Pois bem, corria o ano de 1511, altura em que Ayutthaya era a capital do reino de Sião, quando Duarte Fernandes aqui chegou numa missão diplomática.
Os laços não só comercias mas também pessoais entre as duas partes foram-se cimentando ao longo dos tempos que se seguiram e como prova dessas boas relações o rei Ramathibodi II concedeu aos Portugueses algumas terras para que estes se estabelecessem. Este foi o primeiro passo para a criação da aldeia de Ban Protukét que acolheu a comunidade portuguesa até 1767, altura em que foi abandonada depois da capital ser invadida pelas tropas da Birmânia.
Desde a nossa primeira passagem por Bangkok em 2010 que havíamos ficado com vontade de conhecer as ruínas de Ayutthaya e agora, que tínhamos tempo para o fazer, não deixámos passar a oportunidade.
O dia começou bem cedo e numa altura em que o sol ainda não havia acordado, já nós seguíamos a bordo de um velhinho comboio que durante cerca de duas horas nos foi mostrando paisagens incríveis de uma Tailândia tão rural quanto encantadora.
A viagem passou a correr muito devido ao facto de termos usado uma boa parte do tempo para conversar com algumas pessoas que connosco dividiam aquela carruagem. É por nos dar a oportunidade de estar mais próximo das gentes locais que adoramos andar de comboio. Consideramo-lo o meio de transporte mais autêntico, onde facilmente se fazem "amigos" que, de uma ou outra forma, acabam por ajudar a escrever as páginas do nosso diário.
Em Ayutthaya, já no exterior da estação, traçámos, meio à pressa, um circuito que certamente nos permitiria conhecer os mais importantes templos e santuários da antiga capital do reino de Sião.
Depois da travessia e de uma curta caminhada chegámos ao Wat Phra Mahathat onde, à semelhança de muitos dos templos do complexo, foi necessário adquirir um ingresso para aceder ao interior do espaço. Este antigo mosteiro chegou em tempos a ser um dos mais importantes da capital e apesar do estado de ruína em que se encontra atualmente, não nos foi difícil imaginar a sua beleza nos seus anos de glória.
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Esta área é uma das mais visitadas de Ayutthaya e o local onde tivemos a oportunidade de estar frente a frente com uma das imagens mais conhecidas da Tailândia. O Wat Phra Mahathat tornou-se mundialmente famoso devido à árvore que ao crescer envolveu uma cabeça de Buda. Esta é uma das fotografias que aparece em muitos dos cartões postais do país.
Continuámos a visita, andámos um bom bocado por uma zona preenchida por pequenos templos e stupas e a certa altura avistámos o Wat Phra Ram, outro dos pontos de interesse assinalados na nossa lista. Quando nos aproximámos percebemos que a entrada ficava do lado oposto e ainda que tivéssemos ponderado dar a volta reparámos que o muro que protege o templo não tinha mais de dois palmos de altura. Sem grande dificuldades cruzámos aquela espécie de fronteira sem que ninguém nos tivesse feito qualquer reparo e no final acabámos por perceber que aquele pequeno "ilícito" involuntário nos permitiu poupar 100 THB.
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A próxima paragem estava ali, do outro lado da estrada. O Rihan Phramongkhon Bophit distingue-se facilmente de todos os outros templos uma vez que é o único edifício do parque que foi totalmente restaurado. Este bonito santuário alberga no seu interior um dos maiores Budas de bronze da Tailândia.
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Na altura em que Ayutthaya foi a capital do reino de Sião era no Rihan Phramongkhon Bophit que se realizavam as cerimónias de cremação da família real. A entrada é gratuita e além dos muitos turistas, o espaço é também muito visitado por fiéis que aqui se deslocam para realizar as suas orações.
Por se tratar de um dos maiores complexos existentes em Ayutthaya a visita tornou-se um pouco mais demorada. O espaço é composto por inúmeras estruturas religiosas de onde se destacam as bem conservadas Stupas situadas na parte central e sobre as quais dizem ter sido guardadas as cinzas de alguns dos governantes do antigo reino de Sião.
Numa altura em que o calor já se fazia sentir com alguma intensidade chegámos ao Wat Lokayasutharam, local onde um enorme Buda deitado parece receber os visitantes com um sorriso enigmático.
A nossa passagem por Ayutthaya estava a aproximar-se do fim mas antes de nos despedirmos queríamos obviamente ir conhecer a área onde os nossos antepassados se estabeleceram aquando da sua passagem pela região.
Por muito que quiséssemos prosseguir a pé sabíamos que esta seria uma ideia quase inconcebível, uma vez que o chamado Portuguese Settlement já se situa fora da ilha, a mais de oito quilómetros do ponto onde nos encontrávamos. A única solução era tentar arranjar uma boleia ou um tuk tuk que tivesse disposto a realizar a viagem por um preço aceitável.
Esta situação foi rapidamente resolvida. Após uma curta negociação e de exprimirmos os nossos desejos, um simpático senhor de tenra idade concordou em levar-nos ao local combinado, fazendo também uma pausa no imponente Wat Chaiwatthanaram.
Dez minutos foi o tempo que demorámos até chegar ao mais fotografado templo de Ayutthaya. Situado na margem do rio Chao Phraya, o Wat Chaiwatthanaram foi erguido entre 1630 e 1650, sendo a primeira grande construção a ser ordenada pelo Rei Prasat Thong.
Se momentos antes tínhamos ficado encantados com o Wat Phra Si Sanphet, o monumento que tínhamos agora diante nós deixou-nos literalmente sem palavras, especialmente no momento em que ficámos frente-a-frente com a incrível stupa central de 35 metros de altura.
Daqui seguimos finalmente rumo ás ruínas da antiga aldeia portuguesa (Ban Protukét) e ainda que seja um local que recebe poucos visitantes, ficámos contentes por testemunhar que o pouco que resta da presença lusa em Ayutthaya se encontra num aceitável estado de conservação.
No local existe também uma igreja que segundo percebemos foi erguida num período posterior e que no seu interior não possui qualquer altar, nem santos nem nada daquilo que normalmente estamos habituados a ver num templo cristão.
Nesta mesma área ainda é possível visitar um antigo cemitério que, segundo as indicações ali presentes, contém diversas ossadas de alguns dos "nossos" antepassados".
O dia de hoje correu bem e ainda que nos encontrássemos do outro lado do mundo fomos invadidos por um agradável sentimento de ter diante nós um pedaço importante da nossa história.
Daqui seguimos finalmente rumo ás ruínas da antiga aldeia portuguesa (Ban Protukét) e ainda que seja um local que recebe poucos visitantes, ficámos contentes por testemunhar que o pouco que resta da presença lusa em Ayutthaya se encontra num aceitável estado de conservação.
Nesta mesma área ainda é possível visitar um antigo cemitério que, segundo as indicações ali presentes, contém diversas ossadas de alguns dos "nossos" antepassados".
O dia de hoje correu bem e ainda que nos encontrássemos do outro lado do mundo fomos invadidos por um agradável sentimento de ter diante nós um pedaço importante da nossa história.
Porque viajar também pode ser ir ao encontro do que é nosso, certo?
INFORMAÇÕES ÚTEIS:
.COMO CHEGÁMOS A AYUTTHAYA DESDE BANGKOK:
Por se tratar de um local de extrema importância histórica percebemos que seria muito fácil chegar a Ayutthaya a partir de um tour organizado comprado numa das muitas agências de viagem situadas na zona de Khao San Road. Contudo optámos por visitar este local por conta própria uma vez que desta forma poderíamos gerir não só o nosso tempo como as nossas vontades. Para chegar a Ayutthaya desde Bangkok apanhámos um comboio na estação de Hua Lamphong que em cerca de duas horas nos transportou desde a capital da Tailândia até bem perto da zona arqueológica. O bilhete foi comprado no próprio dia e teve um custo de 20THB (preço por trajeto em classe económica).
.COMO NOS DESLOCÁMOS NA ZONA ARQUEOLÓGICA:
À chegada a Ayutthaya tivemos de decidir como iríamos fazer para nos deslocarmos uma vez que o complexo arqueológico se estende por uma área relativamente grande. No exterior da estação fomos de imediato abordados por alguns condutores de Tuk Tuk mas o preço (mesmo depois de alguma negociação) pareceu-nos um pouco exagerado. Reparámos também em vários locais nos quais seria possível alugar bicicletas. Depois de alguma ponderação (mesmo tendo conhecimento das alternativas acima indicadas) achámos que seria viável realizar o percurso a pé. Desta forma conseguiríamos também controlar não só o nosso ritmo mas também a vontade de permanecer mais ou menos tempo em determinados monumentos. Só na parte final da visita (perto do Wat Lokayasutharam) é que apanhámos um Tuk Tuk que nos levou primeiro até ao Portuguese Settlement e depois ao imponente Wat Chaiwatthanaram. O regresso à estação ferroviária foi também realizado a bordo deste Tuk Tuk.
.HORÁRIOS E CUSTO DA VISITA À ZONA ARQUEOLÓGICA DE AYUTTHAYA:
- HORÁRIOS: A maioria dos Templos de Ayutthaya estão abertos entre as 8:00 e as 17:30.
- INGRESSOS: Não existe um bilhete combinado que permita visitar toda a zona arqueológica de Ayutthaya. Os ingressos para aceder aos templos e outros monumentos históricos são adquiridos separadamente antes de aceder aos mesmos. Na altura em que realizámos a visita o preço era de 50THB.
.QUAL A MELHOR ALTURA DO ANO PARA VISITAR AYUTTHAYA:
Ainda que as monções na Tailândia não se façam sentir com muita intensidade, achamos que a melhor altura do ano para visitar Ayutthaya assim como Bangkok é entre Novembro e Março. Se para além destas zonas quiser também viajar para as Ilhas Phi Phi, Krabi, Railay, Chiang Mai e toda as regiões situadas ao longo da costa Ocidental (Mar de Andaman) deverá contudo tentar evitar o período que se estende entre Abril e Outubro uma vez que o risco de ocorrência de chuva é significativamente maior nesta altura.
.VEJA AQUI QUAL É A MELHOR ALTURA DO ANO PARA VISITAR NÃO SÓ AS OUTRAS REGIÕES DA TAILÂNDIA MAS TAMBÉM DO SUDESTE ASIÁTICO
Adorei ver essas fotos. Cheguei aqui pq hoje simplesmente to ouvindo bon jovi sem parar por umas 4 horas. hehe.
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