"Se querem ir ao Portuguese Settlement o melhor é apanharem o autocarro, ainda é longe"
Foram estas as palavras do senhor do supermercado ao lado do hotel onde parámos para comprar água.
"Autocarro? Não é bem esta a nossa ideia".
Temos tempo. Guardámos dois dias para explorar a cidade e não estamos com muita vontade de nos enfiar dentro de um autocarro.
"Queríamos mesmo ir a pé".
"Olhem que é longe. A pé vão levar talvez uma hora".
Agradecemos a simpatia e decidimos que iríamos chegar ao Bairro Português pelos nossos pés. Fosse longe ou perto!
Estendemos o mapa numa mesa e de imediato começámos a estudar e a delinear qual o melhor trajecto para nos levar ao local que tanto queríamos visitar.
Vamos lá dar corda aos sapatos!
Tal como nos havia sido transmitido, foi mais ou menos depois de uma hora de caminhada que chegámos ao local onde entre os séculos XVI e XVII se estabeleceu a comunidade Portuguesa e da qual ainda restam alguns descendentes que com orgulho mantêm vivas as suas origens.
A certa altura começámos a ver ruas com apelidos portugueses e habitações com estátuas de Nossa Senhora de Fátima que rapidamente nos fizeram sentir em casa. A cada metro que avançávamos os nossos olhos buscavam sem sucesso pessoas com feições que se assemelhassem a Manueis, Josés ou Marias.
Uma placa onde se pode ler Medan Portugis (Praça Portugal) mostra-nos que finalmente chegámos ao local que tanto queríamos conhecer.
Dois ou três restaurantes ocupam grande parte deste espaço praticamente deserto mas nenhum se encontra aberto. Talvez ainda seja cedo.
Os menus afixados à porta de cada um dizem-nos que de Portugueses só têm mesmo a aparência e o nome. Noodles, arroz, mariscos e alguns pratos de peixe compõem a ementa.
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Olhamos ao redor à procura de alguém e apercebemo-nos da presença de três homens sentados um pouco mais à frente e que nos saúdam com um ligeiro abanar de cabeça.
Aproximamo-nos e somos recebidos com um bem pronunciado "Bom dia".
De imediato reconheço o rosto daquele homem que de forma orgulhosa enverga um polo com com a nossa bandeira.
"O senhor é o "Papa Joe" não é?"
A resposta positiva é dada acompanhada de um sorriso.
"É assim que me chamam, mas o meu nome é Joe Manuel Lazaro"
"Ainda na semana passada vi na internet alguns videos do senhor a cantar em Português".
"Sim, é ali no meu restaurante. São os clientes que gravam" - Voltando a sorrir.
"Mas está fechado?!"
"Agora está. Só abre à noite. É nessa altura que vêm os autocarros com os turistas chineses".
Fomos convidados a sentar-nos e ficámos ali um bom bocado na conversa. Ora em Português ora em Inglês, pois os outros dois homens que lhe fazem companhia, apesar das raízes lusas, não se exprimem na nossa língua.
Falamos do nosso país, dos portugueses que tal como nós ali aparecem de vez em quando e da única vez que o "Papa Joe" foi a Portugal.
"Já foi há uns anos. Fui convidado para ir a Coimbra. Gostei muito!".
Contudo e agora com um ar mais sério, confessa-nos que os descendentes lusos de Malaca se sentem um pouco esquecidos pelos governantes do nosso país, atirando de imediato:
"Não queremos dinheiro. Gostávamos só que este nosso pedaço de Portugal fosse mais divulgado, de forma a trazer aqui mais visitantes".
Conseguimos ver nos seus olhos o entusiasmo que sente enquanto fala connosco. Sempre num Português bastante aceitável.
Aproximamo-nos e somos recebidos com um bem pronunciado "Bom dia".
De imediato reconheço o rosto daquele homem que de forma orgulhosa enverga um polo com com a nossa bandeira.
"O senhor é o "Papa Joe" não é?"
A resposta positiva é dada acompanhada de um sorriso.
"É assim que me chamam, mas o meu nome é Joe Manuel Lazaro"
"Ainda na semana passada vi na internet alguns videos do senhor a cantar em Português".
"Sim, é ali no meu restaurante. São os clientes que gravam" - Voltando a sorrir.
"Mas está fechado?!"
"Agora está. Só abre à noite. É nessa altura que vêm os autocarros com os turistas chineses".
Fomos convidados a sentar-nos e ficámos ali um bom bocado na conversa. Ora em Português ora em Inglês, pois os outros dois homens que lhe fazem companhia, apesar das raízes lusas, não se exprimem na nossa língua.
Falamos do nosso país, dos portugueses que tal como nós ali aparecem de vez em quando e da única vez que o "Papa Joe" foi a Portugal.
"Já foi há uns anos. Fui convidado para ir a Coimbra. Gostei muito!".
Contudo e agora com um ar mais sério, confessa-nos que os descendentes lusos de Malaca se sentem um pouco esquecidos pelos governantes do nosso país, atirando de imediato:
"Não queremos dinheiro. Gostávamos só que este nosso pedaço de Portugal fosse mais divulgado, de forma a trazer aqui mais visitantes".
Conseguimos ver nos seus olhos o entusiasmo que sente enquanto fala connosco. Sempre num Português bastante aceitável.
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O mais novo dos três homens fala-me com orgulho do museu criado pelo seu pai e pelo qual é responsável.
Um pouco a medo pergunta-nos se não queremos visitar.
"Claro que sim!" - Acedemos de imediato.
O espaço não é mais que uma sala repleta de objectos típicos do nosso país, na sua maioria doados por amigos Portugueses.
Foi já no interior do seu restaurante com paredes pintadas de tons vermelho e verde e a beber uma cerveja local que o "Papa Joe" nos mostra o caranguejo de S.Francisco Xavier, com a cruz marcada na carapaça.
O ambiente é agora bem mais descontraído e foi quase sem estarmos à espera, que aquele homem de sorriso fácil, pega na sua guitarra e nos presenteia com algumas canções que tão bem conhecemos.
"Da cá um beijo, dá cá, dá cá. Dá cá um beijo não sejas má...".
Rimos, cantámos e batemos palmas ao som daquelas melodias que ali, a milhares de quilómetros de casa tiveram um impacto inesperado nos nossos corações.
Nesta nossa passagem pelo Bairro Português de Malaca testemunhámos o empenho e o esforço que estas pessoas, que mesmo com poucas ligações a Portugal, continuam a manter vivas a chama deixada pelos nossos "antepassados".
O mais novo dos três homens fala-me com orgulho do museu criado pelo seu pai e pelo qual é responsável.
Um pouco a medo pergunta-nos se não queremos visitar.
"Claro que sim!" - Acedemos de imediato.
O espaço não é mais que uma sala repleta de objectos típicos do nosso país, na sua maioria doados por amigos Portugueses.
Foi já no interior do seu restaurante com paredes pintadas de tons vermelho e verde e a beber uma cerveja local que o "Papa Joe" nos mostra o caranguejo de S.Francisco Xavier, com a cruz marcada na carapaça.
O ambiente é agora bem mais descontraído e foi quase sem estarmos à espera, que aquele homem de sorriso fácil, pega na sua guitarra e nos presenteia com algumas canções que tão bem conhecemos.
"Da cá um beijo, dá cá, dá cá. Dá cá um beijo não sejas má...".
Rimos, cantámos e batemos palmas ao som daquelas melodias que ali, a milhares de quilómetros de casa tiveram um impacto inesperado nos nossos corações.
Nesta nossa passagem pelo Bairro Português de Malaca testemunhámos o empenho e o esforço que estas pessoas, que mesmo com poucas ligações a Portugal, continuam a manter vivas a chama deixada pelos nossos "antepassados".
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