quinta-feira, 14 de agosto de 2025

MONTE BROMO - VISITAR UM DOS VULCÕES MAIS ATIVOS DA INDONÉSIA


Java é uma ilha de contrastes na qual a natureza exuberante se entrelaça com a riqueza cultural de um povo que ao longo dos tempos tem vindo a aprimorar a sua forte personalidade. Viajar nesta região da Indonésia revelou ser uma experiência única que nos permitiu descobrir uma mão cheia de templos ancestrais, de sentir os sabores perfumados da comida típica assim como tomar conhecimento com dezenas de tradições seculares que ainda hoje se mantêm bem vivas. 
Mas esta bonita ilha é também sinónimo de vulcões e sem a experiência de caminhar no topo de uma cratera fumegante nunca poderíamos dizer que testemunhámos o melhor que Java tem para oferecer a quem a visita.

Foi então dominados por uma quase incontrolável vontade de sentir a energia de um dos mais ativos vulcões do país que rumámos à pequena aldeia de Cemoro Lawang, situada a dois passos do incrível e por vezes temperamental Gunung Bromo. 

O som estridente do alarme do telemóvel interrompe a noite que ainda agora parece ter começado. Apesar do corpo reclamar mais algum descanso saltamos da cama, vestimo-nos e antes de abandonar o pequeno quarto lançamos um último olhar para o interior das mochilas de forma a confirmar que temos tudo o que necessitamos para as horas que se seguem. Passam poucos minutos das duas da manhã quando encaramos a escuridão da noite mas o vento quase cortante que se faz sentir obriga-nos a voltar para trás para recolher alguns agasalhos suplementares. 


Equipados a rigor, estamos então prontos para dar início à primeira etapa de uma jornada que se anuncia memorável. Sob um céu estrelado juntamo-nos, ainda na aldeia de Cemoro Lawang, a um pequeno grupo de caminhantes que tal como nós optou por realizar o trajeto de forma independente, não fazendo uso dos veículos 4x4 que circulam no parque e transportam grande parte dos visitantes. 

O objetivo desta caminhada noturna é alcançar o topo do Monte Penanjakan, conhecido por ser um dos melhores locais da caldeira para assistir ao nascer do sol. Apesar da inclinação, o trilho não apresenta um nível de dificuldade demasiado fisico, ainda que pela quase ausência de luz seja necessário avançar com cautela uma vez que um qualquer passo em falso pode resultar num tropeção ou numa escorregadela. Sem um conhecimento detalhado da área, assumimos a chegada ao local desejado no momento em que nos deparamos com uma generosa aglomeração de pessoas que, sentadas sobre a encosta, já reservaram para si um pequeno pedaço de terreno. 




Por entre a numerosa plateia procuramos também nós encontrar um lugar que nos permita assistir confortavelmente ao espetáculo que não tarda nada terá início. 
Pouco a pouco a luz do sol irrompe para lá da cadeia montanhosa desenhada no horizonte, revelando ao nosso olhar aquela que porventura será uma das mais belas paisagens da Indonésia. Ainda que parcialmente envoltos numa suave neblina conseguimos identificar de forma clara alguns dos vulcões presentes no chamado mar de cinzas. Em primeiro plano surge o bonito cone do Batok, guardado pelo famoso Bromo que para além de se manter ativo é, por vezes, responsável por causar alguma agitação no parque. Ao fundo, no extremo oposto, ergue-se o quase perfeito cone do Semeru que do alto dos seus 3676 metros se assume como uma espécie de guardião da caldeira. 




À medida que o sol ganha altura a multidão dispersa, deixando-nos quase sós naquele ponto de observação privilegiado. Não temos pressa em abandonar o local até porque o estômago já reclama algum sustento e os mantimentos que "saltam" da mochila acabam por nos proporcionar um pequeno-almoço quase tão sublime quanto a vista que dali se consegue. 

Segue-se outra longa mas agradável caminhada. Avançamos agora pela estrada que primeiro nos conduz a Cemoro Lawang e depois pelo trilho que se precipita até à base da caldeira, realizando paragens em dois ou três miradouros que de diferentes perspectivas nos revelam o sempre impressionante retrato do monte Bromo. 



Empurrados pelo vento damos os primeiros passos nesta paisagem de aparência lunar que outrora foi um antigo super vulcão de proporções inimagináveis que após uma poderosa erupção acabou por colapsar, dando mais tarde origem a meia dúzia de outros cones mais modestos. Por nós vão passando homens que provavelmente habitam nas proximidades, alguns deles transportam sobre os ombros cestos de palha repletos de oferendas prontas a serem vendidas aos mais crentes, que num ritual que não chegámos a entender o significado serão lançadas ás entranhas do Bromo.
Cruzamo-nos ainda com cavalos de aspecto negligenciado que ali se encontram com o único propósito de carregar nas suas costas alguns turistas mais preguiçosos.





Antes de alcançarmos a gigantesca parede de cinzas que molda as vertentes do Bromo, passamos não só pelo Batok mas também por um modesto templo hindu.
Ainda que talvez se justificasse optamos por não parar, até porque o Bromo está ali a dois passos e perante tamanho entusiasmo não contemos a vontade de chegar perto daquele monstro fumegante.

Degrau após degrau galgamos a escadaria de pedra que agarrada à vertente do vulcão conduz os visitantes até ao limiar da cratera. As rajadas de vento voltam a  fazer-se sentir e para além de atrasarem a subida também trazem com elas uma densa nuvem de poeira que nos obriga a proteger o rosto e os olhos. Lemos algures que as cinzas vulcânicas podem ser perigosas se as inspirarmos e sem saber da veracidade desta informação o melhor mesmo é não arriscar.  





À chegada ao topo deparamo-nos com aquela que será certamente a mais perfeita definição de abismo. É realmente assustador!
Um estreito e pouco seguro trilho é tudo o que nos separa daquela espécie de poço sem fundo. O vento continua a não dar tréguas e embora nos tenhamos sentido tentados a fazê-lo, não arriscamos um passeio ao longo da orla do vulcão. 
Sentamo-nos num ponto que consideramos seguro e em silêncio contemplamos aquela paisagem avassaladora. 
Nada nos prepara para um momento destes!
Valeu a pena a noite mal dormida e o frio que nos fez tremer o corpo.

Com o dia plenamente ganho, regressamos ao alojamento e aproveitamos as horas  que nos restam para dar descanso ás pernas.  


INFORMAÇÕES ÚTEIS:

.COMO CHEGÁMOS A CEMORO LAWANG: 
Uma vez que o nosso ponto de partida foi a cidade de Yogyakarta, realizámos (numa primeira fase) a viagem de comboio até Surabaya, embarcando depois numa outra composição com destino a Probolinggo. Aí apanhámos uma van partilhada que nos deixou na área mais central de Cemoro Lawang. 

.TAXAS E PERMISSÕES PARA VISITAR O MONTE BROMO:
Para aceder ao Parque Nacional Bromo Tengger Semeru é necessário pagar uma taxa de entrada cujo valor varia consoante o dia da semana em que a visita acontecer. 
  • DIAS ÚTEIS (de 2° a 6 feira): 255.000 IDR
  • FINS DE SEMANA (sábado e domingo): 320.000 IDR
Ainda que algumas pessoas (mal intencionadas) possam tentar "sacar" aos visitantes um ou outro valor extra por uma qualquer taxa suplementar, é importante ter em conta que para além do valor pago para entrar no Parque Nacional Bromo Tengger Semeru não são necessárias outras permissões para visitar os miradouros ou aceder à cratera do Monte Bromo. 
.CONSULTE ESTE SITE PARA TER ACESSO A TODAS AS INFORMAÇÕES SOBRE TAXAS, HORÁRIOS E POSSÍVEIS ENCERRAMENTOS DO PARQUE

.ONDE DORMIMOS EM CEMORO LAWANG:
Por ser um dos principais destinos turísticos da ilha de Java a oferta de alojamento ao redor do monte Bromo, ainda que simples, é vasta e parece satisfazer todas as preferências e orçamentos. Durante a nossa visita ao Monte Bromo ficámos hospedados numa pequena e básica guesthouse, situada no coração de Cemoro Lawang, que sem proporcionar grandes luxos acabou por nos garantir uma estadia agradável. A Saputra View Bromo Guest House encontra-se no limite da grande cratera e a dois passos de algumas lojas e pequenos restaurantes (warungs). 

.COMO ACEDER À INTERNET NA ILHA DE JAVA E EM TODO O TERRITÓRIO INDONÉSIO:
Se for daquelas pessoas que não faz questão de estar ligado à internet em permanência, então a rede wifi do alojamento assim como dos bares, cafés e restaurantes que frequentar durante a sua estadia será certamente suficiente para as suas necessidades. No entanto, se fizer questão de se manter conectado ao mundo digital de forma frequente poderá fazer como nós e adquirir um prático e funcional eSim. Durante a nossa viagem pelo Sudeste Asiático usámos a Operadora Saily que mostrou estar sempre à altura das nossa exigências, mesmo em algumas regiões mais remotas. Se optar por esta solução utilize os nossos códigos (PAULAE8084 & JOAOEN5015) e consiga 5 USD de desconto na sua primeira compra.

.QUAL A MELHOR ALTURA DO ANO PARA VISITAR A ILHA DE JAVA:
A melhor altura do ano para visitar não só a ilha de Java mas também praticamente todo o território indonésio é entre os meses de Junho e Setembro, altura em que os dias são maioritariamente solarengos e a probabilidade de ocorrência de chuva é relativamente menor. Na Indonésia existem duas estações distintas: a estação das chuvas que ocorre entre Outubro e Abril e a estação seca que acontece entre Junho e Setembro. Tendo em conta que a ilha de Java se localiza numa região subtropical não é de excluir que, de forma ocasional, possam ocorrer perturbações climáticas que contrariem os padrões meteorológicos normais. 
.PARA SABER QUAL É A MELHOR ALTURA DO ANO PARA VISITAR, NÃO SÓ, AS DIVERSAS REGIÕES DA INDONÉSIA MAS TAMBÉM OS RESTANTES PAÍSES DO SUDESTE ASIÁTICO CLIQUE AQUI. 

.VISTO E FORMALIDADES FRONTEIRIÇAS PARA A INDONÉSIA: 
Para qualquer viagem de cariz turístico, os cidadãos portugueses não necessitam de visto para estadias inferiores a 30 dias. À sua chegada à Indonésia o visitante deverá estar munido de um passaporte com validade de pelo menos seis meses no qual, depois de pagar uma taxa Rp 500.000, será carimbada a devida autorização de entrada no país. Se tal como nós pretender permanecer por um período entre 30 e 60 dias deverá deslocar-se ao consulado da Indonésia ou realizar todo o processo através deste SITE. Este visto poderá ser prolongado duas vezes (por 30 dias cada) até um período máximo de 120 dias.

.CUIDADOS DE SAÚDE:
A ilha de Java é por norma um destino que não exige grandes preocupações a nível de saúde, contudo sugerimos a realização da consulta do viajante antes do inicio a viagem.



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