no nosso mapa. Aparentemente não estamos muito longe e a caminhada acaba por se fazer em menos de dez minutos.
Sem dificuldades chegamos ao Cope, um centro de reabilitação criado por uma ONG com o objectivo de ajudar as vítimas das bombas e minas terrestres resultantes dos bombardeamentos ocorridos durante a Guerra do Vietname.
O espaço está muito bem organizado e permite a todos os visitantes perceberem de forma clara o porquê do Laos ter sido uma das principais vítima dos efeitos colaterais de um conflito que não lhe dizia respeito. Ainda hoje e depois de mais de quarenta anos, um terço do país continua a sofrer com as minas que ainda matam e mutilam centenas de pessoas.
Visitar este local deu-nos a oportunidade de ficar a conhecer melhor os factos e o impacto desta guerra silenciosa.
Com a sensação de missão cumprida, a tarde avança e o dia encaminha-se rapidamente para o seu terminus.
Seguimos então em direção a uma espécie de calçadão que se alonga par a par com o rio Mekong que nesta altura do ano não é mais que um estreito fio de água que marca a fronteira entre o Laos e a Tailândia. A zona revela-se bastante agradável e a esta hora enche-se de habitantes locais e turistas que se misturam num vai e vem constante. Veem-se casais de namorados que trocam mimos completamente abstraídos do mundo, crianças que correm sem direção definida como se perseguissem a sua própria sombra e vários grupos de novos e velhos que exercitam o corpo ao som de melodias ritmadas. Em pontos estratégicos vão surgindo os primeiros negócios de circunstância que certamente ali ficarão para o mercado nocturno.
Quanto a nós, sentados num local privilegiado, observamos tudo isto enquanto o sol se vai escondendo no horizonte.
Depois de uns momentos de descanso espera-nos mais uma longa caminhada. Para lá do arco, aquela larga avenida prolonga-se para norte e é nessa direção que seguimos.
Sem hesitações nem falhas, viramos à direita no local correcto e avançamos agora na rua que segundo o mapa nos levará ao Pha That Luang, outro do grandes wat's da capital.
Passamos por mercearias, cafés, oficinas e lojas que ocupam os pisos terrenos daqueles edifícios coloniais que já viram melhores dias.
Ao longe já se avista a grande Stupa dourada que brilha como um farol e que agora nos serve de ponto de referência. Contornamos o muro e acedemos por uma pequena porta ao interior do complexo onde, além do vistoso santuário budista, alberga também um bonito palácio e um Buda reclinado que com um sorriso enigmático parece estar a dar as boas vindas a quem ali chega.
Andamos por ali talvez uma hora, tempo mais que suficiente para visitar todos os espaços religiosos do complexo que apesar da sua inegável beleza não tem o condão de nos conquistar. Pareceu-nos de certa forma artificial... demasiado maquilhado.
O tempo avança mais rápido que as motas e carros que por nós passam a alta velocidade.
Numa altura em que os ponteiros do relógio se aproximam das três da tarde, o estômago volta a lembrar-nos que está na hora de comer algo mais consistente que a fruta e as bolachas que sem grande resultado vão atenuando a fome.
Pelo caminho vamos tirando a pinta aos poucos restaurantes com que nos cruzamos mas acabamos sempre por seguir viagem na esperança de que o seguinte nos apresente preços mais apelativos. Além disso, quando esta manhã passámos pela zona de Talat Sao, ficámos com a sensação de ter visto algumas bancas de comida de rua.
Não só tínhamos razão como adorámos o ambiente e acabámos por aconchegar o estômago com uns deliciosos nacos de carne grelhada acompanhados de umas cervejas bem frescas. Era mesmo isto que estávamos a precisar.
Aproveitamos a passagem por este local para confirmar se o bus para o Buda Park (que visitaremos no dia seguinte) sai realmente daquela zona. Confirma-se a informação que temos. É o número 14 e parte de forma regular.
Por agora o dia corre como previsto e já só nos falta visitar um local daqueles que assinalámos no nosso mapa. Aparentemente não estamos muito longe e a caminhada acaba por se fazer em menos de dez minutos.
Sem dificuldades chegamos ao Cope, um centro de reabilitação criado por uma ONG com o objectivo de ajudar as vítimas das bombas e minas terrestres resultantes dos bombardeamentos ocorridos durante a Guerra do Vietname.
O espaço está muito bem organizado e permite a todos os visitantes perceberem de forma clara o porquê do Laos ter sido uma das principais vítima dos efeitos colaterais de um conflito que não lhe dizia respeito. Ainda hoje e depois de mais de quarenta anos, um terço do país continua a sofrer com as minas que ainda matam e mutilam centenas de pessoas.
Visitar este local deu-nos a oportunidade de ficar a conhecer melhor os factos e o impacto desta guerra silenciosa.
Com a sensação de missão cumprida, a tarde avança e o dia encaminha-se rapidamente para o seu terminus.
Seguimos então em direção a uma espécie de calçadão que se alonga par a par com o rio Mekong que nesta altura do ano não é mais que um estreito fio de água que marca a fronteira entre o Laos e a Tailândia. A zona revela-se bastante agradável e a esta hora enche-se de habitantes locais e turistas que se misturam num vai e vem constante. Veem-se casais de namorados que trocam mimos completamente abstraídos do mundo, crianças que correm sem direção definida como se perseguissem a sua própria sombra e vários grupos de novos e velhos que exercitam o corpo ao som de melodias ritmadas. Em pontos estratégicos vão surgindo os primeiros negócios de circunstância que certamente ali ficarão para o mercado nocturno.
Quanto a nós, sentados num local privilegiado, observamos tudo isto enquanto o sol se vai escondendo no horizonte.
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