quinta-feira, 27 de abril de 2017

BOLONHA - VISITAR A BONITA CIDADE DAS MIL ARCADAS

O que visitar em Bolonha roteiro

A viagem de comboio desde Verona durou cerca de uma hora e meia, permitindo que chegássemos a Bolonha antes das sete da tarde.
Entretanto o tempo alterou-se por completo. O céu que ainda à pouco era azul, encontra-se agora coberto de nuvens cinzentas que não auguram nada de bom.
Assim de repente,Bolonha parece-nos uma cidade suja, sem brilho e com um trânsito caótico que nos recorda a nossa passagem por Milão.

Um pouco mais à frente, perto de uma das antigas Portas da Cidade veem-se alguns sem abrigo que na infelicidade da vida fazem deste espaço público a sua casa imaginária.


O que visitar em Bolonha roteiro

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Ao longo do caminho que percorremos em direção ao alojamento que já trazemos reservado o cenário acaba por alcançar dimensões bem mais animadoras até porque esta grande metrópole vai-nos mostrando uma bem composta lista de tesouros prontos a serem descobertos. O caminho faz-se por uma avenida ladeada de arcadas na qual o ambiente é de total descontração. Pessoas circulam fixadas nas suas vidas, completamente indiferentes à beleza dos detalhes de elegância e charme que se espalham pelas fachadas dos edifícios que embora maltratados revelam uma beleza impar. 
Subitamente cruzamos um inesperado aglomerado de turistas que de forma desorganizada se alinham para espreitar através de uma pequena janela, plantada na parede de umas arcadas. Ao espreitar por aquele nicho recordo então algo que havia lido sobre Bolonha. Diz-se que em tempos existira na cidade uma grande rede de canais que serpenteavam por entre a zona antiga. Ao que parece este é um dos poucos locais de onde se consegue observar um dos tais canais que sobreviveram ao avanço da modernização.

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A partir de certa altura os carros que até aqui circulavam na via dão lugar a esplanadas que preenchem grande parte daquela artéria que segundo parece permanece vedada ao trânsito aos domingos.
Já na praça central, a dois passos dos principais monumentos, a agitação ganha uma dimensão difícil de explicar.
Há artistas de rua que dançam, tocam e enchem de ritmos os mais variados espaços da cidade.
De forma gradual as luzes dos candeeiros vão-se acendendo que aos poucos salpicam de pequenos pontos luminosos aquelas ruas cheias de gente alegre, que queima os últimos cartuxos de um fim de semana prestes a terminar.

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Na manhã seguinte, antes do despertador anunciar a alvorada já estou a pé. Da janela do quarto assisto ao chegar de um novo dia que se anuncia cinzento. Não me parece que vá chover, mas a falta de luz natural vai sem dúvida condicionar a maneira como olhamos para aqueles monumentos e edifícios históricos.
Na rua, o ambiente é visivelmente diferente do testemunhado na noite anterior. Os sorrisos de ontem são agora substituídos por rostos fechados e expressões típicas de quem se dirige para os seus afazeres numa segunda feira de manhã.
Quase nos primeiros metros de marcha, cruzamo-nos por acaso com a velhinha Farmácia Zarri que de forma heróica sobrevive ano após ano ao enorme peso da modernização.

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Chegamos à Piazza Maggiore que ainda se encontra envolta num silêncio raro de presenciar. É por momentos como este que sempre que viajo insisto em levantar-me cedo.
Gosto de ver o despertar de uma cidade, de viver e sentir aquela calma matinal, sem pressas nem outras distrações.
Infelizmente a mítica Estátua de Neptuno encontra-se coberta e a sofrer trabalhos de restauro e naquele espaço carregado de glamour é a grande Basilica di San Petronio ainda com as suas portadas de madeira fechadas, que mais se destaca em toda aquela envolvência que me causa arrepios.
Ao redor, uma mão cheia de antigos Palazzos assentes sobre bonitos corredores de arcadas que caracterizam a cidade, e que ao longo dos anos se transformaram numa das suas imagens de marca.
É-nos difícil escolher para onde ir e o Palazzo Comunale surge como a opção mais viável, uma vez que é o único que permite a entrada de visitantes àquela hora vespertina.
Depois de umas fotos acedemos a um bonito pátio interior onde como em toda a cidade predomina a cor vermelha. Naquela manhã, somos os únicos e muito provavelmente os primeiros a visitar aquele espaço, que por agora é ocupado por bandos de pardais que com o aparecimento dos primeiros raios de sol, vão deixando os nichos que usaram para passar a noite.

O que visitar em Bolonha roteiro

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Voltamos à praça que ainda que de forma contida começa a ficar vestida de gente. Turistas de máquina fotográfica em punho misturam-se com outros passantes e até com alguns artistas de rua que se preparam para encarnar as sua personagens.
A um canto, perto do Palazzo dei Banchi, dois policias observam os movimentos de quem por ali circula.
Com a chegada das oito horas, abrem-se as portas da Basilica di San Petronio que recebe de imediato os primeiros visitantes e aos quais nos juntamos.
Lá dentro aquelas vinte ou trinta pessoas que nos acompanham dispersam-se rapidamente pela enorme nave central, sustentada por grandes colunas de mármore. Um homem de ar severo, circula aleatoriamente pelo espaço com o objectivo de lembrar aos visitantes que se quiserem tirar fotografias terão de pagar uma taxa de dois euros.
Acho ridículo esta política e disfarçadamente tento sacar umas imagens que acabam por não sair grande coisa.

O que visitar em Bolonha roteiro

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Estamos de regresso à praça e mais uma vez as mudanças são visíveis. Desta vez é o sol que parece ter conseguido romper de uma vez por todas aquela barreira de nuvens negras que até à pouco cobria o céu.
É altura de sair dali e fazêmo-lo por um pequeno túnel que se abre entre o Palazzo Re Enzo e o Palazzo dei Podestà, onde segundo havíamos lido, acontece um fenómeno que nos causava alguma curiosidade.
Colocamo-nos cada um virados de frente para os pilares daquela galeria abobadada, e junto à parede, sussurrámos algumas palavras que se ouviram claramente no canto oposto.
Incrível, funciona mesmo!

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As Duas Grandes Torres que marcam a paisagem citadina de Bolonha ficam logo ali, no final da Via Rizzoli. A visão daquele par de gigantes é além de impressionante, um tanto ao quanto assustadora, uma vez que nenhuma delas se encontra verdadeiramente na vertical.
A menor e à qual por motivos de segurança já foi retirada a parte superior é a que se encontra em pior estado e é apelidada de Garisenda. A outra com uma altura que atinge quase cem metros, dá pelo nome de Asinelli, e para quem gosta de desafiar a gravidade poderá subir até ao topo de onde terá com certeza uma vista fantástica sobre toda a cidade.
Quanto a mim e como não me dou bem com alturas, prefiro observá-las com os pés bem assentes no chão enquanto me delicio com um gelado comprado numa loja ali ao lado.

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Ainda de cone na mão e a mordiscar aquela combinação de sabores, continuamos o passeio que nos faz passar em frende do Palazzo della Mercancia que com o seu ar medieval se destaca naquela bifurcação onde nos mantemos por breves momentos, um pouco indecisos sobre qual o caminho a seguir.
A escolha recai pela movimentada Via Santo Stefano que se torna ainda mais estreita devido aos inúmeros carros estacionados de ambos os lados da estrada. Por nós, e cada vez em maior número,v ão passando bicicletas que pelo que temos visto são um dos meios de transporte mais usados em Bolonha.

O que visitar em Bolonha roteiro

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Já se avista a Basilica di Santo Stefano que se ergue ao fundo daquela praça de forma triangular rodeada de arcadas e esplanadas que convidam a momentos de tranquilidade. 
Sentados no chão, vários grupos de jovens provavelmente pertencentes a escolas artísticas da região, têm naquele final de manhã, uma espécie de aula ao ar livre.
A entrada na Basilica é gratuita e não queríamos mesmo deixar passar a oportunidade de conhecer este santuário,que pela sua grande importância histórica é um dos locais de culto mais marcantes da cidade.
O interior é constituído por um complexo de sete pequenas igrejas e claustros construídos em diversos períodos e onde por sorte andámos quase sempre de forma tranquila e sem grandes enchentes. 

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Voltamos à praça e o cenário continua igual com os grupos de adolescentes concentrados nos seus trabalhos e as esplanadas cada vez mais cheias de pessoas, que sentadas debaixo dos chapéus de sol desfrutam do bom tempo.
A fome vai chegando e hoje o nosso almoço será diferente. Queremos manter-nos longe das fatias de Pizza que têm sido a nossa principal fonte de alimento nos últimos dias e numa espécie de pic-nic improvisado, regalamos os estômagos com umas enormes sandes feitas com produtos locais comprados num supermercado situado nas proximidades.

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Há cada vez mais vida e no ar paira uma energia positiva que tem o condão de nos contagiar.
Passam poucos minutos das duas da tarde e Bolonha já não tem segredos para nós. As grandes atrações estão vistas e o tempo é passado a cirandar ao acaso pelas ruas que mostram agora uma cidade visivelmente diferente daquela que nos recebeu ao acordar.
Quase por acaso damos com a Osteria del Sole. Uma velha taberna cheia de carisma onde  aproveitámos para beber uma cerveja enquanto escutávamos meia dúzia de homens que discutiam de forma enérgica os acontecimentos futebolísticos do dia anterior.

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Damos uma rápida vista de olhos pelo mapa que nos leva a passar pela Piazza Galvani, onde se situa uma das mais importantes e bonitas bibliotecas de Bolonha, a que todos chamam de Archiginnasio.
Consultamos o relógio e ainda temos tempo para uma visita rápida que no final de contas acaba por não acontecer pois segundo a explicação da senhora do guichet o acesso à biblioteca está restringido a portadores de um qualquer cartão.
Ficamo-nos pelo claustro, rodeado de arcadas, onde as paredes e os tectos abobadados se encontram preenchidos com pinturas representando antigos brasões, provavelmente de antigas famílias influentes de Bolonha.

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O dia que se iniciou bem cedo acabou por correr na perfeição.
Bolonha deu-se a conhecer sem rodeios nem vergonhas. Fizemos questão de acordar com ela e com a sua conivência assistimos aos momentos em que se punha bonita para receber quem a vem visitar.
É verdade que não foi amor à primeira vista mas pouco a pouco a cumplicidade foi crescendo e agora que nos despedimos, percebemos o quão especial é esta cidade.


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